O anúncio de Wolfenstein 2: The New Colossus revelou um lado um tanto quanto sombrio da internet — e que, infelizmente, vem se tornando cada vez mais aparente nos últimos tempos. Dando continuidade ao mundo distópico em que os nazistas venceram a Segunda Guerra Mundial e hoje dominam o planeta, o game retoma a velha fórmula de caçar membros do antigo exército alemão. E o que a Bethesda e nem ninguém esperava era que surgisse um movimento massivo de pessoas defendendo os nazistas no jogo.
Tão logo o título foi anunciado, as “críticas” à proposta do jogo começaram a surgir. Entre os argumentos mais comuns estava o de que o game defendia a ideia de um “genocídio branco” — mesmo com o protagonista sendo um caucasiano ou nunca tendo existido um genocídio branco de fato —, principalmente pelo fato de que a tal Resistência mostrada no trailer é formada por negros e pessoas de outras raças. Além disso, há até mesmo gente dizendo que o nazismo não era tão ruim assim e que lançamentos como o novo Wolfenstein apenas reforçam um velho estereótipo negativo sobre a ideologia de Adolf Hitler.
E isso revela uma das coisas mais tristes e problemáticas do nosso tempo. Como apontou o site Polygon, estamos em 2017 e é quase inconcebível imaginar que dizer que você vai matar nazistas em um videogame vai virar um ato político, já que há pessoas que ainda defendem toda aquela ideia de superioridade branca, raça ariana e todos os demais conceitos que levaram ao Holocausto e aos horrores da Segunda Guerra.
Nos comentários feios no YouTube no trailer de The New Colossus, muitos usuários ressuscitaram o termo “Social Justice Warrior” para criticar a Bethesda, “acusando” a empresa de ser uma guerreira social ao levantar uma suposta bandeira em sua nova história — e que, por isso, não iriam comprar o game. Outros criticaram uma suposta aproximação de Wolfenstein com o movimento Black Lives Matter ao colocar os brancos como vilões e os negros como mocinhos.
O ponto que todo mundo parece ignorar é que o jogo simplesmente parte de uma divagação de um contexto real. Como New Order nos apresentou antes, esse renascimento de Wolfenstein parte dessa ideia de que o Eixo venceu a guerra e, por isso, dominou o mundo. Assim, é mais do que óbvio que o game vai mostrar uma realidade em que o conceito da superioridade ariana vai ser algo dominante e todo o resto marginalizado — como o próprio trailer apresenta, inclusive. Assim, colocar brancos como vilões e negros como parte de uma resistência não é um discurso político racial sobre o agora, mas uma livre imaginação do que aconteceria se aquele cenário se concretizasse.
E, de fato, como o Polygon aponta, é realmente muito triste (e assustador) ver que um jogo em que você enfrenta nazistas gerou tanta comoção em favor de uma das ideologias mais perigosas que já vimos. Pelo visto, temos uma enorme geração que simplesmente faltou as aulas de História.
Via: Polygon
https://canaltech.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário