quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Míssil sobre o Japão é só “o primeiro passo” contra alvos no Pacífico, avisa Kim Jong-un

Míssil sobre o Japão é só “o primeiro passo” contra alvos no Pacífico, avisa Kim Jong-un

A Coreia do Norte anunciou esta quarta-feira que o míssil lançado contra o Mar do Japão, o primeiro a sobrevoar o território nipónico desde 2009, foi "o primeiro passo para operações militares no Pacífico”. Kim Jong-un deu a entender que está a preparar mais testes e repetiu a ameaça de ataque à ilha norte-americana de Guam. A ameaça surgiu depois de os membros do Conselho de Segurança da ONU terem condenado fortemente o lançamento do míssil por parte da Coreia do Norte.

Reunidos a noite passada de emergência, os 15 membros do Conselho dizem que Pyongyang está deliberadamente a pôr em risco a paz e estabilidade da região. Já a China e a Rússia defendem que os EUA devem abandonar o sistema de defesa antimíssil que têm na Coreia do Sul.

Horas depois desta reunião à porta fechada, a Coreia do Norte deixou um novo aviso aos EUA e aos seus aliados no Pacífico, dizendo que o lançamento de um míssil que sobrevoou o território do Japão é apenas “o primeiro passo para operações militares no Pacífico”, nomeadamente, de mais ações militares dirigidas a Guam, o território norte-americano no Pacífico, revela a BBC.

Segundo a agência de notícias oficial norte-coreana, o líder Kim Jong-un deu a entender que está a preparar mais testes de mísseis balísticos. A ameaça a Guam não é nova. A ilha é descrita pela imprensa do país como "uma base avançada para a invasão" da Coreia do Norte pelos EUA e os seus aliados.

Entretanto, o Conselho de Segurança da ONU pediu a todos os Estados que implementem sanções ao regime de Pyongyang. A embaixadora dos Estados Unidos na ONU diz que a Coreia do Norte tem de reconhecer o perigo que está a causar e adianta que Washington não vai permitir mais ilegalidades.

"O Conselho de Segurança condena veementemente o míssil balístico lançado pela República Democrática Popular da Coreia que sobrevoou o Japão, assim como múltiplos outros lançados em 25 de agosto de 2017", refere o texto aprovado pelos 15 membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, incluindo a China, aliada de Pyongyang.

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, admitiu que o lançamento do míssil norte-coreano "violou as resoluções das Nações Unidas e minou os tratados de não proliferação".

"A China não é a favor e estamos trabalhando com outros membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas", afirmou Wang.

O ministro chinês realçou que a China e Coreia do Norte "são vizinhos e têm uma velha amizade", mas disse que Pyongyang "violou as resoluções e, por isso, como membro permanente do Conselho de Segurança e país importante e responsável, a China deve tomar uma posição clara". O ministro apelou ainda "a todas as partes para que não empreendam ações que resultem numa escalada de tensões".

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying, disse que a situação na Península Coreana se está a “aproximar de um ponto crítico” e pediu a abertura de um processo de diálogo.

Também o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Riabkov, disse que “Estamos extremamente preocupados com o desenvolvimento geral” da situação na península.
Ameaça a todos os Estados-membros
A passagem do míssil sobre a ilha de Hokkaido, onde os EUA e o Japão estão a conduzir exercícios militares conjuntos há uma semana, levou as autoridades nipónicas a emitirem alertas à população para que procurassem abrigos seguros, com o Governo de Shinzo Abe a denunciar uma "ameaça sem precedentes".

Em comunicado, o Conselho avisou que os programas militares da Coreia do Norte representam uma ameaça a todos os Estados-membros da ONU e exigiu ao país que suspenda todos os seus testes de mísseis, sem contudo prometer mais sanções contra Pyongyang à semelhança das várias que têm sido aprovadas nos últimos meses.

Esta quarta-feira, à chegada a Tóquio para uma visita oficial, de três dias, a primeira-ministra britânica, Theresa May, pediu à China que aumente a pressão sobre a Coreia do Norte, sublinhando que Pequim deve desempenhar um papel preponderante na resposta da comunidade internacional à "provocação imprudente" de Kim Jong-un.

A agência estatal norte-coreana admitiu esta quarta-feira que o lançamento do míssil Hwasong-12 teve uma trajetória "deliberada" para cruzar o território japonês. Defendeu ainda que o lançamento foi uma resposta direta aos exercícios militares EUA-Coreia do Sul.

A mesma agência revelou ainda que o lançamento aconteceu para marcar o 107.º aniversário do tratado Japão-Coreia, que viu as forças nipónicas anexarem a península coreana.


c/agências
Idem RTP

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