quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Quarentena tornou as mulheres mais vulneráveis à violência na Venezuela


A quarentena tornou as mulheres mais vulneráveis à violência de género, alertou hoje a embaixadora da União Europeia na Venezuela, a portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa.

A violência de género aumentou durante os meses de confinamento, reforçou a situação de isolamento em que vivem milhares de mulheres com os seus agressores e também têm mais dificuldade de acesso a recursos de proteção e serviços de apoio", disse.

A posição da embaixadora da EU foi divulgada através de um comunicado que assinala o Dia Internacional da Eliminação da Violência contra a Mulher, no qual explica ainda que "as consequências sanitárias e socioeconómicas da crise da covid-19 são particularmente devastadoras para as meninas e mulheres, especialmente as que em muitos casos dependem financeiramente de seus parceiros".

Trata-se de "um fenómeno amplo, e mulheres e meninas são vítimas de violência em casa, no trabalho, escolas e universidades, na rua e, cada vez mais, na internet por meio da violência cibernética e do incitamento ao ódio".

Segundo a diplomata "assumindo uma dimensão global, com estatísticas assustadoras, um terço das mulheres sofreu algum tipo de violência física ou sexual em algum momento da sua vida", na Europa, "apesar do compromisso de erradicar todos os tipos de violência, ainda estamos longe de vencer este desafio".

Por outro lado, precisa que a América Latina é uma região com números "alarmantes" e que dados da Comissão Económica para a América Latina e as Caraíbas (CEPAL) dão conta que até novembro de 2019 "3.800 mulheres morreram justamente por causa dessa condição (ser mulher)".

No caso da Venezuela, explica, os assassinatos de mulheres "são uma realidade dolorosa e uma notícia muito frequente na imprensa".


"Sem números oficiais recentes, o trabalho das organizações e da imprensa é muito importante como mecanismo de denúncia, e estima-se que entre janeiro e setembro de 2020, 195 mulheres tenham sido assassinadas no país, em média 5 cada semana", afirma.

"É imprescindível construir entre todos uma sociedade atenta e sensibilizada para este problema, pois existem silêncios que oprimem e matam, e que esteja fortemente empenhada em promover a educação para a igualdade como base para eliminar a violência de género", explica.

A embaixadora alerta que a agenda para 2030, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, "está longe de ser alcançada em muitos países" apesar de desenvolvimentos e esforços de políticas públicas.

"As meninas recebem menos educação a distância do que os meninos, têm 17% menos acesso à Internet e 26% menos acesso a tecnologias de telefonia móvel. Os empregos das mulheres são 1,8 vezes mais vulneráveis a ser eliminados e (...) o fenómeno da 'feminização da pobreza' se intensificará, como manifestação da violência socioeconómica sob os efeitos da pandemia (da covid-19)".

Por outro lado, sublinha que, na Venezuela, a UE está empenhada em trabalhar "para reforçar os serviços às vítimas e familiares, abordando as causas profundas da violência e promovendo o empoderamento, desenvolvimento e educação das mulheres" sendo necessário um compromisso firme ao nível institucional, internacional, da sociedade civil e da população.

"Priorizamos projetos de cooperação com foco no empreendedorismo e no empoderamento económico das mulheres, para promover o direito à saúde sexual e reprodutiva, em resolver o problema da gravidez precoce e fornecer assistência jurídica e psicológica para vítimas de violência. Também para empoderar e dar voz às mulheres defensoras dos Direitos Humanos", explica.

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