domingo, 6 de janeiro de 2019

Ano Novo, mesmos desejos para Moçambique

Grafismo de Nuno Teixeira
Ano Novo e os desejos continuam a ser os mesmo para Moçambique: três refeições todos os dias para todos os moçambicanos, medicamentos e médicos em todas Unidades Sanitárias de Moçambique, o alcance da Paz definitiva, que tenhamos pela primeira vez Eleições verdadeiramente justas, que a Procuradoria-Geral da República e os Tribunais comecem a prender quem nos endividou ilegalmente, os estrangeiros que voltem a investir massivamente na “Pérola do Índico”, que o metical volte a ficar forte e as taxas de juro baixem para um dígito, reabilite-se a única Estrada que conecta o país, que a estabilidade volte à província de Cabo Delgado e que enfim comecem a ser construídas escolas à prova das Calamidades Naturais.
Mais um Ano mudou e os moçambicanos continuam a aguardar pela Paz definitiva que começou a ser negociada por Joaquim Chissano e Afonso Dhlakama e agora está nas mãos de Filipe Nyusi e Ossufo Momade. Aproveitando a onda de saudações que caracteriza os primeiros dias de 2019 o desejo é que enfim o partido Renamo entregue todas as armas e a lista completa dos seus guerrilheiros, que o Governo do partido Frelimo não arranje mais desculpas para integra-los não apenas no Exército mas principalmente na Polícia, nas Forças Especiais, nos Serviços de Informação e Segurança do Estado e quiçá até no próprio Executivo.
Forças de Defesa e Segurança unificadas e fortificadas talvez consigam tornar realidade um outro desejo para 2019: levar de volta a estabilidade à província de Cabo Delgado onde os insurgentes continuam a mostrar a sua força numa atitude que desmente o “controle” que o Governo de Nyusi afirma e reafirma ter no terreno.
Entretanto, e para além de todas as integrações possíveis entre os beligerantes da Paz, decisivo para o futuro de Moçambique seria a realização das primeiras Eleições verdadeiramente livres, justas e transparentes.
Caso tenhamos mais um pleito pejado de irregularidades pelo menos que Filipe Nyusi tenha um 2º mandato a conviver com uma Assembleia da República dominada pelos partidos de oposição, que não seja apenas de bloqueio mas que obrigue ao Governo a negociar melhores condições de vida para todos os moçambicanos.
É ainda desejável que a Procuradoria-Geral da República e os Tribunais se inspirem na Justiça sul-africana começam a prender e condenar os Funcionários do Estado e antigos governantes que arquitectaram e desviaram os mais de 2 biliões de dólares em dívida contraída ilegalmente em nome do povo moçambicano. É preciso que sejam julgados e responsabilizados mesmo os mais influentes membros do partido no poder, como está acontecer aqui no país vizinho.
Insegurança alimentar, denominação politicamente correcta da fome em Moçambique
Se os desejos acima começarem a acontecer pode ser que os estrangeiros voltem a investir massivamente na “Pérola do Índico” já no próximo ano e quem sabe o metical se fortifique e baixe dos 62 meticais, as taxas de juro desçam até um dígito a economia efectivamente volte a crescer e traga alguma melhoria no custo de vida.
De contrário continuaremos a transitar pelas crateras existentes da Estrada Nacional nº1 e noutros milhares de quilómetros de estradas e pontes que não podem ser reabilitados ou construídos apenas com as arrecadações fiscais da Autoridade Tributária.
ambém são necessários maiores investimentos na Educação, e alguma humildade, para enfim começar-se a construir escolas seguras e resilientes as intempéries que cada vez mais fustigam o nosso país. O Banco Mundial tem dinheiro para edificar escolas à prova de Calamidades porém para um Governo em campanha eleitoral o mais rápido é ir construindo como habitualmente e por isso antes de mais um pico da época chuvosa já 141 salas estão destruídas e mais 7 mil alunos terão de estudar ao relento.
Na Saúde o desejo é de mais médicos generalistas e especialistas pois não há juramento que faça um doutor cuidar de 12 mil moçambicanos ainda mais sem que existam medicamentos nas Unidades Sanitárias, pode ser que investido nos hospitais locais os governantes deixem de viajar para tratamentos médicos no exterior.
Infelizmente o rol de desejos é infindável mas havendo saúde e educação a vida será um bem melhor se os moçambicanos conseguirem ainda comer pelo menos três refeições todos os dias em vez de terem de procurar plantas e outros alimentos de qualidade duvidosa e desnutridos ou mesmo mortos em mais algum intoxicação alimentar. É que 814.567 cidadãos sofrem de insegurança alimentar, a denominação politicamente correcta e moderna da fome existente em Moçambique.

Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique

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