terça-feira, 10 de outubro de 2017

Eu, Psicóloga | Perdoar não significa querer conviver…


Na maioria das vezes, perdoar é um bem que fazemos a nós mesmos.

Paramos de nos punir por algo de mal que fizeram contra nós. Paramos de permitir que as atitudes destrutivas de terceiros continuem definindo as nossas escolhas, continuem interferindo no nosso olhar sobre o mundo. Perdoar, na maioria das vezes, é cuspir o veneno que puseram em nosso copo, é se recusar a engolir algo negativo que não vem de nós. Perdoar é dar uma chance para si mesmo. Uma chance para sorrir mais, para se sentir mais leve, mais em paz.

Sim, nem sempre perdoar significa querer conviver com quem nos feriu diretamente ou indiretamente, sem querer ou com real intenção de nos machucar. Perdoar é parar de alimentar o ressentimento contra quem nos magoou. É entender que a vida segue em frente, que precisamos deixar para trás histórias tristes para que possamos escrever outras mais alegres.

Cada um tem um tempo para perdoar. Algumas pessoas demoram mais. Não vejo problemas nisso. Inclusive, não vejo grandes problemas em não perdoar. Sim, tem coisas que não conseguimos aceitar. Vai se fazer o que? Perdão que vale a pena é perdão sincero, de coração, mesmo que custe um pouco para chegar. Muitas vezes, após perdoar uma grande ofensa ou perdoar uma atitude que gerou consequências graves para a nossa vida, desejamos voltar a conviver com quem nos feriu. Em outras vezes não. Simplesmente perdoamos, simplesmente deixamos de dispensar maus sentimentos a quem nos ofendeu e prejudicou, mas não sentimos mais vontade de bater longos papos, sair junto, falar sobre a nossa vida e sentimentos. Muitas vezes, a gente deseja realmente o bem do outro, mas preferimos ficar longe pois a presença da pessoa aciona teclas tristes, dolorosas. O encanto quebra.

Perdoar não é esquecer. Vou mais longe: nem sempre perdoar é compreender e concordar.

Sim, muitas vezes perdoamos o outro, mas continuamos sem concordar com as suas atitudes. Continuamos sem compreender exatamente as suas motivações.
Na maioria das vezes, perdoar é um bem que fazemos a nós mesmos. Paramos de nos punir por algo de mal que fizeram contra nós. Paramos de permitir que as atitudes destrutivas de terceiros continuem definindo as nossas escolhas, continuem interferindo no nosso olhar sobre o mundo. Perdoar, na maioria das vezes, é cuspir o veneno que puseram em nosso copo, é se recusar a engolir algo negativo que não vem de nós.

Perdoar é dar uma chance para si mesmo. Uma chance para sorrir mais, para se sentir mais leve, mais em paz.
Obviamente, que quando o perdão vem junto com a vontade de reatar a amizade ou parceria afetiva de forma plena é maravilhoso. É quase um ressurgimento das cinzas. É umas das melhores experiências da vida. Mas nem sempre é possível. E não devemos nos obrigar a conviver com quem não queremos mais perto de nós, pois amor e amizade não se força.

Debora Oliveira
Psicóloga Clínica 

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