quinta-feira, 19 de abril de 2018

Presidente de Moçambique atira culpa pelas dívidas ilegais ao Credit Suisse e o Vnesh Torg Bank

Foto da Presidencia da RepúblicaFilipe Nyusi esqueceu de levar na sua viagem à capital do Reino Unido a sua retórica que de Moçambique pode “viver com os recursos de que dispõe internamente” ou o argumento do seu antecessor de as dívidas da Proindicus, EMATUM e MAM foram “medidas de natureza estratégico-militar” para defender a soberania das águas nacionais. “Moçambique levou o dinheiro aonde? Levou dinheiro de algum lado. Então esse lado não tinha a sensibilidade que esse dinheiro é muito, demais, que estamos a dar a um pobre, e que não há regras”, reagiu o Presidente a questões de jornalistas estrangeiros, atirando as culpas das dívidas ilegais para o Credit Suisse e o Vnesh Torg Bank e ignorando que o Governo de que fazia parte é que violou, antes dos bancos, a Constituição da República.
O Presidente Nyusi, que em Moçambique não se digna a falar com jornalistas, foi nesta terça-feira (17) emboscado por um batalhão de profissionais da comunicação social em Londres, após realizar uma apresentação sobre a Paz e Democracia na Chatham House, sobre as dívidas contraídas com Garantias Soberanas emitidas sem a aprovação da Assembleia da República.
Sem a retórica que prega aos moçambicanos, de que “(...)o momento de dificuldades que vivemos no relacionamento com os nossos parceiros de cooperação é instrutivo no sentido de tornar cada vez mais urgente a necessidade do nosso País viver com os recursos de que dispõe internamente e produzir suficiente riqueza para financiar o seu próprio orçamento e desenvolvimento”, o Chefe de Estado começou por explicar que “(...) aos credores temos dito que não é um problema de nós recusarmos que asseguramos como Governo, como Estado, são dívidas que assumimos. Um Estado não é a cada ciclo vem muda, diz não, não, depois deixamos de ficar um país sério”.
Deixando de lado o argumento do ex-Presidente Armando Guebuza, que à Comissão Parlamentar de Inquérito disse que as dívidas da Proindicus, EMATUM e MAM foram “medidas de natureza estratégico-militar” para defender a soberania das águas nacionais e que “nós faríamos justamente da mesma maneira hoje, em defesa da Pátria Amada e do maravilhoso povo moçambicano”, Filipe Nyusi atirou as culpas para os bancos Credit Suisse e o Vnesh Torg Bank.
“Cheguei a uma fase em que nem sequer tínhamos medicamentos para os doentes”
Foto da Presidencia da República
“Naturalmente que esse processo é complexo, porque não pode ser só Moçambique a ser visto como o único. Moçambique levou o dinheiro aonde? Levou dinheiro de algum lado. Então esse lado não tinha a sensibilidade que esse dinheiro é muito, demais, que estamos a dar a um pobre, e que não há regras etc, essa responsabilidade tem que ser partilhada”, afirmou o Presidente Nyusi a jornalistas sem mencionar que o Governo onde foi ministro da Defesa violou a alínea p) do número 2, do artigo 179, da Constituição da República e as leis orçamentais de 2013 e 2014.

Visivelmente acossado o Chefe de Estado declarou que a suspensão do apoio financeiro do Fundo Monetário Internacional e dos Parceiros de Cooperação está “agora a sacrificar a um povo”.
“Cheguei a uma fase em que nem sequer tínhamos medicamentos para os doentes do HIV/Sida e da tuberculose porque os investimentos estão bloqueados. É momento já de a comunidade internacional ver a coisa como o prejuízo a um povo, ao cidadão, porque podemos parar inclusivamnte o desenvolvimento de um país, ou a então a vida de uma população por causa de uma coisa esclarecida”, apelou o estadista moçambicano.
Esclarecimento das “lacunas” apontadas pelo FMI não deverá acontecer antes das Eleições Gerais de 2019
O Presidente Nyusi tentou passar a ideia de que Moçambique “não é o único país que tem problemas como esse no mundo, aliás não queremos dizer que as coisas deviam acontecer em Moçambique como cópia de outros país que fazem más coisas não, não é isso que estou a dizer. Mas há países que tiveram coisas muito altas, etc, agora para não se misturar como uma coisa de interesse político acho que devíamos ver exactamente o que tem que ser feito, em que fase, etc, etc”.
Ainda procurando esclarecer aos jornalistas estrangeiros o Chefe de Estado moçambicano faltou a verdade quando disse que o seu Governo colaborou com a Auditoria realizada pela Kroll e que está a cooperar com órgãos de Justiça.
Nyusi concluiu a sua intervenção num tom mais desafiador: “ (...) a vida continua e prevalece e nós não vamos atirar a corda no pescoço porque as coisas aconteceram. É encarar um processo normal e trabalhar para que isso se resolva”, deixando no ar que o esclarecimento das “lacunas” apontadas pelo FMI não deverá acontecer antes das Eleições Gerais de 2019.

Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique

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