segunda-feira, 14 de junho de 2021

Católicos norte-americanos se unem em associações para defender sua fé

 

  • Plinio Maria Solimeo

Em nossos conturbados dias está cada vez mais difícil criar a família segundo os preceitos tradicionais da Igreja Católica. A degradação moral, tanto da religião quanto da família e dos costumes em geral tornam quase impossível manter-se fiel a esses preceitos sem que haja interferência do governo, da pressão do lobby homossexual, da teoria de gênero, enfim, do “politicamente correto”.

Em resposta a esses desafios impostos pela cultura secular, alguns pais de família se viram obrigados a optar por matricular seus filhos em escolas católicas mais conservadoras, ou a educá-los em casa. Por isso é cada vez maior o número dos que estão considerando mesmo a opção de se mudarem com suas famílias para alguma parte do país em busca de uma comunidade onde a fé seja respeitada e nutrida, em algum local mais tradicional no qual seus filhos possam receber uma boa orientação religiosa e cultural, onde as pessoas compartilhem sua fé e os valores católicos de sempre.

Um desses polos aglutinadores é o da paróquia de Nossa Senhora do Rosário [foto], em Greenville, na Carolina do Sul. Ele está atraindo famílias das mais variadas partes do país, num movimento a que chamam de “Relocatio”, neologismo para significar “localizar-se de novo”, ou seja, mudar de rumo ou mesmo de cidade e Estado. O fato de que agora se tem de trabalhar em casa usando a Internet facilitou muito essas mudanças.

Só em abril deste ano, 14 novas famílias de 11 estados diferentes se “relocalizaram” em Greenville, para gozarem dos benefícios dessa paróquia e de sua escola. E muitas outras estão a caminho.

O que atrai tantos católicos à igreja Nossa Senhora do Rosário e à sua escola?

Alguns dos novos frequentadores da paróquia ficaram sabendo de sua existência pelo blog do seu vigário, Pe. Dwight Lognecker, palestrante proeminente e muito conservador. Outros ficaram impressionados sabendo que em 2019 a paróquia dedicou uma nova bela igreja num estilo tradicional, o românico.

Mas, sobretudo, o que atrai as famílias é o fato de a escola estar ligada à Igreja. Em sua home-page pode-se ler:

“Sob o patrocínio da Bem-Aventurada Virgem Maria, a missão da Escola Católica Nossa Senhora do Rosário é apoiar os pais no seu papel de educadores primários dos filhos. Nosso rigoroso treinamento clássico extrai dos alunos o desejo natural de sabedoria e virtude. Ao promover o amor pela verdade, beleza e bondade, buscamos formar discípulos de Jesus Cristo, libertos para realizar todo o seu potencial, vivendo com alegria de acordo com a verdade revelada por Deus através da natureza e da Igreja Católica” (grifo nosso).

A família Dardis foi uma das atraídas por Nossa Senhora do Rosário. Ela se mudou para Greenville após cruzar todo o país. Um dos fatores de sua decisão foi o fato de a cidade em que morava ter-se tornado a de maior população de moradores de rua per capita dos EUA, com infinidades de barracas, agulhas de droga nas calçadas, sem falar de toda a agitação que faziam. Como a família é católica conservadora, encontrou na Internet o site daquela paróquia e resolveu mudar-se.

O casal Pat e Michelle Langowski teve razões parecidas:

“Não gostamos da forma como o lugar em que morávamos estava mudando, e começamos a ver essas mudanças afetando nossos filhos e seu aprendizado. O foco parecia cada vez menos em educação de qualidade e bons valores, e mais em promover uma agenda específica”; quer dizer, ideologizada. Por isso, diz Michelle: “Tomamos a decisão de mudar nossa família (avós também) para o outro lado do país, para morar em um lugar onde as pessoas não tivessem que pedir desculpas por serem católicas”. […] Além disso, temos a confiança de saber que nossos filhos estão recebendo uma educação de qualidade, clássica e autenticamente católica. Sabemos que frequentam uma escola onde os valores católicos são explicados e celebrados. Vemos que o mundo está muito ansioso para impor seus valores às crianças. Estamos entusiasmados porque o lugar onde nossos filhos passam a maior parte do dia é um lugar católico, clássico, amoroso e atencioso.

O diretor dessa escola da igreja Nossa Senhora do Rosário, Curtin explica: “Isso começou há alguns anos. Mas acelerou quando teve início o lockdown. As pessoas começaram a ver a cultura católica como ela era. Elas estão prontas para fazer mudanças radicais [para seguirem fielmente sua religião] que antes pareciam impensáveis — mas agora são imagináveis.” Isso às vezes até mudando-se de um extremo do país ao outro.

Iniciativa semelhante em outra parte dos Estados Unidos que está atraindo muitos católicos é a chamada Vertitatis Splendor.

Sua idealizadora, Kari Beckman, é uma partidária do homeschooling que lutava contra os efeitos do isolamento social e as pressões culturais recentes. Ela afirma: “Ficou muito claro para mim que devemos preservar a fé agora. Este é apenas o primeiro round da crise, o que o futuro nos reserva pode ser muito pior. Se nós, como leigos, não preservamos o que realmente temos [a fé católica] e o guardamos com cada grama de nosso ser como o presente precioso que é, então vamos perdê-lo.”

Ela imaginou então uma propriedade rural isolada [foto], onde houvesse um oratório, alguns institutos católicos, centro de retiros etc., dirigida por uma comunidade de sacerdotes que celebrassem as festas católicas tradicionais, como procissões e outras celebrações, como havia antigamente. Esses institutos seriam também um meio de restaurar o pensamento e a filosofia corretos, e não a progressista atual, em uma sociedade cada vez mais confusa.

Mas onde e como fazer? Kari necessitava sobretudo de assistência religiosa. Ocorreu-lhe então que o bispo Joseph Strickland [foto], de Tyler, no Texas, conservador, fora dos poucos prelados americanos a permitir que as igrejas de sua diocese ficassem abertas durante a pandemia para missas e adoração. Daria assistência religiosa aos participantes desse novo programa caso se mudassem para Tyler?

Foi a pergunta que lhe fez Kari quando o visitou. O prelado quis então saber o nome da instituição. Quando ela disse que seria Veritatis Splendor, ele ficou surpreso, pois dias antes havia considerado com seu secretário sobre como pôr em prática essa encíclica. Isso concorreu para que ele concordasse com o plano, e enfatizasse: “É responsabilidade dos pais proteger seus filhos da loucura que está lá fora, e também prepará-los para enfrentar essa loucura com a luz de Cristo. […] Existem muitas ideias malucas. Mas Cristo diz: ‘Não tenha medo’. Portanto, não agimos por medo, mas fortemente, com alegria, acreditando sobre o que é a mensagem de Cristo”.

Outro casal, Lisa e Tim Wheeler, pais de cinco filhos adotivos, acreditaram que Deus os estava chamando para construir uma comunidade de acolhimento familiar conservadora, mas não sabiam ainda como. Então Kari Beckman lhes fez a proposta de se juntarem a ela no seu ousado plano. Após oração e reflexão cuidadosa, os Wheelers entenderam que sua visão se fundia facilmente com a de Beckman, e se juntaram ao esforço como cofundadores.

Os planos estão avançando. Confiando em Deus de que darão frutos, os Beckman já venderam sua casa na Geórgia e, quando o ano escolar de sua filha terminar, planejam se mudar oficialmente para Winona e fixar residência na nova propriedade no Texas.

Fontes:

– https://www.ncregister.com/news/massive-catholic-center-planned-for-east-texas – https://www.churchpop.com/2021/05/17/a-huge-blessing-why-3-families-moved-across-the-country-to-live-in-a-catholic-community/?utm_campaign=ChurchPop&utm_medium=email&_hsmi=127909105&_hsenc=p2ANqtz-9ikZn0_vXYpQIDk5zVg1_-J4rvsUQqSFc12aLKP-znwszjtQh9jspfH-zHYIqTtJ4APss81ECjFLQgMrEzwmV3tenOSA&utm_content=127909105&utm_source=hs_email

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