quarta-feira, 9 de março de 2022

Estádio de Leiria transformou-se numa “grande casa” para acolher refugiados

 Os camarotes do Estádio Dr. Magalhães Pessoa, em Leiria, ganharam nos últimos dias uma nova missão, uma disposição diferente e até novas cores: o azul e o amarelo da Ucrânia. O objetivo é receber "numa grande casa" quem foge da guerra. E as primeiras 50 pessoas chegam já esta semana.

Cabem até quatro pessoas em cada um destes espaços que estão agora equipados com um beliche, explica o coordenador do estádio, George Silva, que acompanha a reportagem da TSF pelo recém-montado centro de acolhimento. A roupa das camas, fornecida por um parceiro da autarquia é um dos pormenores pensados para quem chega.

"Procurou-se ter as cores da bandeira ucraniana para receber melhor os nossos convidados", realça o coordenador. O objetivo da almofada, lençóis e colchas azuis e amarelas é o de que se sintam "mais acolhidos".

Em cada um destes quartos há agora também mochilas com bens de primeira necessidade. "Vamos espreitar", diz George Silva, antes de revelar um gel de banho - para usar nos balneários desportivos, que vão fazer parte do alojamento -, máscaras "porque ainda há Covid", champô, desodorizante e maços de lenços de papel. O objetivo principal é o de que "não faltem condições" a quem chega.

Nos corredores do estádio há zonas de convívio com sofás e mesas de apoio "para as pessoas estarem em grupo" e até um espaço destinado às crianças que conta com peluches e livros, longe da guerra. Para os mais velhos, que continuarão quase inevitavelmente preocupados com ela, há televisões preparadas para que a informação esteja sempre acessível.

"A ideia é que se sintam o mais em casa possível", sublinha George Silva, e isso também implica comer em paz. Por isso, há um local onde podem ser feitas todas as refeições, com micro-ondas e lava-louça.

Há, para já, 40 lugares instalados, mas a capacidade "poderá crescer aos 70 ou 80", num desafio inédito para a gestão do estádio, que até agora só teve de garantir alojamentos por "dois ou três dias" em eventos desportivos. "Esta é uma escala que pode durar alguns dias, semanas ou meses e traz-nos desafios em que nunca tínhamos pensado", como o de lavar e secar roupa, confessa o gestor. Mas também já há máquinas para responder a esse desafio.

Os pormenores são muitos. Por exemplo, talheres? "Um pormenor" que a organização percebeu "logo no segundo dia" que era preciso resolver. Pratos? Havia, mas faltavam os de sopa. Pedido apoio aos parceiros, a ajuda já começou a chegar.

Voltemos aos camarotes. Das janelas de cada um vê-se - ou não fossem os de um estádio - o relvado onde, quando é a anfitriã, joga a União de Leiria. Após boas exibições na Liga 3 vai disputar a fase de subida à Segunda Liga e até pode contar com apoio reforçado: os responsáveis pelo clube "vão convidar as pessoas para fazer claque nos jogos".

A vista privilegiada para o relvado está garantida. O próximo jogo "em casa" - da UD Leiria e de quem foge da Ucrânia - é só em abril.

Fonte: TSF ( Cristina Lai Men com Gonçalo Teles)

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