segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

APPACDM de Coimbra escreve e fotografa a história de vida de pessoas com deficiência intelectual

“A deficiência intelectual é invisível. Contudo, por trás desta deficiência, estão pessoas que, mesmo com as suas dificuldades, têm uma história, que nos mostra que lidam com problemas iguais a tantas outras pessoas, mas que encontraram forma de se superar, de desafiar todos os estereótipos que ainda prevalecem e de trilharem o seu caminho”.

Esta é a história por trás das histórias de uma iniciativa que a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Coimbra tem vindo a desenvolver desde julho de 2021. As palavras são de Ana Cruz, coordenadora do projeto “Imagens e Histórias: eu mudo, tu mudas e juntos mudamos o mundo”. O projeto conjuga duas áreas de atuação: contar as histórias de vida dos utentes, não só através de palavras, mas também da fotografia, através dos seus retratos.

A iniciativa quer contar a história e fotografar cerca de 70 utentes da APPACDM de Coimbra. Os utentes passaram por um processo de autorreflexão, em que contaram a sua história, através da técnica de fototerapia. Depois, por meio do método de storytelling, as suas vidas passam para o papel, com a ajuda de técnicas da instituição.

“Queremos que as suas imagens, expressões, risos perdurem e que contem tudo o que são e o que superaram. Para que a sociedade perceba que a deficiência intelectual é muito mais do que o seu estereótipo habitual. Queremos desconstruir estas ideias e desmitificar preconceitos e contribuir para mudar a representação social da pessoa com deficiência na sociedade”, afirma a coordenadora do projeto.

Já a segunda parte, os retratos, ficaram a cargo do fotógrafo João Azevedo. A instituição propôs o desafio de fotografar, retratando de forma genuína os seus utentes, e o artista abraçou, de imediato, o projeto. “O seu trabalho, enquanto contador de histórias através de retratos, não nos deixou indiferentes – bem pelo contrário, mostrou-nos a importância do retrato, do capturar a imagem para deixar transparecer as emoções de cada pessoa”, conta Ana Cruz.

O projeto, cofinanciado pelo Programa de Financiamento a Projetos pelo INR, I. P., teve as suas primeiras histórias publicadas em setembro deste ano, semanalmente, no Diário de Coimbra. “Vimos pessoas a abrir o jornal à procura de qual seria a história que naquela semana as iria surpreender e o rosto dos nossos jovens iluminar-se cada vez que viam o seu retrato no jornal”, refere a coordenação do projeto.

“O nosso objetivo era informar e sensibilizar, procurando contribuir para mudar a perceção social sobre a deficiência intelectual, mostrando a identidade de cada um e dando-lhe um rosto”, afirma.

Assim, o projeto não irá ficar por aqui. "Temos muito mais histórias e muitos outros rostos que merecem ser conhecidos”, pelo que a parceria com o jornal regional vai continuar durante 2022. Para além disso, está a ser organizada "uma exposição itinerante, que possa tornar cada dia mais visível a força destes sorrisos”.

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