quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

2020 – RETROSPECTIVA

 

Um vírus instrumentalizado para mudar a Igreja e o mundo

  • Atílio Faoro e Daniel Martins

Apraça estava vazia. Completamente vazia. A luz azul dos holofotes transpunha a chuva fina e refletia na esplêndida fachada da Basílica de São Pedro, dando àquela tarde o tom a um tempo majestoso e lúgubre. O palco estava montado para um Pontífice claudicante subir sozinho os degraus. Era este o cenário mais importante da peça teatral encenada no grande ‘teatro 2020’.[i][foto]

Muitos quilômetros ao norte da Praça de São Pedro, ouvia-se a mensagem contundente do Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde: “Convocamos todos os países a agir com rapidez, escala e determinação clara. Isso não é um treinamento. Não é o momento para desculpas”.[ii]

Em outro país longe dali, em nome da luta contra o racismo, um movimento anarquista preparava o seu papel no show. Num estalar de dedos, greves, saques, manifestações e quebra-quebras espalharam-se como erisipela nos Estados Unidos, insistindo na mensagem: o mundo como o conhecemos precisa desaparecer.

Enquanto no teatro se desenrolava a peça, espectadores confinados em suas casas acompanhavam atentamente, pelo Zoom, Skype ou WhatsApp, golpes de cena ensaiados para provocar ameaças e sobressaltos: ora os seus bolsos se esvaziavam; ora a estabilidade voava pelos ares; ora a vida social se desintegrava; ora a maior parte do clero os abandonava; ora o pânico de um futuro sombrio os assaltava…

Era-lhes obrigatório ver a peça até o fim, sem perder detalhe algum, mas proibidos de sair do lugar. Respirava-se mal, com a incômoda máscara atrapalhando o fluxo de ar. Contradição, artificialidade, falta de clareza, tudo gerava dificuldades, apreensões e uma sensação de beco sem saída. Alguns perguntavam: Será tudo isso real? Um pesadelo? O vírus é real, mas voltaremos à normalidade? Outros indagavam: Quando se fecharão as cortinas? Quando terminará isso?

Nessa incerteza e nesse caos mental transcorreu o ano de 2020, e a peça ainda continua: a peça do teatro internacional mais longa que se conhece; a maior operação de engenharia social da História, conforme bem a denominou o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, em manifesto publicado na edição de maio passado em Catolicismo.

Desviando a atenção dos fracassos

Greta Thunberg: “Eu não quero que vocês tenham esperança, quero que sintam pânico!”.

Mas… e a moral da história? Qual o objetivo de toda essa encenação? Quem nos esclarecerá sem deixar margem a dúvidas?

Os presumíveis autores da peça dificilmente teriam encontrado um meio mais eficaz para desviar a atenção do público em relação a certos acontecimentos, para eles muito dolorosos. E também para tentar, por meio de uma cartada sem precedentes, mudar o rumo dos acontecimentos, e assim levar avante a sua agenda. Após um prolongado período de pânico, seja pelo vírus, pela desobediência civil ou pelo espectro de uma guerra, poderiam propor à opinião pública mundial as mudanças que de há muito almejam.

A esquerda internacional, com efeito, vem sofrendo uma série de derrotas históricas. Grande parte das suas tentativas, investidas e projetos viu-se prejudicada de maneira substancial, por isso ela se encontrava num impasse.

Na noite de 12 de dezembro de 2019, o Partido Conservador britânico ganhava as eleições com ampla maioria, permitindo ao Reino Unido completar o processo de sua saída da União Europeia — o famoso Brexit, cuja execução fora travada pela esquerda durante mais de três anos. Com isso os conservadores adquiriram “a mais ampla maioria em Westminster desde a vitória de Margaret Thatcher na eleição de 1987”.[iii]

Nos Estados Unidos, o processo de impeachment contra o presidente Trump,iniciado desesperadamente pela esquerda, terminou com a absolvição do mandatário, no início de fevereiro de 2020.[iv]

Na França, durante boa parte de 2019, o socialista Emmanuel Macron se encontrara em um impasse político, sobretudo pelas manifestações dos ‘coletes amarelos’. Com o surgimento da peste chinesa, foi literalmente ‘salvo pelo gongo’.[v]

Na Holanda, ganharam dinamismo os protestos massivos dos fazendeiros contra medidas governamentais que cerceavam a produção e a propriedade. Houve grande apoio de toda a população, deixando mais este governo socialista em maus lençóis.

Em Hong Kong, protestos multitudinários contra o governo comunista não paravam de crescer em número e eficácia. O lockdown exigido pelos administradores da pandemia salvou o Partido Comunista chinês de uma situação melindrosa.[vi]

A pandemia favoreceu ainda os intentos de autodemolição da Igreja, que suscitavam crescentes reações em fins de 2019. Em maio de 2020, quando foi proclamado e convocado o Dia Mundial de Oração pela Pandemia, foi possível colocar Buda e Shiva no mesmo altar com Nosso Senhor Jesus Cristo. O símbolo era muito significativo, mas o famoso articulista Aldo Maria Valli avaliou que a ‘religião global’ estava fundada, faltavam-lhe apenas os fiéis; pois a massa dos católicos não acompanhou“Feita a religião global, falta agora criar os fiéis”.[vii]

Em outra área do espectro socialista, vem perdendo terreno o alarmismo climático presente no estilo Greta Thunberg. Não consegue convencer, apesar da enorme campanha midiática e do apoio do Vaticano. A proposta da mal-humorada menina sueca não impressionou, apesar da ênfase intencional: “Eu não quero que vocês tenham esperança, quero que sintam pânico!”.[viii] A revista Times classificou essa ativista como ‘personagem do ano 2019’, mas a homenagem não convenceu.

O pânico é desejado pelas esquerdas, como terreno fértil para as mudanças revolucionárias, mas o mundo não se deixou dominar por ele. Como instilar o medo, se o aquecimento global não esquenta as mentes? Como frear a maré montante da reação conservadora?

Mas eis que apareceu o vírus, seja ele natural ou fabricado. Portanto, aproveitemo-lo. Conveniente, muito conveniente…

Elke van Hoof, professora de psicologia da saúde da Universidade de Vrije, na Bélgica, especialista em estresse e trauma, afirmou em entrevista à BBC: “Estamos diante do maior experimento psicológico da história”

O maior experimento psicológico da História

Não analisaremos a origem ou a responsabilidade pela proliferação do coronavírus. Especialistas sérios estudam o assunto, e certamente lançarão luzes sobre seu caminho e seus agentes. Porém, sobre a análise imparcial das manobras revolucionárias em torno da covid-19Catolicismo esclareceu, pela pena do pesquisador José Antonio Ureta (edição de julho de 2020), que ela não se identifica com um “conspiracionismo” superficial e infantil.

A observação atenta dos acontecimentos permite concluir que os governos tomaram contra a pandemia medidas de prevenção recomendadas por organismos multilaterais, agindo como se fossem regidos pela mesma batuta. E tais medidas se explicam muito mais por uma remodelagem do mundo do que por um combate sensato contra a pandemia.

Nesse sentido, Elke van Hoof, professora de psicologia da saúde da Universidade de Vrije, na Bélgica, especialista em estresse e trauma, afirmou em entrevista à BBC: “Estamos diante do maior experimento psicológico da história”. O argumento da especialista é cristalino: não temos nenhum modelo que prove a necessidade ou a utilidade de um confinamento generalizado. Logo, o que está sendo feito é um experimento.[ix]

Um enorme trabalho de encenação

Gordon Brown, ex-premier britânico e enviado especial da ONU, advoga um “executivo provisório global”, que passe por cima das soberanias nacionais.

Curiosamente, mesmo com todos os indícios — e por vezes provas — da inutilidade do lockdown ou dos efeitos colaterais perniciosos deste, governos continuam a impô-lo por toda parte.

Bruno Latour, antropólogo de esquerda ambientalista, confessou em entrevista ao jornal Le Figaro que a imposição do confinamento em escala global era algo tão abrangente, que até para ele constituía um enigma:

“Que quase todos os governos decidam com uma ‘viralidade’ fulgurante suspender por um tempo a economia, é mais enigmático, mais difícil de analisar do que a viralidade do próprio vírus. […] O fato de que, a uma velocidade incrível, os governos se coloquem em uma situação de cataclismo econômico, isso é bastante espantoso […]. Lembre-se: em janeiro, ainda se dizia que era impossível mudar o sistema econômico, que corria normalmente sobre os seus trilhos, e que com algo tão poderoso não havia nada que pudéssemos fazer… E então, de repente, este sistema é interrompido em todos os lugares, com consequências dignas da crise de 1929. O que poderia ter desencadeado tal unanimidade de decisões entre as elites intelectuais, econômicas e políticas? Diante deste cenário existencial, o enigma é social, mais do que médico […]. A crise da covid-19 foi tornada visível por um enorme trabalho de encenação”.[x]

Oportunidade que não podemos deixar passar

O Fórum Mundial da Economia, que ocorre todos os anos em Davos, na Suíça, terá em janeiro de 2021 como lema “O Grande Reset”.

Mas esse enigma começou, pouco a pouco, a ser desvendado pelos próprios paladinos do lockdown.

António Guterres, secretário geral da ONU e antigo presidente da Internacional Socialista, declarou que a pandemia provou a necessidade de um ‘reset’ no mundo “que enfatize os serviços de saúde sexual e reprodutiva da mulher” (este eufemismo é normalmente utilizado nos documentos da ONU para se referir ao aborto e outras abominações).[xi]

Gordon Brown, ex-premier britânico e enviado especial da ONU, advoga um “executivo provisório global”, que passe por cima das soberanias nacionais.[xii]

O Fórum Mundial da Economia, que ocorre todos os anos em Davos, na Suíça, terá em janeiro de 2021 como lema “O Grande Reset”. O Príncipe Charles declarou: “Para assegurar nosso futuro e prosperar, precisamos fazer evoluir nosso modelo econômico”. Segundo ele, devemos caminhar para um modelo subconsumista ecológico. “Simplesmente não podemos perder mais tempo, e precisamos mobilizar todos os líderes”.[xiii]O fundador e presidente do Fórum, Klaus Schwab, acrescentou que a covid é “uma oportunidade que não podemos deixar passar”.[xiv]

O Príncipe Charles declarou: “Para assegurar nosso futuro e prosperar, precisamos fazer evoluir nosso modelo econômico”. Segundo ele, devemos caminhar para um modelo subconsumista ecológico.

Slavoj Zizek, um dos mais propagandeados teóricos comunistas ainda vivos, afirmou logo nos primeiros dias do confinamento: “Talvez outro vírus muito mais benéfico também se propague e, se tivermos sorte, ele nos infectará: o vírus do pensamento sobre uma sociedade alternativa, uma sociedade além dos Estados-nação, uma sociedade atualizada em formas de solidariedade e cooperação global […]. O coronavírus também nos levará a reinventar o comunismobaseado na confiança nas pessoas e na ciência”.[xv]

Entretanto, o anúncio mais impressionante já havia sido feito durante a gripe H1N1 por Jacques Attalli, conselheiro dos sucessivos governos franceses e mentor do Presidente Emmanuel Macron. Segundo esse socialista, dentro de um futuro próximo haveria uma pandemia maior:

“Não podemos esquecer de tirar as lições [desta crise], para que antes da próxima, inevitável, sejam postos em prática mecanismos de prevenção, controle e processos logísticos para a distribuição justa de medicamentos e vacinas. Para isso, teremos de estabelecer uma política global, um armazenamento global e, portanto, um imposto global. Chegaremos então, muito mais rapidamente do que teria sido possível apenas por razões econômicas, a estabelecer as bases de um verdadeiro governo mundial”.[xvi]

Rumo ao modelo socialista-verde?

O Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, em seu best-seller “Psicose ambientalista”, denuncia uma revolução rumo ao modelo socialista-verde.

Passado o primeiro ‘susto’ com a pandemia, os ecologistas radicais começaram a levantar a cabeça um depois do outro. “A mudança ecológica é tão ameaçadora como a crise sanitária. O Estado e a sociedade civil enfrentaram a covid-19 com determinação. É urgente empregar a mesma energia para salvar a terra”.[xvii]

Novamente, é preciso impingir medo sobre medo, um pânico irracional e desproporcional: “A mudança climática e o colapso da biodiversidade, que precederam e acompanharão esta crise sanitária, representam uma ameaça ainda mais maciça, igualmente urgente e global”.[xviii]

Deixando claro o caráter dirigista dessa grande mudança, os ambientalistas afirmam que “a recuperação da crise do coronavírus é uma chance de redesenhar uma economia sustentável e inclusiva, revitalizando a indústria, preservando sistemas vitais de biodiversidade e enfrentando a mudança climática”.[xix]

Na Europa, os verdes trabalham dia e noite para impulsionar a implementação do Acordo Verde Europeu, lançado em dezembro de 2019. “Os pacotes de estímulo moldarão as economias e sociedades da Europa por décadas — devemos garantir que estes conduzam a um futuro mais verde, mais resiliente e inclusivo”.[xx]

Em maio, o prefeito de Milão, em reunião com 40 prefeitos de outras importantes cidades do mundo, afirmou: A maneira como estruturaremos nossos esforços de recuperação definirá nossas cidades para as próximas décadas”. Na mesma reunião, afirmou a prefeita de Montréal: “Precisamos mais do que nunca assumir nossa recuperação econômica no contexto de nossa luta contra a mudança climática. Também está claro para mim que a nossa recuperação econômica deve ir de mãos dadas com a nossa recuperação social”.[xxi]

Qual é a recuperação econômica e social almejada pelo grupo dos 40 prefeitos, em meio à pandemia? De Paris, Bogotá, Nova York e Cidade do México veio a resposta cheia de ‘sabedoria’: mais ciclofaixas (sic!)…

O portal de internet[xxii] do grupo mostra bem como sua resposta à pandemia chinesa é implantar a agenda ecologista radical. Que relação lógica há entre os dois problemas? Pouco importa. O que importa é seguir adiante na Revolução Verde, extensamente denunciada pelo Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança em seu best-seller “Psicose ambientalista”. O livro foi utilizado pelo Presidente Bolsonaro em Osaka, Japão, durante entrevista no G-20, para defender o Brasil de ataques dos ecoterroristas.

Chama a atenção o fato de o desmantelamento gradual da produção agropecuária não ter ficado de fora da “reconstrução” pós-vírus. A OCDE, em manifesto sobre a recuperação econômica depois da pandemia, assinala a importância de mudar o sistema de produção rural, que para os modelos ambientalistas tornou-se insustentável.[xxiii]

Mas se os fazendeiros não produzirem, como fará o mundo para se alimentar? Ah, isso não constitui problema! O mesmo documento responde, repetindo a cantilena ecologista: precisamos mudar nossa dieta, consumindo alimentos de baixa emissão de carbono. Há vinte anos, ser vegano era motivo de riso. Amanhã será um estilo de vida imposto pelos dogmas ecológicos. Oh, vírus terrível! Mudará até nosso regime alimentar…

Quem não percebe a artificialidade dessa manobra, desse teatro, dessa relação forçada?

Black Lives Matter acelerando a autogestão

Shaun King “conclamou à destruição das estátuas de Jesus Cristo e das igrejas cristãs, por sua representação da ‘Sagrada Família branca

A revolução anticristã de há muito sonha estabelecer no mundo um estado de coisas autogestionário; no qual, conforme imaginam muitos, a liberdade e a igualdade se abraçariam num mundo sem fé, sem hierarquia, sem lei. Este é o fim último do comunismo, mas a resistência da sociedade a isso não permitiu até o momento a sua implantação. É curioso considerar, neste sentido, o artigo do jornal Le Monde intitulado: Depois do Coronavírus, a sociedade do comum: “Os muitos apelos a uma profunda mudança no modelo econômico não nos devem levar a esquecer que o mea culpa feito por ocasião da crise financeira de 2008 resultou em apenas pequenas mudanças, e em alinhar os maus alunos do neoliberalismo como no caso da Grécia. O que poderá ser feito [agora] para garantir que os anúncios de ruptura se transformem em realidade?”[xxiv]

Segundo o articulista, as forças para essa mudança já estão presentes na sociedade, precisam apenas ser coordenadas a fim de forçar o avanço da revolução: “As forças sociais hoje são as dos territórios cujos habitantes se reúnem para decidir e agir de modo a poderem construir juntos uma boa vida para todos, num equilíbrio sustentável com seres vivos que compartilham o mesmo ambiente. Há muito separadas, essas forças sociais unem-se às lutas contra a discriminação de origem, as desigualdades, o aquecimento global, e pela biodiversidade. Eles levam uma política de emancipação de baixo para cima: a emancipação local das comunidades autogestionadas, e a das pessoas que, por meio desses coletivos, recuperam o controle sobre suas vidas”.

Esse amontoado aparentemente desconexo de palavras denuncia o velho plano comunista, para o qual são chamados a se unir todos — ambientalistas, ‘antirracistas’, ‘movimentos sociais’ — a fim de alcançá-lo. Em 2020 os anarquistas, por exemplo, infringiram todas as regras de distanciamento social; e os governos, sobretudo os de esquerda, pouco ou nada fizeram para impedi-los. De outro lado, parcas são as críticas de movimentos como o Black Lives Matter (BLM) às políticas de confinamento, embora se deva supor que elas são prejudiciais às suas manifestações. De onde vem tal solidariedade? A nosso ver, do fato de ambos os movimentos representarem seu próprio papel nesse teatro. Trabalham pelo mesmo desenlace, mas se juntam porque a peça de um ator só não impressiona nem convence.

É interessante notar que o movimento BLM, quando vandaliza e destrói estátuas de personagens históricos, ataca todos os símbolos da civilização, pois bem ou mal estes representam os restos de ordem e hierarquia. Basta ver que os ataques voltaram-se contra santos e símbolos religiosos, como a belíssima estátua de São Luís IX em Missouri, e de São Junípero Serra na Califórnia, onde foi apóstolo. Um dos membros do BLM, Shaun King, “conclamou à destruição das estátuas de Jesus Cristo e das igrejas cristãs, por sua representação da ‘Sagrada Família branca’, argumentando serem formas de ‘supremacia branca’ e de ‘propaganda racista’, que promovem a ‘opressão’.[xxv]

Inúmeras foram as profanações e sacrilégios ao longo deste ano pelo mundo inteiro, desde a imagem de Nossa Senhora de Lourdes decapitada nas ilhas Fiji; a Via Sacra de bronze decapitada com serras elétricas no Canadá (antes mesmo de os protestos do BLM terem começado), até a queima de igrejas em Santiago do Chile. Todas essas profanações parecem ter sido apenas o prelúdio da decapitação de fiéis que rezavam na catedral de Nice, na França, pouco tempo após a sinistra degola do professor francês Samuel Paty, tudo ao som tenebroso do grito islâmico “Allahu akbar”.

Em Nova York, a Planned Parenthood declarou que modificaria os procedimentos de aborto por medicamento, para minimizar a necessidade de viagens e a exposição dos ‘pacientes’ e dos funcionários à covid-19.

Efeitos catastróficos de uma grande manobra

Devemos acrescentar que, se é verdade que muitas das ditas medidas antivírus tenham sido totalmente artificiais e sem embasamento científico, geraram na prática consequências reais.

O jornal médico-científico The Lancet[xxvi] concluiu em seus estudos que os efeitos do confinamento generalizado já estão provocando uma fome “de proporções bíblicas” nas regiões mais pobres: “A crise social e econômica global sem precedentes, desencadeada pela pandemia da covid-19, representa graves riscos para o estado nutricional e a sobrevivência de crianças pequenas em países de baixa e média renda (LMICs). Particularmente preocupante é o aumento esperado da desnutrição infantil, incluindo o definhamento, devido à queda acentuada da renda familiar, mudanças na disponibilidade e acessibilidade de alimentos nutritivos e interrupções dos serviços de saúde, nutrição e proteção social.

“De acordo com o Programa Mundial de Alimentos, o número de pessoas em países de baixa e média renda enfrentando a insegurança alimentar aguda quase dobrará até o final de 2020.

“No início da pandemia da covid-19, a UNICEF estimou uma redução geral de 30% na cobertura dos serviços essenciais de nutrição, chegando a 75-100% em contextos de confinamento, inclusive em países frágeis, onde há crises humanitárias”.

As consequências para a moralidade pública não se fizeram esperar. Na Inglaterra o número de abortos subiu 25% durante o confinamento. Em Nova York, a Planned Parenthood declarou que modificaria os procedimentos de aborto por medicamento, para minimizar a necessidade de viagens e a exposição dos ‘pacientes’ e dos funcionários à covid-19.[xxvii] Uma espécie de ‘aborto express’

O confinamento trouxe um aumento assustador no consumo de pornografia em todo o mundo. Na Índia, a visita a sites do gênero subiu nada menos que 95%.[xxviii] Outro estudo mostrou que apenas um dos malfadados sites teve em uma semana 57% a mais de visitas vindas da Itália, 38% da França e 61% da Espanha.[xxix]

  O fenômeno causa preocupação, sobretudo vindo de países pretensamente católicos. Preocupação, sim, mas não surpresa, dado o mau exemplo crescente de certos altos eclesiásticos. Em 16 de julho, o Arcebispo Vincenzo Paglia, “já infame por ter encomendado um mural homoerótico para ser pintado em sua catedral, retuitou a imagem de um homem e uma mulher nus deitados no chão, rodeados de crianças nuas”.[xxx]O gesto permaneceu impune.

Outro efeito das medidas antivírus foi a soltura de criminosos. O Afeganistão libertou 98 prisioneiros talibãs.[xxxi] Apenas em abril, nos EUA haviam sido libertos mais de 16 mil presos,[xxxii] o que incluía detentos por assassinatos.[xxxiii] Na Europa, até junho tinham sido liberados 128.000.[xxxiv] No Brasil, o Conselho Nacional de Justiça afirmou, também em junho, que 32.500 presos tinham sido postos em liberdade devido à pandemia.[xxxv]

Prelados abandonaram os fiéis quando mais necessitavam

Em 17 de março, pela primeira vez em sua história, o santuário de Lourdes foi fechado.

Algo ainda muito mais grave veio somar-se ao cenário. Curvando-se sem resistência a todos os governos, e indo muito além das medidas oficiais, as igrejas se fecharam. No mundo inteiro. E de uma só vez.

Este seria o momento propício para grandes conversões, para os sermões inflamados, para as procissões, para os mutirões de confissão — mas foi a ocasião sinistra em que os fiéis pediram pão, mas receberam a pedra da recusa. O Santíssimo Sacramento e a Confissão, que certamente teriam sido fonte de inúmeras curas, foram-lhes recusados.

Em 8 de março, todas as missas públicas em Roma foram suspensas. Na semana seguinte, um secretário particular do Papa, Pe. Yoannis Gaid, anunciou: “Na epidemia do medo em que estamos todos vivendo, devido à pandemia do coronavírus, corremos o risco de nos comportarmos mais como assalariados do que como pastoresPenso nas pessoas que certamente abandonarão a Igreja, quando este pesadelo acabar, porque a Igreja as abandonou quando estavam em necessidade”.[xxxvi] Nada de mais verdadeiro, mas a lamentação ficou nas palavras: as igrejas continuaram fechadas.

Em 17 de março, pela primeira vez em sua história, o santuário de Lourdes foi fechado.[xxxvii] As piscinas ao lado da gruta, onde ocorre grande parte das incessantes curas, foram interditadas, sem previsão de reabertura.[xxxviii]

Em 13 de maio, festa de Nossa Senhora de Fátima, os fiéis foram proibidos de entrar na área do Santuário, cercado por milhares de membros da Guarda Nacional.[xxxix] Para quem teve olhos para ver, a Santíssima Virgem não deixou de manifestar seu desagrado: durante a cerimônia com o Santuário vazio, a imagem de Nossa Senhora quase caiu ao chão, por descuido de quem carregava o andor.

Em 17 de abril, o governador de Nova Jersey, nos EUA, confessava em entrevista à Fox News ter trabalhado junto ao Cardeal Joseph Tobin, Arcebispo de Newark, para garantir que os padres não distribuíssem os sacramentos, e que os outros bispos fizessem o mesmo.[xl] Porém, pouco tempo depois alguns bispos saíram a público apoiando os protestos do movimento anarquista Black Lives Matter. Dois bispos auxiliares de Washington participaram fisicamente de atos ligados ao movimento.[xli] Nada de Sacramentos, pois “o vírus é perigoso!” Mas para onde foi o vírus, quando os bispos apoiavam os anarquistas? “Ah, precisamos sacrificar-nos pelo bem comum”…

A assistência à Missa e cerimônias da Páscoa, e o subsequente cumprimento da obrigação pascal, foram negados aos fiéis de todo o mundo. Em 2.000 anos de história da Igreja, Diocleciano, Nero, a Revolução Francesa, a Revolução Comunista — nada havia conseguido tal intento.

Resta lembrarmos uma pergunta: Não poderá tudo isso atrair um castigo de Deus ainda maior, inclusive outras epidemias piores que a covid?

Todas as escolas na Inglaterra foram obrigadas a incluir aulas com a temática LGBTQ+ em sua grade.

Crise na Igreja em proporções nunca vistas

Chris Meserole, membro do Brookings Institution e da Universidade de Georgetown, atestou que o governo chinês está se utilizando da tecnologia digital para perseguir os grupos religiosos: “Em Xinjiang, por exemplo, os dados de localização de smartphones, tecnologia de reconhecimento facial, e transmissões de vídeo de ônibus, ruas e drones, podem ser usados para identificar quando indivíduos da mesma rede religiosa se reúnem clandestinamente, e isso pode ocorrer até em tempo real”.

Para gerar ainda mais confusão no panorama, no mesmo dia de Páscoa em que os fiéis haviam sido abandonados, os chamados ‘movimentos populares’ — entre os quais se acha o MST — receberam da Cátedra de Pedro uma mensagem de encorajamento: “Nestes dias de tanta angústia e dificuldade, muitos se referiram com metáforas de guerra à pandemia que sofremos. Se a luta contra a covid-19 é uma guerra, vocês são um verdadeiro exército invisível lutando nas trincheiras mais perigosas”.[xlii]

Outro fato simbólico veio se somar ao processo de autodemolição. Publicada em 25 de março a nova edição do Anuário Pontifício, uma mudança radical surgiu: o Papa renunciara ao milenar e glorioso título de Vigário de Cristo, relegando-o à condição de mero atributo histórico.

Enquanto isso, na China, a perseguição aos católicos fiéis ao Vigário de Cristo recrudesceu, diante da inércia da diplomacia da Santa Sé. Chris Meserole, membro do Brookings Institution e da Universidade de Georgetown, atestou que o governo chinês está se utilizando da tecnologia digital para perseguir os grupos religiosos: “Em Xinjiang, por exemplo, os dados de localização de smartphones, dados de localização de veículos, registros de pontos de controle, tecnologia de reconhecimento facial, e transmissões de vídeo de ônibus, ruas e drones, podem ser usados para identificar quando indivíduos da mesma rede religiosa se reúnem clandestinamente, e isso pode ocorrer até em tempo real”.[xliii]

Os defensores da família também receberam de mãos civis uma facada pelas costas. No Reino Unido, o ministro ‘conservador’ Boris Johnson prometeu proibir a terapia para os que procurassem cura para sua tendência homossexual.[xliv]

Mais para o fim do ano, “todas as escolas na Inglaterra foram obrigadas a incluir aulas com a temática LGBTQ+ em sua grade. As escolas secundárias vão educar os alunos sobre orientação sexual, identidade de gênero e relacionamentos. Já as primárias ensinarão crianças sobre famílias LGBTQ+”.[xlv]

Nos EUA, o ministro supostamente conservador Neil Gorsuch foi o relator do projeto que incluiu a ‘homofobia’ e a ‘transfobia’ nos delitos de discriminação, aumentando a possibilidade legal de perseguição religiosa.[xlvi]

Nova encíclica subverte a Doutrina Social da Igreja

O Vaticano caminha de mãos dadas com os diretores do teatro, rumo ao mesmo objetivo. Em 4 de outubro, o Papa Francisco lançou a Encíclica Fratelli Tutti, documento de 270 páginas no qual, em última análise, renuncia a todo ensinamento social dos papas, sobretudo as ‘Encíclicas Sociais’, do fim do século XIX.

         O pontífice admite ter-se inspirado no imã do Cairo, Ahmad al-Tayyeb, que é ademais citado em vários trechos do documento.[xlvii] Critica os católicos que apoiam governos ‘populistas’, que impedem a entrada de imigrantes ilegais, em clara referência às eleições norte-americanas.

         Fratelli Tutti endossa toda a agenda ambientalista e de governo mundial citada acima. Critica o conceito católico tradicional de propriedade privada, ao afirmar que há “uma subordinação de toda propriedade privada à destinação universal dos bens da terra” — mantra típico do progressismo, em seu ataque à instituição da propriedade.[xlviii]

O documento se afasta claramente da doutrina católica a respeito da guerra justa e da pena de morte. Como complemento da encíclica, ocorreu na cidade italiana de Assis um encontro com Francisco, para tratar de questões econômicas sob a perspectiva marxista.

O Brasil contrário às metas esquerdistas – pedra de tropeço

Toda essa movimentação internacional em favor de um ‘novo normal’, como descrevemos acima, talvez tivesse tido seu caminho inteiramente livre, não fossem algumas grandes — e quão grandes — pedras de tropeço.

De um lado o Brasil, pódio internacional da revolução verde desde a ECO-92, possuidor da maior floresta tropical do planeta, com a maior área de riquezas naturais existentes em qualquer outro país. Caso o Brasil estivesse nas mãos da esquerda, serviria hoje de líder inconteste na condução do mundo rumo à nova sociedade ambientalista.

O Sínodo da Amazônia, cozinhado desde 2013 pelo Cardeal Cláudio Hummes, fundador e presidente da Rede Eclesial Panamazônica, além de promotor do PT-Lula, seria um perfeito coroamento da manobra comuno-tribalista. Mas todo o halali ecologista viu-se frustrado com o levante conservador ocorrido no Brasil, que culminou com a eleição de Jair Bolsonaro, escolhido por suas posições antissocialistas, pró-família e pela propriedade privada.

Com o recuo do tempo, tornou-se fácil avaliar a que ponto a campanha midiática nacional e internacional se enfureceu contra o atual Governo Federal, desde que este decidiu não se dobrar aos ditames do ‘novo normal’. A esquerda internacional não pôde conformar-se em ter perdido o alto-falante mais importante para a sua arenga, que seria o nosso País onde se encontra a maior parte da Amazônia.

Traições, processos, briga institucional, estrondo publicitário, alvoroço de rua, tudo foi tentado — sem sucesso. Prevaleceu o bom senso nacional, para frustração dos diretores da peça teatral. O tiro da esquerda saiu pela culatra: no final do ano o Governo conservador chegou a índices recordes de popularidade. Apesar do lockdown, o campo produzirá neste ano safra recorde — 278,7 milhões de toneladas, “alta de 8% em relação à anterior”.[xlix] A infraestrutura nacional recebeu um impulso de há muito não visto, exatamente o contrário do que a esquerda miserabilista esperava para o Brasil.

Governo contrário à esquerda nos Estados Unidos

A freira Dede Byrne: “O maior grupo marginalizado do mundo pode ser encontrado aqui, nos Estados Unidos. São os nascituros”.

Outro obstáculo para os planos esquerdistas, cujas dimensões são difíceis de medir, é a posição atual dos Estados Unidos no cenário internacional, regido (até o momento em que escrevemos) pelo presidente republicano Donald Trump. Independentemente de reservas que se devam fazer à sua pessoa e a alguns itens de sua política, durante o seu mandato ele preferiu não ceder ao ‘novo normal’.

Em janeiro, a multitudinária Marcha pela Vida contou, pela primeira vez desde seu início em 1972, com a presença do presidente norte-americano. O exemplo foi seguido em setembro pelo mandatário polonês, na Marcha pela Vida em Varsóvia. Ambos os gestos deram uma lufada de ar fresco a todo o movimento internacional a favor da vida e da família.

Várias medidas concretas foram tomadas contra a indústria do aborto, como a exclusão do financiamento público à Planned Parenthood e organizações que defendem práticas abortivas. As medidas catapultaram a reação pró-vida no México, cuja Suprema Corte, em julho, negou a descriminalização do aborto no estado de Veracruz.[l]

A Convenção Nacional do Partido Republicano foi marcada pela nota anti-aborto e antissocialista. A freira Dede Byrne, vestida com o tradicional hábito de sua congregação, discursou no evento:

“Embora tenhamos a tendência de pensar que os marginalizados vivem além de nossas fronteiras, a verdade é que o maior grupo marginalizado do mundo pode ser encontrado aqui, nos Estados Unidos. São os nascituros. Como seguidores de Cristo, somos chamados a defender a vida contra o politicamente correto ou contra a moda de hoje. Devemos lutar contra uma agenda legislativa que apoie e até celebre a destruição da vida no ventre materno. Como médica, posso dizer sem hesitação: a vida começa na concepção. Embora seja difícil para alguns ouvir o que tenho a dizer, digo isto porque não sou apenas pró-vida, sou pró-vida eterna. Quero que um dia todos nós acabemos juntos no céu”.[li] Ao final, o cantor de ópera Christopher Macchio cantou a Ave Maria e o hino “Deus Abençoe a América”.[lii]

Os socialistas não silenciaram: estrondos publicitários diuturnos, processo de impeachment fracassado, violência, anarquia, ameaças, traições. Tudo culminou em um processo eleitoral polarizado como nunca antes, em que abundaram as alegações de fraude, que até o presente momento não se esclareceram definitivamente.

Após a morte da Ministra esquerdista da Suprema Corte, Ruth Gingsburg, em 18 de setembro,[liii] Trump nomeou, para desespero da esquerda, a católica pró-vida Amy Coney Barrett [foto] para o cargo.[liv]

Manifestações contra o confinamento

A dificuldade de quem produz fenômenos por demais artificiais é que em determinado momento o bom-senso do público pode renascer. É o que começou a acontecer.

Na Espanha, foi fundado o grupo Medicos por la Verdad, inicialmente formado por 140 médicos que questionaram publicamente a versão oficial do coronavírus veiculada pela Organização Mundial da Saúde.[lv]

Em Berlim ocorreram manifestações multitudinárias contra as medidas restritivas da liberdade.[lvi] Protestos semelhantes ocorreram na Inglaterra, Holanda, França, Polônia, Bélgica, África do Sul,[lvii] Sérvia, Canadá, EUA, Israel.[lviii] No Brasil não foi diferente.[lix]

Na Austrália várias pessoas foram presas, apenas por terem feito propaganda da manifestação anti-lockdown pelo Facebook. A arbitrariedade incluiu uma senhora prestes a dar à luz, algemada pela polícia de Melbourne em sua própria casa.[lx] Eis um futuro que pode nos estar aguardando.

Cresce no mundo a ação contra-revolucionária

A TFP Americana percorreu os 50 estados americanos, incluindo Alasca e Havaí, em uma “cruzada de rosários” pela conversão do país. Na foto, na Plaza Colón, em San Juan de Puerto Rico.

Não podemos deixar de mencionar, embora resumidamente, a quantidade enorme de graças com as quais a Providência quis favorecer em 2020 as entidades contra-revolucionárias em todo o mundo.

A TFP Americana realizou um grande percurso pelos 50 estados americanos, incluindo Alasca e Havaí, em uma “cruzada de rosários” pela conversão do país. Acompanhou a caravana a imagem peregrina milagrosa de Nossa Senhora de Fátima, que comprovadamente vertera lágrimas em Nova Orleans. Em Nevada, a oração do terço e do exorcismo fez um grupo satanista cancelar seu evento no dia seguinte.[lxi]

No Brasil, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira percorreu, em apenas 20 dias, 67 cidades, também numa ‘cruzada de rosários’.

Na França a TFP obteve, juntamente com outros grupos, uma grande vitória, depois de árdua campanha: o presidente da república confirmou que a catedral de Notre Dame de Paris, danificada pelo incêndio, seria reconstruída tal qual era, ao contrário dos intentos anticatólicos de desfigurá-la com uma reconstrução com toques de arte moderna. Assim foi salvo um dos símbolos máximos da Cristandade.

Na Holanda, país liberal ‘por excelência’, a ação contra-revolucionária cresce dia a dia, suscitando uma impressionante reação da opinião pública, tanto em matéria de vida e família quanto de propriedade privada.

Na Polônia, os membros da TFP mantêm cerrada campanha contra o movimento LGBT, cuja atuação procura de todas as formas impingir ao país sua agenda. Obteve milhões de visualizações nos vários canais de internet e redes sociais um vídeo mostrando um grupo de ativistas latindo (literalmente) contra a campanha da TFP.[lxii]

Fórum Parlamentar Europeu pelos Direitos Sexuais e Reprodutivos emitiu em junho um relatório reconhecendo com mau humor o papel das TFPs na luta em defesa da família. O documento é intitulado Cruzados dos Tempos Modernos na Europa: Tradição, Família e Propriedade – análise da rede de influência de inspiração católica, ultraconservadora e transnacional.[lxiii][foto]

No Equador, o Círculo Pio IX e a Sociedad Ecuatoriana Tradición y Acción promoveram intensa campanha, pedindo ao presidente que vetasse o Código Orgânico de Saúde. Esse código promoveria, entre outras abominações, o aborto e a ideologia de gênero. A batalha foi vitoriosa. Em 25 de setembro o mandatário vetou na íntegra o projeto que havia sido vergonhosamente aprovado pelo Parlamento.[lxiv]

Num total de 27 países — entre os quais Itália, Austrália, Canadá, Colômbia, Peru, Chile, Equador, África do Sul e Filipinas — as entidades inspiradas na atuação da TFP fundada pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira envidam todos os esforços para fazer sua parte pela honra da Santíssima Virgem, da Igreja e da Civilização Cristã.

Terá o século XX morrido por obra da covid?

Segundo a professora da Universidade de Princeton e da USP, Lilia Schwarcz, a Primeira Guerra Mundial arrancou da sociedade um certo ‘lustro civilizatório’ que havia no período da belle époque.
Multidões em Londres celebram a assinatura do Armistício no final da Primeira Guerra Mundial

A encenação teatral exibida no mundo em 2020, a propósito do coronavírus, faz muitos espíritos ponderados se perguntarem, sob a perspectiva a que nos referimos, se não chegamos ao ponto de inflexão do século: Teria o século XX morrido com a covid-19?

Mais importante do que considerar determinado século pelas contas matemáticas formais, deve-se considerar o conjunto de acontecimentos, a cultura, a mentalidade que caracterizam aquele período. Para alguns o século XVIII, por exemplo, terminou em 1789 com a Revolução Francesa. Todo o Antigo Regime caíra em consequência das convulsões geradas pelos que matavam, massacravam e subvertiam tudo em nome da liberdade, igualdade e fraternidade.

O século XIX, nesta perspectiva, teria terminado com a Primeira Guerra Mundial, depois do que todo o estilo de vida, os costumes e o próprio mapa do mundo mudaram de modo substancial. Segundo a professora da Universidade de Princeton e da USP, Lilia Schwarcz, a Primeira Guerra Mundial arrancou da sociedade um certo ‘lustro civilizatório’ que havia no período da belle époque.[lxv]

De acordo com a historiadora, “os séculos não terminam porque a gente vira a folha do calendário, mas quando existem grandes crises que colocam em questão verdades que foram muito divulgadas durante o seu transcurso. No caso do século XX, havia como pressuposto que a tecnologia nos emanciparia, que estávamos livres das amarras geográficas, e eis que um micro-organismo fez com que grandes impérios, todos os países parassem”.

Visita da imagem milagrosa de Nossa Senhora de Fátima na sede principal da TFP, em São Paulo, em maio de 1973.

O espectro da guerra, a Mensagem de Fátima e a vitória

De acordo com esta visão dos séculos, a Primeira Guerra Mundial teria marcado o ponto de inflexão do século XIX. Agora vemos aparecer no horizonte uma série de sinais beligerantes. Tais sinais fazem lembrar o que diz a Santíssima Virgem de Fátima sobre “os dias de tribulação com que Deus tem determinado punir as nações de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de várias perseguições à Santa Igreja e ao Santo Padre”.[lxvi]

O segundo semestre de 2020 viu a Bielorrússia convulsionada em consequência da ação da Rússia; a Suécia sentir o calor do fogo na casa dos vizinhos e se armar;[lxvii] a Índia movimentar suas tropas contra uma invasão chinesa em Ladakh;[lxviii] a Suíça entrar em estado de alerta militar;[lxix] a Turquia ameaçar militarmente Grécia e Chipre, usando alta tecnologia de guerra espacial;[lxx] e se envolveram em conflito armado a Armênia e o Azerbaijão.[lxxi]

Serão essas movimentações o início do que predisse a Santíssima Virgem? Farão parte do teatro? Será mais um blefe propagandístico?

A resposta a essas perguntas talvez seja dada pelos fatos, neste próximo ano ou nos seguintes. Em qualquer circunstância, quem é católico e tem fé sabe que a Providência vela pelos fiéis. E que o castigo anunciado em Fátima será o preâmbulo da vitória retumbante de seu Imaculado Coração, também prometida na Cova da Iria.

É do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira esta palavra de Fé e confiança: “O futuro dos homens está nas mãos de Deus. Mas as mãos de Deus dependem, por desígnio d’Ele mesmo, do Coração de Maria”. Portanto, entreguemo-nos a Ela, façamos nossa parte e confiemos. O restante Ela fará.

Fonte: ABIM


Fonte: Revista Catolicismo, Nº 841, Janeiro/2020.

[i] Referimo-nos à cerimônia realizada em 27 de março de 2020 na Praça de São Pedro. Cfr. UOL, 27/3/20.

[ii] CNBC News 5/3/20.

[iii] BBC News, 13/12/19.

[iv] CNN, 5/2/20.

[v] Alternatives Economiques, 2/9/20: “La crise économique engendrée par le covid-19 va, à l’entendre, lui permettre de passer la vitesse supérieure dans ses réformes, d’enfinir avec les transformations trop lentes. Bref, daccélérer.

[vi] Id. ib.

[vii] Corrispondenza Romana, 6/5/20.

[viii] The Guardian, 25/1/19.

[ix] BBC News, 27/6/20.

[x] Le Figaro 8/6/20.

[xi] LifeSiteNews, 10/9/20.

[xii] Reinformation.TV, 27/3/20.

[xiii] Le Figaro 3/6/20.

[xiv] Id. ib.

[xv] OutrasPalavras, 3/3/20.

[xvi] Express, 3/5/2009, comentado por Jeanne Smits em https://leblogdejeannesmits.blogspot.com/

[xvii] Entrevista do antropólogo Bruno Latour ao jornal Le Figaro, 8/6/20.

[xviii] Id. ib.

[xix] Artigo na página oficial de World Economic Forum, 14/5/20, disponível em: https://www.weforum.org/agenda/2020/05/the-european-green-deal-must-be-at-the-heart-of-the-covid-19-recovery/

[xx] The Guardian, 1/5/20

[xxi] Id. ib.

[xxii] c40.org

[xxiii] Cfr. Site official da OCDE: Building back better: A sustainable, resilient recovery after covid-19, ponto 16. Disponível em https://www.oecd.org/coronavirus/policy-responses/building-back-better-a-sustainable-resilient-recovery-after-covid-19-52b869f5/.

[xxiv] Por Hervé Defalvard, Le Monde 17/4/20.

[xxv] The Daily Wire, 23/6/20.

[xxvi] 27/7/20.

[xxvii] USA Today, 13/4/20.

[xxviii] India Today, 11/4/20.

[xxix] The Star, 27/3/20.

[xxx] LifeSiteNews, 16/7/20.

[xxxi] CNN 3/5/20.

[xxxii] Cfr. Fox News, disponível em: https://www.foxnews.com/us/here-is-how-many-prisoners-have-been-released-covid-19

[xxxiii] Los Angeles Times, 9/8/20.

[xxxiv] Courthouse News Service, 18/6/20.

[xxxv] Valor Econômico, 12/6/20.

[xxxvi] Crux, 15/3/20.

[xxxvii] G1, 17/3/20.

[xxxviii] OuestFrance, 15/8/20.

[xxxix] UOL, 12/5/20.

[xl] LifeSiteNews, 17/4/20.

[xli] The Pilot, 6/9/20.

[xlii] Carta do Papa Francisco aos Movimentos Populares, 12/4/20.

[xliii] LifeSiteNews, 16/7/20.

[xliv] BBC News, 20/7/20.

[xlv] UOL, 14/9/20.

[xlvi] LifeSiteNews, 15/6/20.

[xlvii] Le Figaro, 4/10/20.

[xlviii] Id. ib.

[xlix] G1, 25/8/20.

[l] LifeSiteNews, 30/7/20.

[li] Catholic News Agency, 26/8/20.

[lii] Newsweek, 28/8/20.

[liii] The New York Times, 18/9/20.

[liv] CNBC, 25/9/20.

[lv] Cfr. https://cienciaysaludnatural.com/140-medicos-de-espana-declaran-la-verdad-sobre-el-coronavirus/

[lvi] Jovem Pan, 31/8/20.

[lvii] Cfr. Reuters 18/5/2020.

[lviii] Folha de S. Paulo, 15/4/20.

[lix] Cfr. UOL, 19/4/20.

[lx] Gazeta do Povo, 2/9/20.

[lxi] Assista em:https://www.youtube.com/watch?v=Xao867HD7RQ

[lxii] Assista em: https://www.youtube.com/watch?v=n_awsp7QZuE

[lxiii] Escrito por Neil Datta, Secretário do European Parliamentary Forum for Sexual and Reproductive Rights – EPF.Bruxelas, junho de 2020.

[lxiv] Prensa Latina, 25/9/20.

[lxv] Entrevista de Lilia Schwarcz ao programa “Tempo Hábil” do jornal “O Tempo”, em 8/5/20.

[lxvi] Cfr. Memórias e Cartas da Irmã Lúcia, p. 436; De Marchi, p. 312; Galamba de Oliveira, p. 153.

[lxvii] Cfr. The New York Times, 26/8/20. Sweden Raises Alarm over Russian Military Exercises. Disponível em: https://www.nytimes.com/2020/08/26/world/europe/sweden-russia-NATO-Baltic-Sea.html.

[lxviii] The Telegraph India, 6/9/20.

[lxix] Site oficial do Departamento de Defesa Suíço, 27/8/20. Disponível em: https://www.vbs.admin.ch/de/home.detail.news.html/vbs-internet/wissenswertes/2020/200827.html

[lxx] Nordic Monitor, 6/9/20. Turkey gears up for conflict with Greece, Cyprus in outer space, secret document reveals, por Abdullah Bozkurt.

[lxxi] The New York Times, 4/10/20.

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