domingo, 2 de julho de 2017

Quase 20% das empresas portuguesas já vendem online

Portugal está ligeiramente acima da média europeia. Há um ano, o ministro Caldeira Cabral já tinha deixado o aviso de que o país só teria a ganhar com a indústria 4.0

Há exatamente um ano, o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, assegurava que Portugal teria muito a ganhar com a digitalização e que a indústria 4.0 só seria uma ameaça para quem não se preparasse. E os primeiros dados mostram que as empresas portuguesas estão a ficar preparadas: segundo dados do Eurostat, da consultora PwC e da Global Digital IQ Survey publicados pelo El País, 19% das empresas portuguesas já vendem online, um número ligeiramente superior ao da média da União Europeia (UE) e ao da média dos países da zona euro, ambos de 18%. O universo de análise é composto por 35 320 empresas, excluindo o setor financeiro, e os dados dizem respeito ao período entre janeiro e março de 2016.

"A digitalização, traduzindo-se na desmaterialização da informação, tem claramente impacto na produtividade das empresas", explicou ao DN/Dinheiro Vivo Conceição Andrade e Silva, docente da Católica Porto Business School, que organizou recentemente a conferência "O poder da digitalização na gestão da informação". Também Rui Soucasaux Sousa, da mesma instituição, acredita que a indústria portuguesa tem feito um percurso notável, sobretudo, porque "o desafio da digitalização não se afigura fácil".
Os dados mostram também que, em Portugal, 18% das empresas compram serviços em computação em nuvem, 13% utilizam big data, 8% pagam por anúncios na internet e 55% permitem acesso remoto aos seus funcionários. Nos mesmos índices, as médias da UE são de 21%, 10%, 9% e 61% e as da zona euro de 20%, 9%, 8% e 59%, respetivamente, o que mostra que Portugal não difere muito do que é praticado pelos seus congéneres europeus, a nível de transformação digital. Em primeiro lugar da tabela está a Irlanda com 30% das empresas a vender online, 36% a usar nuvem, 15% a anunciar na rede e 70% com acesso remoto aos empregados, não havendo dados sobre a análise de big data. Em sentido inverso, o último lugar é ocupado pela Itália, com somente 8% das empresas a vender pela internet, 22% a utilizar nuvem, 9% a trabalharem com big data, 56% com acessos remotos e 6% a anunciar online.


Digitalização é aposta do Estado

"Os investimentos em infraestruturas tecnológicas, em ciência e na qualificação de pessoas que foram realizados na última década em Portugal permitem-nos ambicionar estar na frente dos países que vão liderar a mudança a que assistimos na economia", afirmou João Vasconcelos na formalização do primeiro acordo assinado no âmbito do programa Indústria 4.0.

A estratégia do governo passa por uma injeção total de até 4,5 mil milhões de euros na economia para acelerar a transformação digital das empresas. As cinco medidas mais importantes da iniciativa são: a atribuição de vales de 7500 euros a pequenas e médias empresas; a formação em novas tecnologias para 20 mil pessoas; a criação de uma política de apoio ao recrutamento de estrangeiros mais qualificados; o lançamento, pela parte das grandes empresas, de programas próprios de formação de trabalhadores e cooperação com pequenas e médias empresas e também universidades; e ainda a oportunidade de participação em eventos internacionais.

"Utilizar muita tecnologia não significa estar digitalizado", comenta ao El País Santiago Franco, da consultora PwC, considerando que a mudança para o digital "tem de trazer valor, bem com um aumento da produtividade e do valor do negócio". Para os especialistas do setor, é a estratégia, o planeamento e a execução de objetivos o que marca a verdadeira digitalização.

Fonte: DN


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