segunda-feira, 10 de abril de 2017

ANTÓNIO GUTERRES NA ONU: 100 DIAS DE INAÇÃO E DE DESILUSÃO



O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, quando foi eleito, foi visto de modo muito positivo e esperançoso por parte de imensos milhares de milhões de cidadãos do mundo. Esses mesmos criaram a expetativa de que o seu desempenho naquele cargo viria a contribuir significativamente para a paz, mais e maior respeito pelos direitos humanos, etc. Não aconteceu assim e já lá vão 100 dias do seu desempenho no cargo. Dias que foram marcados por uma ação censória do SG sobre o diferendo (se assim se pode chamar) Israel-Palestina. Ação censória de um relatório que mostrava quanto Israel infringe os direitos humanos e outras regras através da sua criminosa atuação contra a Palestina e seus cidadãos. Guterres simplesmente ordenou que o relatório fosse retirado de publicação pública, o que claramente condenou ao limbo o conhecimento e o esclarecimento dos cidadãos, proporcionando proteção e vantagem a Israel.

Vem agora a Amnistia Internacional criticar o secretário-geral da ONU apontando falta de ação e assertividade a Guterres. Sustentando essas criticas com factos. O que pode ler na íntegra se continuar a ler. Temos assim que nos 100 dias de Gueterres houve inação e muita desilusão, ao contrário do que se esperava quando da sua eleição. (CT / PG)

 Amnistia Internacional aponta falta de ação e assertividade a Guterres

Os 100 primeiros dias de António Guterres à frente das Nações Unidas ficam marcados pela "completa inação" no conflito do Iémen e pouca assertividade na questão dos colonatos israelitas em Gaza, na análise de uma alta responsável da Amnistia Internacional.

"Entramos no reino em que a Amnistia Internacional já mostra preocupação. Uma das principais áreas, para nós, é o conflito do Iémen. Ele [Guterres] disse que este é um dos principais temas que iria atacar e ouvimos coisas muito positivas sobre a forma como gosta de se envolver pessoalmente na mediação. No entanto, não vimos nada", disse à agência Lusa a diretora do gabinete da Amnistia Internacional junto das Nações Unidas, em Nova Iorque.

"Não vimos qualquer ação, quaisquer esforços tangíveis. Apesar das viagens que ele fez à região há uns meses, logo no início do seu mandato", realçou Sherine Tadros, britânica de origem egípcia que assumiu a liderança do gabinete da Amnistia Internacional na ONU em 2016.

As agências da ONU têm reportado o Iémen como "o maior desastre humanitário" que têm em mãos, com várias áreas em situação de fome e uma ameaça de fome generalizada.

"O que está ele a fazer para pressionar a Arábia Saudita, a coligação [árabe] para parar esta guerra? O que está ele a fazer para mediar entre os huthis (rebeldes) e os sauditas? Não vemos esforços", afirmou a antiga jornalista.

O governo do Iémen, apoiado por uma coligação árabe liderada pela Arábia Saudita, tem vindo a combater uma insurreição armada de rebeldes huthis (apoiados pelo Irão) pelo controle do país. Desde 2015, a guerra já fez mais de 7 mil mortos.

Sherine Tadros também se mostrou "desiludida" com a ação de Guterres na questão dos colonatos israelitas em Gaza, nomeadamente quanto à resolução 2334, adotada pelo Conselho de Segurança da ONU no final do ano passado e que condena a ação israelita.

"Em vez de apresentar um relatório escrito sobre a falta de aplicação da resolução por parte de Israel, o Secretário-Geral mandou um dos seus enviados fazer um 'update' oral - sem nada escrito - aos membros do Conselho de Segurança", criticou Sherine Tadros.

Para Tadros "isto mostra que Guterres não usou na totalidade os poderes que lhe foram dados pela resolução para trazer Israel à responsabilidade".

Sobre a questão da Síria, Tadros considera que "mais uma vez vimos Guterres a dizer todas as coisas certas e a exigir moderação".

"Mas ainda está por ver como é que ele poderá ajudar a unir o Conselho de Segurança. Esta é a guerra que define [a futura prevenção de conflitos]. Tem de haver ação, se não num cessar-fogo, pelo menos na questão dos refugiados", apelou.

A diretora da Amnistia Internacional ressalvou que é "sempre muito difícil fazer uma apreciação dos 100 primeiros dias", mas disse que existe na ONU uma expectativa "de que Guterres faça imensas coisas, porque vem da agência para os refugiados".

Por outro lado, a Amnistia -- que considera "muito positivo" o envolvimento de Guterres com a sociedade civil -- destacou, sobretudo, "o compromisso de Guterres quanto à igualdade de género".

"Aqui tem sido mais do que palavras. Temos visto ação", disse Sherine Tadros, dando como exemplo a nomeação de três mulheres para cargos de muito alto nível no gabinete executivo.

Também em declarações, por escrito, à Agência Lusa o presidente do Comité Internacional da Cruz Vermelha enalteceu a abordagem de Guterres virada para enfocar a ONU nas "soluções políticas" e na "prevenção dos conflitos".

"Esta abordagem vai dar grande apoio à comunidade humanitária internacional, como um todo, na redução das necessidades das pessoas, na assistência e na proteção", considerou Peter Maurer.

Para o responsável máximo da Cruz Vermelha, a ação do novo secretário-geral "tornou mais fácil dar uma resposta à fome em vários países".

Lusa, em Notícias ao Minuto

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