sábado, 15 de julho de 2017

Eu, Psicóloga: Mas afinal, o que é "autoestima" ?

Ter a auto-estima elevada pode fazer a diferença na vida de uma pessoa. Essa é a afirmação que vemos em palestras, vídeos, livros e programas de televisão onde o bem-estar, a qualidade de vida e os relacionamentos interpessoais são enfocados. Mas o que se torna difícil de entender e quase sempre não é explicitado é: O que é exatamente isso que chamamos auto-estima? O que determina uma baixa auto-estima? O que posso fazer para ter uma boa ou elevada auto-estima?

Essas questões não são de fácil resposta, mas vamos tentar abordá-las ao longo deste texto.
O que é auto-estima? Alguns autores e a maioria dos leigos diz: É gostar de si mesmo, valorizar-se! Outros dirão: É ter uma opinião positiva de si mesmo, ter uma boa imagem de si. Há quem defenda: É ser confiante, acreditar em si e em sua capacidade. E se pedimos para explicarem melhor estas afirmações e fazerem uma diferenciação entre amor-próprio, auto-conceito, auto-imagem, auto-confiança e auto-estima, parece difícil. 

Mas, vamos tentar facilitar isso tudo, até porque as afirmações acima não estão erradas ao definir auto-estima, mostram-se, talvez, incompletas. Acredito ser uma definição mais adequada apresentarmos auto-estima como a opinião acerca de si (auto-conceito), somada ao valor ou sentimento que se tem de si mesmo (amor próprio, auto-valorização), adicionado a todos os demais comportamentos e pensamentos que demonstrem a confiança, segurança e valor que o indivíduo dá a si (auto-confiança), nas relações e interações com outras pessoas e com o mundo. Então, não estamos falando apenas de um sentimento que temos por nós mesmos. Mais que isso, estamos falando de pensamentos e comportamentos que temos relacionados a nós mesmos.

O que determina uma baixa auto-estima? O que fizemos ou fazemos para que o sentimento e as atitudes que temos conosco tornem-se tão negativos ou tão baixos, diminuindo-nos?

Os estudos sobre auto-estima apontam em sua extensa maioria para influências presentes em nossa infância (Rosenberg, 1983 e Coopersmith, 1967). Coopersmith, que realizou um amplo estudo sobre auto-estima, aponta como fatores importantes na construção da auto-estima: “a) o valor que a criança percebe dos outros em direção a si, expresso em afeto, elogios e atenção; b) a experiência da criança com sucessos ou fracassos; c) a definição individual da criança de sucesso e fracasso, as aspirações e exigências que a pessoa coloca a si mesma para determinar o que constitui sucesso; e, d) a forma da criança reagir a críticas ou comentários negativos.” (Gobitta & Guzzo, 2002 )

Podemos de forma mais abrangente apontar situações que, quando presentes na vida de uma pessoa, são precipitadoras e/ou mantenedoras de uma baixa auto-estima, tais como: críticas, rejeições, humilhações, abandono, desvalorizações e perdas. Importante frisar que a construção dessa percepção negativa de si mesmo é resultado de interações sociais (familiares, escolares, profissionais, entre outras…). Nelas a pessoa vivencia situações onde é colocada numa posição de sentir-se inferiorizada e de menor valia.

Coopersmith(1967) afirma, ainda, que “… crianças não nascem preocupadas em serem boas ou más, espertas ou estúpidas, amáveis ou não. Elas desenvolvem estas idéias. Elas formam auto-imagens… baseadas fortemente na forma como são tratadas por pessoas significantes, os pais, professores e amigos”, e eu complementaria dizendo que elas também passam a se comportar, a agir consigo e com as pessoas baseadas nestas experiências.

Então, o que alguém pode fazer para ter uma boa ou elevada auto-estima?

Comecemos com orientações de Coopersmith, para as crianças e os pais:

a) experimentar uma total aceitação de seus pensamentos, sentimentos e valores pessoais;
b) estar inserida num contexto com limites claramente definidos, desde que sejam justos e não opressores;
c) os pais não usarem de autoritarismo e violência para controlar e manipular a criança, bem como não humilhar, nem a ridicularizar; e,
d)os pais devem apresentar um alto nível de auto-estima, pois eles são exemplos vivos do que a criança precisa aprender.” (Gobitta & Guzzo, 2002 )

Complemento com dicas que servem a todos:

1) buscar o autoconhecimento, pois ele permite entender e identificar o que acontece que te faz sentir-se menos valorizado. Ou seja, quais fatos ocorreram (ou ocorrem) em sua vida que geram sentimentos de impotência, tristeza, ansiedade e/ou menos valia;

2) A partir desse levantamento do fato ou dos fatos, encontrar maneiras alternativas de agir naquela situação, para não ser tomado pelos sentimentos. Um exemplo seria a pessoa descobrir seus “pontos fracos” e saber que ela poderá ser criticada por eles, e assim agir sobre eles fazendo cursos, aprendendo com outros ou exercitando mais aquela habilidade;

3) Identificar suas qualidades não apenas os defeitos, isso facilita o engajamento em tarefas onde suas características positivas possam ser realçadas, o que nos leva ao próximo item;

4) Engajar-se em atividades mais prazeirosas ou onde se tem um bom desempenho e se é valorizado. Assim, fortalece-se a auto-estima, não pela superação de um problema, mas pelo aumento de atividades que produzam coisas boas si e validem o que se é e o que se faz;

5) Valorizar a si mesmo e sua individualidade empenhando-se em atividades que lhe tragam felicidade, seja cuidar de forma física (melhor auto-imagem), dançar, ler um bom livro, permitir-se ser cuidado, amado e sentir-se especial.

Os benefícios para si tanto na vida pessoal, relacionamento afetivos, familiares, quanto na vida profissional são grandes. Lembre-se de quem deve ser a pessoa mais especial e importante no mundo, você!

Referências:
Coopersmith, S. (1967). The antecedents of self-esteem.San Francisco: Freeman
Gobitta, M. and Guzzo, R. S. L. (2002) Estudo inicial do inventário de Auto-Estima (SEI): Forma A. Psicologia Reflexão Critica , vol.15, no.1
Rosenberg, M. (1979). Conceiving the self. New York: Basic Books.

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