quarta-feira, 13 de abril de 2022

40 dias – do Entrudo à Páscoa apresentado em Cantanhede. Na Praça Marquês de Marialva

Foram cerca de 400 pessoas que assistiram no passado sábado, 9 de abril, na Praça Marquês de Marialva, ao espetáculo 40 dias – do Entrudo à Páscoa.

Integrado na programação cultural em rede “Tradição – Da Serra ao Mar”, que envolve os municípios de Cantanhede, Oliveira do Hospital e Mortágua, a iniciativa surgiu no âmbito de uma parceria com o Grupo Folclórico Cancioneiro de Cantanhede e levou o público presente a desfrutar de um momento teatral bastante intenso, muito expressivo e repleto de saudosismo.

Entre o público há a destacar a presença de Pedro Cardoso, vice-presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, Célia Simões e Adérito Simões, vereadores da autarquia, presidente da União das Freguesias de Cantanhede e Pocariça, Nuno Caldeira, e do pároco, João Pedro Silva, entre muitos convidados que marcaram presença nesta iniciativa cultural.

Os grupos de projeção etnográfica têm granjeado respeito e admiração, também pela ambição de fazer sempre mais e melhor, quer seja recriando quadros agrícolas, etnográficos ou históricos que o devir temporal vai fazendo desaparecer”, refere o vice-presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, Pedro Cardoso.

Ainda de acordo com o autarca, que tutela o setor da Cultura, “a etnografia e folclore não são parentes pobres, são uma dimensão fundamental da cultura e, por isso, é justo destacar estas pessoas que muito têm contribuído com o seu trabalho, para que a representação das vivências, dos usos e costumes dos nossos antepassados não sejam esquecidos e, de uma forma mais ou menos fiel, sejam representadas dignamente, o que a cultura deste país muito agradece”.

40 dias – do Entrudo à Páscoa apresentou-se como um espetáculo bem diversificado que visou recriar quadros, momentos, expressões e costumes que o atual enquadramento sociocultural já se vai perdendo, traduzindo vivências de um tempo peculiar em que uma vez mais o sagrado e o profano se entrecruzam. Das vivências da folia carnavalesca, passando por esse outro tempo de maior recolhimento e de maior introspeção, de preparação para a grande festa da Páscoa, que posteriormente prossegue com tantas outras expressões. Bombos, cabeçudos ou gigantones, caretos, baile da Micareme, as pulhas, amenta d’almas, serração da velha, os martírios, o badalo e a queima do Judas foram os ingredientes perfeitos para momento cultural memorável, preparados com a mestria e requinte dos grupos participantes, que souberam adicionar os condimentos necessários para esta extraordinária recriação histórica.

Recorde-se que os grupos de projeção etnográfica assumem, cada vez mais, uma forma responsável e elevada na preservação de usos e costumes, designadamente na dimensão sociocultural verdadeiramente representativa da relação que a população / comunidade mantinha com o espaço onde se desenrolavam as suas atividades e vivências. Estes grupos folclóricos são uma referência incontornável da memória coletiva no seio da comunidade, permitindo aos mais velhos recordar épocas passadas e às novas gerações tomar contacto com uma realidade que já não é a sua, recriando quadros agrícolas, etnográficos, históricos que o devir temporal vai fazendo desaparecer.

O projeto “Tradição da Serra ao Mar” surge no âmbito de uma parceria entre os três municípios (Cantanhede, Mortágua e Oliveira do Hospital) e tem como principal objetivo fomentar o investimento na conservação, proteção, promoção e desenvolvimento do Património Cultural dos territórios dos três territórios. A iniciativa resulta de uma candidatura ao “Centro 2020 – Programação Cultural em Rede – Afirmar a Sustentabilidade dos Territórios” e está assente numa programação cultural focada na Tradição e no património local e regional, que visa ainda contribuir para a diminuição das assimetrias e reforçar a coesão territorial, contribuindo, simultaneamente, para o incremento da imagem externa da região nas suas similitudes e particularidades.



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