Uma síntese da coleção de Máscaras da Ásia da Fundação Oriente está patente ao público no Museu da Pedra do Município de Cantanhede até ao próximo dia 8 de outubro. A exposição reúne 84 peças de um acervo de mais de 13.000 representações de arte tradicional asiática, um dos maiores e mais importantes do género na Europa.
As máscaras apresentadas nesta exposição pertencem à coleção Kwok On, iniciada em Hong Kong, na década de 1970, com a recolha de um conjunto de marionetas cantonenses, instrumentos musicais, livros e artefactos diversos. Entretanto, depois de ter sido ampliada pelo sinólogo francês Jacques Pimpaneau, que reuniu para o efeito objetos originários de um espaço geográfico que se estende da Turquia ao Japão, foi incorporada, em 1999, no património da Fundação Oriente, que tem vindo a dar sequência a esse processo através do Museu do Oriente.
As máscaras expostas no Museu da Pedra do Município de Cantanhede são oriundas da Índia, Sri Lanka, Tailândia, Indonésia, Coreia, Tibete e Japão, dando a conhecer um pouco da diversidade e riqueza das culturas asiáticas. Representam seres sobrenaturais, divindades e animais fantásticos que fazem parte do imaginário das culturas asiáticas. Foram utilizadas em rituais religiosos e, mais tarde, em diversos espetáculos de dança e teatro. A sua função está associada a cerimónias religiosas que têm vindo a cair em desuso, em particular nas grandes cidades. Embora sejam por vezes despojadas do seu contexto ritual e religioso, continuam a fazer parte das manifestações culturais mais populares e foram recuperados por vários géneros de teatro.À semelhança das estátuas nos templos, são objetos sagrados nos quais reside a força dos espíritos que representam.
Os materiais usados na sua construção são variados, desde as esculpidas em madeira, até às elaboradas em papier mâché, passando pela utilização de tecidos, metal e outros produtos. Algumas destinam-se a cobrir a cara de atores, como as máscaras japonesas do teatro nô, outras são espalmadas, como muitas das tibetanas de representações cénicas populares, e há também máscaras-capacete como as do teatrokhôn da Tailândia. A função de qualquer delas é expressar o poder dos seres divinos, demoníacos ou animais, que encarnam nos rituais ou nas várias tradições teatrais da Ásia. Permitem ainda caricaturar os tipos sociais que representam, como os personagens da dança exorcista kôlam do Sri Lanka, ou as peças cómicas das danças mascaradas da Coreia.
A coleção integra o acervo do Museu do Oriente, da Fundação Oriente, instituição portuguesa privada constituída em 1988 com o objetivo de promover “o reforço das ligações históricas e culturais entre Portugal e os países do extremo Oriente”. Para tal, realiza e apoia atividades de carácter educativo, cultural, artístico e social, a partir da sua sede em Lisboa e das delegações que possui na Índia, Macau e Timor-Leste.
O Museu do Oriente, criado em 2008, é um dos seus projetos mais relevantes. Através dele, a fundação assume-se como agente da ponte cultural entre o Ocidente e o Oriente na construção de vínculos “indispensáveis para garantir um futuro de paz no século XXI. O seu legado é o espírito dos Portugueses antigos, os navegadores que inventaram a unidade do mundo. O seu propósito foi e é o de garantir a atualidade dessa visão extraordinária, que continua a ser posta à prova todos os dias.
O Museu do Oriente traduz esse desígnio. As suas coleções de arte portuguesa e asiática são a demonstração mais elevada dos encontros históricos entre o Ocidente e o Oriente. No mesmo sentido, as coleções que reúnem as tradições culturais da Ásia inteira são a demonstração da sua riqueza, da sua pluralidade e do seu génio, que queremos possa ser melhor conhecido em Portugal e na Europa”.
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