domingo, 4 de fevereiro de 2018

Evangelho Não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita

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“Não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita.” Depois de um tempo sem ler o Sermão da Montanha, quando leio novamente parece que está cheio de novidades. Foi Ghandi quem disse que, se por uma desventura qualquer, se perdessem todos os livros sagrados do mundo e restasse só o Sermão da Montanha, nada teria se perdido. Está tudo lá.
“Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu.
Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita. Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido, recompensar-te-á.”

Mão boaNão saiba a tua mão esquerda o que faz a direita

Já vi muitas pessoas de boa vontade, daquelas que oferecem ajuda, que se dispõe a auxiliar. Convivi com pessoas solícitas, a quem era possível pedir favores sabendo que seria atendido. Conheço pessoas que se destacam por serem prestativas, pró-ativas, buscam soluções antes dos problemas ocorrerem, sempre prontas a colaborar. São atitudes admiráveis que ainda estou longe de conquistar. Aprecio muito pessoas assim.
É pena que algumas dessas pessoas, com a mesma intensidade com que disponibilizam seus préstimos, exigem reconhecimento e louvores. Esperam recompensa, em forma de elogios e afagos em seus egos. São aqueles a quem Jesus se referia. Os que fazem boas obras diante dos homens para serem vistos por eles. Fazem um favor e “tocam trombeta” para que todos vejam como são solícitos e prestativos. Desse modo, segundo Jesus, eles já receberam a sua recompensa.
Por que Jesus chamou a atenção para este fato? Eu sempre achei mais meritório alguém que faz um bem, mesmo que com ostentação, do que quem não faz bem nenhum. Para quem recebe um favor, às vezes pouco importa se quem o fez quer aparecer ou não. Para quem tem fome não importa se quem deu um pedaço de pão fez isso por ostentação, pra aparecer, pra ser reconhecido. Um pedaço de pão é um pedaço de pão. Um pedaço de pão mata a fome. E o que ele precisava era matar a fome.
Mas esse fazer bem esperando recompensa, esperando elogio e reconhecimento e paparicação, não é um bem verdadeiro. Ele é uma ação transitória, quem o fez não o carrega consigo. O bem só é bem se não espera nada em troca. O bem só é bem quando é sincero. “Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita. Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido, recompensar-te-á.” Quando fazemos o bem, seja um favor, um serviço, um gesto, uma oração, devemos fazê-lo em segredo, de nós para nós, como algo íntimo e espontâneo. O Pai, que vê escondido, é a nossa consciência. Nossa consciência é a parte de Deus que nos cabe, é Deus que se manifesta através de cada um de nós. Nossa consciência está sempre observando, nada escapa a ela.
Não há bem-estar íntimo se o bem não foi sincero, espontâneo,  puro, sem esperar nada em troca. O bem que se faz esperando algo em troca também produz coisas boas. Mas quem fez esse bem colhe a sua recompensa através do reconhecimento de quem recebeu o favor ou de quem presenciou o favor. E se a pessoa que fez o bem não recebe nenhum reconhecimento, nenhum elogio, nenhuma bajulação, se revolta, desanima e acha que não vale a pena ajudar ninguém, porque são todos uns mal-agradecidos. É que ela faz o bem em troca do prazer gerado pelo reconhecimento.
O único bem real, verdadeiro, íntegro, é o bem que se pratica espontaneamente, sem calcular, sem nem ao menos perceber que se está fazendo um bem. Esse fica registrado pela consciência. Este nos dá a paz, a sensação maravilhosa do dever cumprido, a alegria de existir, a gratidão a Deus que sempre nos dá novas chances de nos redimirmos permitindo a Sua manifestação através de nós.






Fonte: Espírito Imortal


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