Equipa de investigação é liderada por Nuno Alves (Foto: i3S) |
Um grupo de investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) acaba de publicar dois artigos que, em conjunto, abrem novas perspectivas para manter um sistema imunológico funcional durante mais tempo. Apesar de ser uma investigação básica, ou seja, ainda longe de aplicações clínicas, ajuda a explicar a gradual perda de capacidade do nosso organismo para responder a agentes infecciosos, por exemplo vírus, bactérias.
Umas das principais células de defesa são os Linfócitos T que ,após serem produzidos no timo, se espalham pelo nosso organismo para constituírem a primeira frente de combate a agentes externos. Durante as fases iniciais da nossa vida, este órgão (o timo) está preparado para produzir uma panóplia de linfócitos T virtualmente capazes de reconhecer qualquer antigénio e, consequentemente, combater qualquer coisa, desde agressões externas (vírus, bactérias) até aos próprios tecidos do nosso organismo. No entanto, uma fina seleção e treino desse batalhão de linfócitos por um grupo de células residentes do timo, chamadas células epiteliais tímicas, faz com que produzamos células T capazes de atacar apenas o que nos é estranho e não ataquemos aquilo que é nosso. Essa capacidade do timo de produzir, selecionar e treinar os linfócitos T reduz muito após o nascimento e vai diminuindo cada vez mais com a idade. Uma das consequências do envelhecimento desse órgão é a incapacidade de reagir a novos agentes agressores quando vamos envelhecendo, pois o treino de novas formas de Linfócitos T está comprometida, aumentando a suscetibilidade para novas infeções. Outra das consequências é o aparecimento de doenças auto-imunes (Doença de Crohn, Lúpus, etc), por falhas na seleção dessas células (Linfócitos T).
Um dos trabalhos que a equipa liderada por Nuno Alves publicou mostra que as células epiteliais tímicas começam a apresentar sinais claros de senescência logo após a nascença, fornecendo uma possível explicação para o envelhecimento do timo. Isto implica que tentativas de regeneração da função do timo em idades mais avançadas através do isolamento prospectivo e reativação de células epiteliais tímicas estaminais poderão ser inglórias por si só, já que um órgão envelhecido dificilmente recupera as características originais. Não obstante, num outro trabalho subsequente, demonstram que a presença da proteína P53 (muito conhecida por estar relacionada com várias doenças oncológicas) nas células epiteliais tímicas permite prolongar o processo de seleção e treino dos linfócitos T, travando o envelhecimento prematuro e rejuvenescendo o timo.
Estas descobertas abrem a porta a novas investigações que certamente virão em auxílio da imunologia experimental e translacional. Esta área do conhecimento está em franca expansão, numa altura em que a Imunoterapia emerge como uma ferramenta chave para o tratamento de várias doenças exógenas como as infecções, ou endógenas como o cancro.
Fonte: Noticias Universidade do Porto
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