sexta-feira, 19 de outubro de 2018

AFMP promoveu debate sobre “Intervenção em rede na violência doméstica” em Cantanhede

O Salão Nobre da Câmara Municipal de Cantanhede recebeu uma sessão de trabalho sobre “Intervenção em rede na violência doméstica” ontem, dia 18 de outubro, integrada na iniciativa "Democracia, Igualdade de Género e Direitos Humanos" promovida pelo Núcleo de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica (NAVVD) de Cantanhede, da Associação Fernão Mendes Pinto, em conjunto com o Município de Cantanhede.
“Intervenção em rede na violência doméstica” contou com a presença da procuradora do DIAP de Coimbra, Paula Garcia, e do médico psiquiatra do Serviço de Violência Familiar do Hospital Sobral Cid (CHUC), João Redondo, que na opinião da coordenadora do NAVVD de Cantanhede, Marta Santos, são “dois dos propulsores do trabalho em rede na região centro, e talvez do país”, e “duas figuras incontornáveis do trabalho em rede tentando agilizar os serviços para que todas as pessoas pudessem ter apoio”.
Para Marta Santos a rede “é uma dinâmica que nos suporta a todos para responder a todas as solicitações, onde se trabalha numa lógica de horizontalidade e onde ninguém é mais importante que ninguém”. Porque cada situação é diferente, a coordenadora do NAVVD de Cantanhede defende também a continua especialização dos serviços para melhorar cada vez mais o atendimento.
Por sua vez, a procuradora do DIAP de Coimbra, Paula Garcia, explicou que a constituição do grupo de intervenção contra a violência criado na região centro há perto de 18 anos, resultante de interesses comuns entre as áreas do ministério público, da saúde e do social. “Ações desgarradas não trazem respostas mas sim ações concertadas e oleadas. A mudança tem de começar em cada um de nós e a aposta tem de começar no terreno”, disse Paula Garcia.
Dando uma ampla imagem sobre a rede criada onde, ao longo dos anos, foram integrando novas entidades, a procuradora do DIAP de Coimbra mostrou que só em 2018 já morreram 21 vítimas de violência doméstica, enquanto em 2017 o número ficou nas 20. “A violência doméstica é um crime público desde 2000 através da Lei 7/200 de 27 de Maio”, mostrou Paula Garcia.
Na ocasião, o médico psiquiatra do Serviço de Violência Familiar do Hospital Sobral Cid (CHUC) contou que “um grupo de profissionais é sobretudo um grupo de amigos”. Para João Redondo “o fenómeno de rede não é só para servir os outros mas para termos também um espaço protetor nosso”, sendo necessário cada profissional ter uma base de apoio para conseguir superar os seus próprios problemas. “É fundamental que apareçam homens a trabalhar estes assuntos ao contrário da tendência atual onde a maior parte dos grupos de trabalho são constituídos por mulheres”, afirmou o médico psiquiatra ao explicar que tanto a vítima como o agressor têm de ser alvo de apoio. “É fundamental haver um sítio onde as pessoas possam falar”, vincou.
Segundo os dados fornecidos pelos locutores 90% das vítimas de violência doméstica são mulheres; uma em cada uma mortes por violência é em contexto de família; e a violência doméstica é a maior causa da morte de mulheres da fixa etária 15-44 anos.
A iniciativa prossegue no dia 24 de outubro, a partir das 10 horas, no Centro Paroquial de S. Pedro, com a temática “Cidadania, Desigualdade(s) e Prevenção da Violência. Nos claustros da Câmara Municipal de Cantanhede está também patente ao público até dia 23 a exposição de fotografia “Aqui morreu uma mulher”. No dia seguinte vai estar no Centro Paroquial de São Pedro e termina, nos dias 25 e 26 de outubro, na Praça Marquês de Marialva.

Nenhum comentário:

Postar um comentário