terça-feira, 10 de março de 2020

Ministro da Saúde de Moçambique desmistifica boatos sobre o coronavírus e recomenda “nada de aperto de mão”

Foto do MISAU
Dando uma aula na Escola Secundária Francisco Manyanga, na Cidade de Maputo, o ministro da Saúde desmistificou nesta segunda-feira (09) vários boatos que enchem as redes sociais sobre o coronavírus: “não é que o vírus sobreviva mais numa zona fria do que outra quente”, “utilização indiscriminada da máscara pode aumentar a transmissão”, “conceito racial sobre quem apanha ou não, é especulação”. Armindo Tiago apelou para não haver “pânico”, sugeriu “aproveitar o coronavírus para fazer um movimento em geral de melhoria de saúde, se nós lavarmos as mãos estaremos a evitar também outras doenças como a cólera ou diarreia”, e recomendou “nada de aperto de mão” tendo mostrando duas novas formas de cumprimentar, usando o cotovelo ou o pé.
Os cidadãos possuidores de um smartphone com acesso a internet e que se julgam muito informados sobre quase tudo, na verdade vivem desinformados por muitas mensagens que pululam nas redes sociais e são os principais alvos de um ciclo de palestras “sobre medidas de prevenção do coronavírus” que as autoridades moçambicanas iniciaram na Escola Secundária Francisco Manyanga.
“O conhecimento é a base da nossa sobrevivência, é a arma fundamental que nós temos para garantir que sobrevivemos a qualquer situação que nos apresente”, começou por dizer Tiago que ao fato de ministro da Saúde pareceu ter juntado a bata de docente que é e tentou tranquilizar aos moçambicanos no geral e aos jovens estudantes em particular, “quando estamos perante uma situação grave, em vez de estarmos em pânico, devemos estar calmos para enfrentar de forma adequada as situações”.
Interagindo de perto com os alunos e professor o governante começou pelos conceitos mais básicos: “o coronavírus faz parte da família dos vírus, normalmente transmitem doenças do fórum respiratório e são doenças que podem ser leves ou graves, como pneumonia ou dificuldade respiratórias. Os coronavírus são um tipo de microrganismos que em geral transmitem doenças de animais para seres humanos, uma vez infectado um ser humano ele pode transmitir a outro, essa é a situação que nós temos”.
Porque “algumas doenças infecciosas transmitem-se quando estamos próximos (...) recomenda-se a distância de 1 metros para alguém que tenha tosse ou esteja constipado, mas a pessoa quando tosse pega na boca portanto a sua mão tem microrganismos e é por essa razão que não podemos nestes dias apertar as mãos, porque se eu tiver o coronavírus vou transmitir a todos a quem aperte as mãos. O mesmo é válido para talheres, copos, pratos, não podemos partilhar com pessoas que tenham esta doença. Se eu estiver infectado e for caminhando, depois pegar num corrimão de uma escada, qualquer pessoa que pegar também pode ter a doença, por isso dos elementos principais para cortar a transmissão é lavar frequentemente as mãos”, explicou.
Ministro da Saúde lança duas novas formas de cumprimento uma usando o cotovelo e outra o pé
Foto da OMS
“A quarentena é uma estratégia para evitar a propagação de doenças, se um individuo foi a Itália, porque tem um número considerável de doentes e nós queremos evitar que ele possa ser uma fonte de transmissão para outras pessoas, fazemos uma análise no aeroporto e depois recomendamos, em função dos achados que ele fique em casa e é o que chamamos de quarentena, que pode ser de um indivíduo, de um bairro ou até de uma cidade”, clarificou o titular da Saúde que ainda explicou que “o isolamento é feito para o indivíduo a quem foi diagnosticado o coronavírus e que precisa de ser tratado num regime que também impeça a transmissão da doença para outras pessoas”.

O Doutor Tiago deixou bem claro que o sendo similar a uma gripe o Covid-19 também se trata da mesma maneira. “Em geral as doenças médicas gripais não precisam de tratamento médico considerável, 80 por cento dos casos são de doenças leves ou moderadas, o tratamento mais importante da gripe é o repouso, é por isso que a quarentena é boa pois coloca o indivíduo em casa em repouso. A seguir, em função dos sintomas que tiver, fazemos o tratamento para a dor e febre, usando analgésicos.
“Vamos aproveitar o coronavírus para fazer um movimento geral de melhoria de saúde, se nós lavarmos as mãos estaremos a evitar também outras doenças como a cólera ou diarreia, vamos aproveitar este momento para fazer um movimento global de saúde”, apelou o ministro da Saúde que que recomendou “nada de aperto de mão” e por isso lançou em Moçambique duas novas formas de cumprimento uma usando o cotovelo e outra o pé para tocar a quem desejamos saudar. Estas formas de saudação estão a ser usada em vários países afectados pelo coronavírus.
“Utilização indiscriminada da máscara pode aumentar a transmissão” do novo coronavírus
Foto da OMS
Após a lição o Professor Doutor e ministro foi confrontado com perguntas incisivas dos alunos da Escola Secundária Francisco Manyanga. Sobre a resistência menor do coronovírus em regiões de clima quente e a sua maior propagação em países frios Armindo Tiago argumentou: “Entre Dezembro e Junho quando é que temos mais episódios gripais, a época fria condiciona necessariamente maior numero de infecções respiratórias agudas e algumas infecções crónicas que se agudizam nessa altura, não é que o vírus sobreviva mais numa zona fria do que outra quente mas a probabilidade de ocorrência de um quadro gripal é maior na época fria do que em época quente”.

Relativamente a necessidade do uso permanente de máscaras faciais, que estão a ser objecto de negócios em várias parte do mundo, o Doutor Tiago desmistificou: “O uso da máscara tem recomendações específicas, primeiro é para o profissional de saúde e doente que tem o sintomas do coronavírus, os profissionais de saúde que lidem com doentes devem usar a máscara. Uma utilização indiscriminada da máscara pode até ter efeitos não desejados, porque uma das recomendações principais para prevenir a infecção pelo coronavírus é evitar pegar a cara. Usando uma máscara muitas vezes toca-se nela e na face para ajusta-la o que torna a máscara num risco para aumentar a transmissão do coronavírus”.
Armindo Tiago esclareceu que é pouco provável que o vírus tenha sido transmitido “pelo ar de um animal para o ser o humano, eventualmente o animal pode ter contaminado objectos, alimentos e terá sido a partir daí que chegou as pessoas, para apanharmos pelo ar teríamos de ficar pelo menos a 1 metro de distância de um infectado a tossir”.
Se caso o Covid-19 entrar em Moçambique serão declaradas “férias”?
Diante da possibilidade do Covid-19 entrar em Moçambique como os cidadãos poderiam prevenir-se tendo em conta, por exemplo, a forma apinhada como são transportadas todos os dias, o ministro da Saúde começou por declarar que: “Em geral, numa situação em que exista o coronavírus, todas as entidades que tem meios de transporte devem garantir que antes deles serem usado sejam corretamente desinfectados”.
Foto da OMS
“Na nossa realidade de transportes deficitários e por isso andam muitos cheios o correcto seria diminuir o número de pessoas por cada autocarro para permitir que nós não tenhamos contacto desnecessário com pessoas que eventualmente tenham o vírus. Mas se estiverem sentados ao lado de alguém com um quadro gripal façam as medidas de prevenção, tapem o vosso nariz e a boca e saiam de preferência na paragem seguinte e façam o resto do trajecto a pé e estarão a prevenir outras doenças como diabetes”, sugeriu o governante.

O Professor desmistificou também o mito que os negros são mais resistentes ao novo vírus que até ao início desta semana tinha infectado mais de 105 mil pessoas em todo o mundo e causando a morte de 3.100, na sua maioria cidadãos brancos. “Este conceito racial sobre quem apanha ou não, é especulação, o coronavírus pode ser apanhado por qualquer pessoa” declarou Armindo Tiago que no entanto ressalvou Armindo Tiago “Este Covid-19 é um vírus novo e estamos a aprender, vamos aprendendo com a prática”.
O ministro da Saúde foi ainda questionado se caso o coronavírus entrar em Moçambique seriam declaradas “férias” para evitar a transmissão nas escolas. “Em condições normais fechar uma escola ou outro estabelecimento público é uma medida extrema que se toma em função do que pode acontecer”, começou por responder.
“Mas se por ventura o professor de uma escola for a Itália quando regressar vamos colocar-lhe de quarentena, depois disso retorna ao trabalho, mas se por infelicidade ele começa a ficar doente e dá aulas então termos de fechar todos os sítios por onde ele terá passado. Não são férias é uma medida de precaução para evitar a transmissão e vamos pôr todas as pessoas que tenham estado com esse professor também em quarentena, então não poderão estar a passear mas terão de ficar em casa”, deixou bem claro o Professor Armindo Tiago.

Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique

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