quinta-feira, 29 de junho de 2017

Opinião: Descobri o Culpado dos Incêndios! Descubra também!

Bem, já sabem que as vezes as minhas opiniões revelam alguma revolta, afinal dou muitas vezes por mim em circos sem pagar bilhete.
Estes incêndios em torno de Pedrógão Grande já deram para um dos maiores circos do mundo. Grandes artistas como domadores de leões políticos, elefantes partidários, malabaristas de empresas que controlam comunicações de emergência, ilusionistas de comunicação social e apresentadores de circo que se confundem com comandantes de operações.
Ainda as pessoas mal entravam na tenda já víamos o brilhar das luzes que as vezes se apagavam por causa de um incêndio no quadro eléctrico que desligavam o que alguns diziam ser o rádio, mas neste circo era o microfone do espectáculo. O problema é que o diretor do Circo já há anos que sabia que este microfone tinha pilhas fracas quando a luz faltava.. nos bastidores sem microfone era uma baralhada, ninguém sabia se entrava os leões ou os elefantes.
Enquanto as falhas aconteciam os ilusionistas e elefantes mais famosos davam lá para os lados de Lisboa espetáculos com artistas de outros circos, numa espécie de prós e contras, enquanto no circo principal o terror continuava com a atuação dos malabaristas.
Este não era um circo qualquer, o diretor do circo que normalmente apresenta estava na sede da empresa, ninguém entendia porquê, era o CEO do circo quem apresentava o espetáculo sem que ninguém entendesse o motivo, no entanto vários acionistas maioritários estavam na plateia e lá iam dando uma “perninha” na apresentação, trocando sorrisos e abraços sempre com aquela música de fundo de circo a acompanhar.
O mais estranho de tudo é que este era o único circo do mundo em que os palhaços (que até pensavam ser os artistas de cartaz) não apareciam, trabalhavam no backstage, faziam o circo estar no ar, funcionar e movimentar-se de terra para terra. Sem eles nenhum dos outros protagonistas teria qualquer destaque.
Prometo-vos: estou sem palavras para este espetáculo que fui obrigado a assistir sem pagar bilhete.
Lamento só que todo este circo custou muito caro em vidas humanas, em bens materiais e em emoções que ninguém vai conseguir apagar.
O problema é que este circo, de forma figurada neste artigo camufla o Incêndio em torno de Pedrógão Grande, e há um grande culpado. Não, não é os raios e trovões, não é os rádios e operacionais é o cidadão que continua a confiar nesta politiquice em torno do que para muitos é o “espetáculo político” em torno dos incêndios.
Pagamos bilhete para este circo sem sabermos como nem de que forma. Nós, o cidadão onde eu me incluo é que somos os culpados, afinal os caminhos para onde vamos são escolhidos por nós que elegemos os decisores, mesmo que não votem, se abstenham ou votem noutro partido, é assim  na democracia.
Que me desculpem os mais sensíveis mas há histórias que merecem alguma ironia.
Ricardo Correia
ricardo@bps.com.pt
Fonte: BPS

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