quarta-feira, 3 de agosto de 2022

O céu de agosto de 2022

Em agosto já sentimos os dias a ficar consideravelmente mais pequenos. No dia 1, o Sol, põe-se por volta das 20h45 em Portugal Continental, mas no dia 31 já se põe por volta das 20h00.

Isso também afeta a visibilidade dos planetas. No dia 1 o planeta Saturno nasce pouco depois do anoitecer, por volta das 21h30, mas no final do mês já está visível assim que o Sol passa abaixo do horizonte. Mas durante agosto vamos ter oportunidade de ver todos os 5 planetas visíveis a olho nu.

Mercúrio acabou de sair da direção do Sol e começa a ver-se ao anoitecer. A melhor altura para o ver será entre os dias 13 e 19. Mesmo assim, este planeta estará no máximo 10 graus acima do horizonte (com o braço esticado, corresponde mais ou menos ao espaço ocupado por um punho fechado) e só estará visível entre meia-hora e 45 minutos. Para aumentar as hipóteses de ver Mercúrio, é recomendável que o façam em locais com o horizonte virado a Oeste completamente desimpedido.

Júpiter e Marte não estarão visíveis logo ao anoitecer, mas com o passar do mês, nascem cada vez mais cedo. O maior planeta do Sistema Solar nasce às 23h15 do dia 1, mas já estará visível às 21h15 do dia 31. Marte segue-lhe o exemplo, embora um pouco mais lentamente, estando visível à 01h15 do dia 1, e por volta da meia-noite do dia 31.

Quanto a Vénus, está já a aproximar-se do Sol - nasce por volta das 05h00 no dia 1, e às 06h00 do dia 31.

Já a Lua, que se move pouco menos de 1 palmo por dia no céu, está em quarto crescente no dia 5. Uma semana depois, no dia 12, atinge a fase de lua cheia e passa a apenas 5 graus de Saturno.

Infelizmente, este é também o dia em que ocorre o pico de atividade da “chuva” de meteoros das Perseidas, uma das maiores “chuvas de estrelas” do ano. Assim, apesar desta chuva tipicamente ter até 100 meteoros visíveis por hora (em céus escuros), o brilho da Lua deve cortar esse número para metade.

Nas cidades, por causa da poluição luminosa, o número de meteoros visíveis é cerca de 10% do número esperado em céus escuros, ou seja, devem ser visíveis apenas 5 por hora. Mas nem tudo são más notícias, pois as Perseidas são ricas em “bolas de fogo” (meteoros maiores e mais brilhantes), pelo que deverá valer a pena ficar uma hora a olhar o céu.

No dia 14, Saturno atinge a oposição, ou seja, Sol, Terra e Saturno estarão alinhados, com Saturno do lado oposto do céu em relação ao Sol.

A 15 de agosto, começo de férias para alguns e fim para outros, Mercúrio estará no ponto mais alto, ao anoitecer, e umas horas mais tarde, a Lua passa a 6 graus de Júpiter. No dia 19, dia em que a Lua atinge a fase de quarto minguante, passa a 3 graus de Marte.

Depois temos de esperar até dia 25, quando o nosso satélite, num minguante muito fininho, passa a 7 graus de Vénus, pouco antes do amanhecer. Dia 27 é dia de lua nova e no dia 29 temos o desafio de observação do mês: Um finíssimo crescente da Lua estará a 4 graus de Mercúrio, mas o planeta já se está a aproximar do Sol, no céu, e só deve ser visível durante menos de meia hora, mesmo a seguir ao pôr-do-Sol.

Boas observações.

Ricardo Cardoso Reis (Planetário do Porto e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço)

Fig1: O céu virado a Este, às 23h30 do dia 15 de agosto 2022. A Lua e Júpiter nasceram há pouco tempo e ainda estão próximos do horizonte. Já Saturno, a Sudeste, está visível desde o anoitecer. (Imagem: Ricardo Cardoso Reis /Stellarium)

Fig2: O céu virado a Oeste, às 21h40 do dia 29 de agosto de 2022. Um finíssimo crescente da Lua e o planeta Mercúrio estão visíveis, durante cerca de meia-hora, logo a seguir ao pôr-do-Sol. (Imagem: Ricardo Cardoso Reis /Stellarium)


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