Cantanhede foi palco do V Encontro de ex-colaboradores da TIMEX Portugal Lda, a conhecida fábrica que operou em Portugal a partir de 1970 e onde começou a produção de relógios nas instalações da Caparica.
Após um conturbado processo na sequência dos acontecimentos que se seguiram ao 25 de Abril, a mesma quase desapareceu, mas no início dos anos 80, já sob a liderança de António Gomes, viria a ganhar uma nova vida e um papel de destaque na revolução tecnológica que nos colocou o computador em casa.
O computador em questão foi o ZX Spectrum, criado originalmente pela empresa inglesa Sinclair Research de Sir Clive Sinclair e que contou com a TIMEX como parceiro para a sua produção. Inicialmente a partir da fábrica de Dundee, na Escócia, onde estavam maioritariamente focados no fornecimento para o mercado britânico, mas cedo também na fábrica de Portugal, onde foi montada uma equipa de engenharia, que produziu e desenvolveu muito do que tornou a TIMEX conhecida neste domínio.
Foram períodos vibrantes aos quais os ex-colaboradores se costumam referir como “a melhor empresa das suas vidas”. Talvez por isso tenham já realizado alguns encontros ao longo dos anos para matar saudades e recordar esses tempos.
O Museu LOAD ZX Spectrum, na pessoa do seu fundador e curador, João Diogo Ramos, foi convidado a participar no IV Encontro que decorreu na Caparica. Nesse evento foi anunciado o V Encontro a realizar no Museu, em Cantanhede, a 11 de Setembro de 2022. E foi assim que nesta data, numa visita reservada apenas aos participantes no evento, se deu a conhecer o Museu e se homenageou os que contribuíram para toda a temática aí estudada.
As boas-vindas ficaram a cargo do vice-presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, Pedro Cardoso, que destacou algumas das singularidades do concelho e “a importância do museu enquanto polo de atratividade da cidade e do concelho, um projeto inovador e com enormes potencialidades do ponto de vista museológico e científico, e onde queremos, desenvolver a dimensão educativa, com a exploração de múltiplas atividades pedagógicas e didáticas”.
O dia foi recheado de inúmeras surpresas, incluindo a presença de colaboradores que residem no estrangeiro há muitos anos, como o caso do ex-diretor comercial, Luís Bandeira.
O Museu LOAD aproveitou para mostrar, em primeira mão, uma nova ala, nomeadamente uma sala multiusos e de exposições temporárias cuja base será um complemento às criações da Sinclair e da TIMEX, bem como outras empresas históricas portuguesas como a S.G.O., Landry, Triudus ou J.G. Componentes, entre várias outras.
A sala, que se prevê abrir ao público em outubro aquando do aniversário do museu, foi batizada de “Rosalina Alves”, em homenagem à colaboradora da TIMEX que mais se tem destacado neste processo de reencontro e levantamento histórico. Não deixa, no entanto, de ser uma homenagem extensível a todos os que de alguma forma se apropriam e contribuem para o evoluir do museu.
Em paralelo, decorreu uma visita ao Museu da Pedra, onde afinal todo este projeto se iniciou em 2019 com uma exposição temporária bem-sucedida. Neste espaço museológico decorreu ainda uma surpresa, a cargo da Adega de Cantanhede, que proporcionou a degustação de alguns dos néctares premiados da região.
Já após o almoço, os ex-funcionários da TIMEX entregaram uma placa de homenagem a João Diogo Ramos pelo trabalho no museu e na divulgação do contributo da TIMEX Portugal no desenvolvimento das tecnologias da informação.
João Diogo Ramos lembrou, a propósito, que “o museu é uma forma de dizer obrigado a todos os presentes e que se alguma vez houve dúvidas do porquê de criar um museu destes em Portugal, está inequivocamente confirmada a sua pertinência. Não iremos ficar por aqui”.
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