quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Ordem dos Médicos apela a “revisão urgente” da organização do combate à pandemia

O bastonário da Ordem do Médicos e o presidente do Colégio da Especialidade de Medicina Geral e Familiar apelam a uma “revisão urgente da organização do combate à pandemia” e a um reforço dos cuidados de saúde primários, propondo dez medidas para melhorar esta resposta. Uma das medidas consiste no “regresso em pleno” dos médicos de família aos centros de saúde.

Num documento conjunto que resultou da colaboração de diversos profissionais, a Ordem dos Médicos salienta que apesar de a pandemia ainda não ter terminado e de o número de casos continuar a aumentar, “não podemos negar que vivemos, graças à elevada taxa de vacinação, uma fase diferente da Covid-19” e, por isso, “não é compreensível que deixemos passar mais um dia que seja com os médicos de família ocupados com várias tarefas no âmbito da covid-19 e com excesso de burocracia e tarefas administrativas”
Desta forma, uma das medidas elencadas no documento consiste precisamente na eliminação da “necessidade de presença física de um médico de família nos Centros de Vacinação, dado o conhecimento atual sobre as vacinas, bastando a presença de um médico com treino em medidas de suporte de vida para avaliar e orientar as intercorrências verificadas”.

A Ordem dos Médicos e o Colégio da Especialidade de Medicina Geral e Familiar defendem também que todos os profissionais das unidades de saúde familiar e das unidades de cuidados de saúde personalizados (médicos, enfermeiros e assistentes técnicos) “regressem aos respetivos locais de trabalho e retomem a normal atividade assistencial, incluindo a doença aguda respiratória”.

A terceira medida enumerada no documento consiste na eliminação da estrutura dos ADR (Áreas Dedicadas para Doentes Respiratórios), defendendo que, "excecionalmente e quando o contexto local assim obrigue", os agrupamentos de centros de saúde podem criar "unidades assistenciais suplementares de resposta à doença aguda, com recursos humanos próprios ou em regime de horário extraordinário".

Os médicos pedem ainda que sejam implementados automatismos com recurso a tecnologias de informação e comunicação, nomeadamente nas declarações de isolamento das pessoas infetadas com a covid-19. “Precisamos de um efetivo automatismo nas declarações de isolamento, por exemplo, que continuam a registar dúvidas e constrangimentos que acabam por desembocar nos centros de saúde”, defende o presidente do Colégio de Medicina Geral e Familiar, Paulo Santos. “Ao final de dois anos de pandemia, nem os registos estão uniformizados, mantendo duplicações de informação como as que derivam do SINAVE Med e o SINAVE Lab”, exemplifica Paulo Santos.

Num comunicado da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães sublinha ainda a necessidade de "uma comunicação efetiva entre as diversas estruturas do Ministério da Saúde com rigor e transparência, garantindo um discurso homogéneo e claro, incluindo a otimização das aplicações informáticas disponíveis".

No documento conjunto, a Ordem dos Médicos pede ainda uma revisão e atualização das orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS) e o reforço da capacidade de resposta da linha SNS24.

A implementação de uma “avaliação clínica personalizada, com registo no processo clínico eletrónico, eliminando os procedimentos relacionados com a aplicação Trace Covid-19, e a promoção de "uma campanha de publicitação das medidas de auto-cuidado para as pessoas infetadas por SARS-CoV-2 e respetivos contactos, promovendo a capacitação para a gestão da doença", são outras medidas sugeridas.

RTP Notícias

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