terça-feira, 19 de junho de 2018

Eu, Psicóloga | Arrependimentos mostram que não fomos leais a nós mesmos



O psicólogo Tom Gilovich, professor da Cornell University, nos Estados Unidos, acabou de divulgar estudo sobre o tema. Numa parceria com o também psicólogo Shai Davidai, ele demonstrou que os arrependimentos mais duradouros são aqueles relacionados com a impossibilidade de vivermos de acordo com nossos desejos e convicções mais profundos – com nosso eu verdadeiro. Aí entram os sonhos deixados de lado, como abortar um relacionamento amoroso que talvez não atenda aos padrões clássicos, ou desistir de um trabalho excitante em troca de estabilidade.

A pesquisa, intitulada “The ideal road not taken” (em tradução livre, “O caminho ideal que não foi tomado”), foi baseada num tripé que estaria por trás da construção do indivíduo. O primeiro elemento seria o eu real, com os atributos que a pessoa acredita que possui. O segundo seria o eu ideal, com as características que se gostaria de ter, envolvendo desejos, esperanças, objetivos. O terceiro elemento seria o eu do dever, relacionado às obrigações e responsabilidades que temos.

Gilovich e Davidai entrevistaram centenas de participantes em seis estudos, pedindo que cada um descrevesse seu eu ideal e seu eu do dever. Em seguida, todos fizeram uma lista de seus arrependimentos. Do total, 72% lamentavam não ter realizado desejos relacionados ao eu ideal, enquanto apenas 28% apontavam fracassos relativos às responsabilidades. Na pergunta sobre o maior arrependimento de suas vidas, 76% apontavam um desejo do eu ideal não realizado.

De acordo com os pesquisadores, as expectativas que envolvem as obrigações são concretas e têm regras, tornando-se mais simples de serem seguidas. “No entanto, quando se entra no campo do ideal, não há roteiros claros. As pessoas deixam seus sonhos de lado porque se preocupam com o que os outros vão pensar. Um exemplo: alguém que gostaria de aprender a cantar mas se retrai porque não teria coragem de ser criticado por seu mau desempenho”, afirma Gilovich. 

Seu conselho é cristalino: faça. “Na verdade, os outros são mais generosos do que se pensa e, principalmente, também não prestam tanta atenção em nós quanto imaginamos. Se é isso que o impede de realizar algo, vale ir em frente. No curto prazo, nos arrependemos de nossas ações, mas, no longo prazo, o que deixamos de fazer é o mais importa”, acrescenta.

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