sábado, 27 de agosto de 2016

PORTUGAL É UMA “BOMBA RELÓGIO À ESPERA DA REVISÃO DO RATING”


 
Mário Cruz / Lusa
O ministro das Finanças, Mário Centeno, com o primeiro-ministro, António Costa, no Parlamento
O ministro das Finanças, Mário Centeno, com o primeiro-ministro, António Costa, no Parlamento
A possível descida do rating de Portugal na DBRS, no próximo mês de outubro, é uma “bomba relógio” prestes a rebentar de novo na sociedade portuguesa, diz esta sexta-feira site espanhol de notícias de economia El Economista.
Num artigo publicado esta sexta-feira, o El Economista considera que Portugal está à beira de causar um “novo episódio de crise” na Europa com a necessidade de sanear e capitalizar a Caixa Geral de Depósitos e a possível descida do rating do país na DBRS.
A CGD, que já tinha recebido 900 milhões de euros do Estado, vai agora receber um aumento adicional de capital, no valor de 2.700 milhões de euros – cerca de 4.000 milhões de euros, que representam2,2% do PIB, nota a publicação.
“A economia portuguesa é das mais pequenas de Europa, o seu PIB não chega a 180.000 milhões de euros, e o sector bancário tem uma taxa de crédito em incumprimento que representa 2% do total do crédito em mora de toda a Europa”, realça o El Economista.
Este é “um novo episódio na história bancária dos nossos vizinhos“, refere o autor da análise, o economista e professor de finanças Miguel Ángel Alonso.
“A Europa impôs a Portugal a venda do Banif ao Santander, e o governo perdeu 3.000 milhões de euros – 1,7% do PIB”, recorda o economista.
“O Novo Banco, antigo Banco Espírito Santo, tem uma venda pendente que vai acarretar novamente perdas substanciais”, acrescenta.
O artigo, com o título “Portugal: exemplo de políticas populistas“, relembra que até 2011 Portugal tinha aumentado expressivamente a despesa pública, “o que é altamente criticável”, e  levou a uma enorme expansão da dívida pública, actualmente cifrada em 130% do PIB.
As perspectivas de evolução da economia portuguesa são alarmantes, nota a publicação, que recorda que há apenas uma agência de rating que mantém a nota de Portugal “acima de lixo”.
“As três principais agências de rating colocam a dívida portuguesa como lixo e há apenas uma agência de rating, a DBRS que mantém a sua nota: BBB”.
É apenas graças à DBRS que as emissões de dívida portuguesas podem ser adquiridas pelo BCE, realça o El Economista.
Segundo a publicação, os dados económicos colocam Espanha, Irlanda e Chipre na vanguarda do crescimento na Europa, enquanto a Grécia e Portugal ainda não estão a recuperar da crise de forma sustentada.
O artigo critica a actual política económica portuguesa, referindo “o aumento do salário mínimo, o aumento das pensões, a eliminação de impostos, o aumento acentuado dos apoios sociais”, e “medidas populistas com funcionários públicos” como responsáveis
Miguel Ángel Alonso junta a estas “nefastas medidas” os problemas com o sistema bancário, a queda das exportações e a possível revisão em baixa do rating da dívida, e não tem dúvidas no prognóstico: há “uma bomba-relógio prestes a rebentar outra vez na sociedade portuguesa”.
Esta não é a primeira vez que a analogia é usada para descrever as perspectivas de evolução da economia portuguesa.
Há cerca de um ano, também o conceituado analista financeiro britânico Matthew Lynn retratava Portugal como uma bomba-relógio à espera de rebentar.
Mas, teimosamente, o país (ainda) não explodiu.
AJB, ZAP

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