terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Centeno eleito. E agora o quê?

P
 
 
Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
Bom dia!
Prepare-se para mais um dia de frio.
E de muitas notícias:

O director do FBI fez um discreto desafio ao Presidente. Depois de Trump ter dito que a agência está "esfarrapada", Christopher Wray escreveu aos seus 35 mil funcionários para dizer que é "uma honra" servi-los. Mas nunca usou o nome de Donald.
O Supremo autorizou o veto migratório de Trump. Depois de ter sido bloqueada por vários tribunais norte-americanos, a terceira versão do veto migratório a imigrantes de vários países, na sua maioria muçulmanos, foi agora autorizado. Com dois votos contra.
A Irlanda foi forçada a receber 14 mil milhões de euros da Apple. O Governo de Dublin chegou a acordo com a gigante americana para começar a receber os impostos que a tinha dispensado de pagar. Azar dos Távoras, a Comissão Europeia obrigou a isso, determinando que a isenção de imposto à Apple era ilegal à luz das directivas da UE. A história está no The Guardian.
Theresa May arranjou um problema com a Escócia, Londres e Gales.Um estatuto comercial diferente do resto do Reino Unido pode não agradar aos unionistas da Irlanda do Norte – receosos de qualquer medida que enfraqueça os laços a Londres –, mas a excepção que o Governo britânico admitiu abrir para aquela região agrada (e muito) a outras partes do país. 
House of Cards vai mesmo continuar (mas sem Kevin Spacey). A Netflix anunciou que vai retomar a produção da última temporada da série. E a nova personagem principal vai ser...

O que marca o dia 

Centeno, eleito, quer "desafiar os equilíbrios". O que, traduzido pelo Sérgio Aníbal, quer dizer “questionar, encontrar os erros” que viu no Eurogrupo. A eleição foi ontem, com avisos ao OE português pelo meio (anota o Negócios), num processo diplomático que Paulo Rangel descreve assim. E traz-nos várias pistas para o que se segue.
E agora? Agora Centeno irá desafiar os tecnocratas, escreve Rocha Andrade (seu ex-secretário de Estado). Ou entrar "no ninho dos falcões", estragando a vida à esquerda e o discurso à direita - acrescenta o João Miguel Tavares. Ou talvez abrir "a época dos compromissos sobre o futuro do euro", explica-nos a Teresa de Sousa. Por cá, pode abrir outro caminho: e que tal uma remodelação? - pergunto eu no Editorial.
Enquanto isso, temos um impasse europeu. O PSD ameaça chumbar a entrada de Portugal na defesa comum da UE - deixando o Governo isolado nesse processo de integração. O caso vai a votos amanhã, mas tem hoje um capítulo mistério: que documentos mandou o Governo aos deputados? A Sofia Rodrigues e a Maria Lopes explicam o caso.
Há também um impasse na venda da TVI. Ao contrário do que pedia ontem o presidente da Impresa, a ERC não deve pronunciar-se de novo sobre a proposta da Altice.
Hoje acaba outra discussão pública, a da eutanásia. E o presidente do Conselho de Ética para as Ciências da Vida deixa um alerta, numa entrevista ao PÚBLICO: “A lei não pode induzir sofrimento adicional ao doente”. E desaconselha um referendo.
A nossa concorrência também tem novidades:
O Governo suspendeu um apoio aos bombeiros. O inquérito da Protecção Civil detectou deficiências nas refeições distribuídas aos bombeiros durante 17 incêndios, tendo decidido suspender por 20 dias o pagamento de reembolsos por estas despesas, revela o DN de hoje. O presidente da Liga dos Bombeiros diz à TSFque é "uma caça às bruxas lamentável".
Arrendar quartos em casa vai dar desconto nos impostos. Isto, claro, se os preços forem 20% abaixo dos preços do mercado, anota o JN.
Na EDP há uma figura de saídaEduardo Catroga vai deixar de ser chairman - e há um ex-ministro e um ministro-sombra na lista da sucessão, conta o ECO. 

Ler para reter

1. Os podcasts chegam à idade maior. O formato nasceu no início do século, mas só agora se está a impor. O áudio digital está a viver um período de grande criatividade e as opções de escuta são cada vez maiores. Para entrar neste mundo, é melhor por os headphones começar por aqui (com direito a um guia de escuta e à oferta do que nós, no PÚBLICO, já temos para lhe dar). 
2. “A inteligência artificial precisa de controlo humano”. Catelijne Muller é uma das vozes mais autorizadas da UE sobre as implicações que a inteligência artificial terá no continente europeu. Entrevista por nós, alerta para as consequências desta nova realidade, que diz não poderem ser uma fatalidade. Um exemplo? Aqui vai: "Um dos maiores problemas é que o conhecimento e o volume de informação necessários para desenvolver a IA estão nas mãos de apenas cinco, seis grandes empresas". Pois é. Temos mesmo que falar sobre isto.
3. E se formos os últimos seres vivos a alterar a Terra? A pegada ecológica gigante que estamos a deixar no planeta está a transformá-lo de tal forma que os especialistas consideram que já entrámos numa nova época geológica. E muitos defendem que, se não travarmos a crise ambiental, mais rapidamente transformaremos a Terra em Vénus do que iremos a Marte. Seja bem-vindo ao Antropoceno. Ou não, diz a Raquel Dias da Silva.
4. Um Monthy Python em Portugal: “A boa comédia é na verdade um protesto”. Michael Palin esteve em Viseu, num festival literário, para falar da intemporalidade da comédia que fez há 50 anos, mas também sobre livros, Trump e viagens. A Joana Amaral Cardoso teve a sorte de o entrevistar. E começou assim a conversa: "Alguma vez se cansa de falar sobre os Monty Python? Honestamente."

Agenda do dia

Depois de eleito para uma nova vida no Eurogrupo, Mário Centeno vai estar na reunião do Ecofin. Em Lisboa, o seu colega Vieira da Silva voltará à Concertação Social, para discutir o aumento do salário mínimo. Quanto ao Presidente, vai encerrar um ciclo de debates sobre como "Decidir sobre o Final da Vida" - o nome menos difícil que se usa para a palavra eutanásia.
Lá por fora, começa a campanha para as eleições na Catalunha. E vai a votos o substituto proposto por Donald Trump para o banco central americano
O dia termina com os jogos da Liga dos Campeões: o Sporting vai a Barcelona com um palpite de Jesus; o Benfica recebe o Basileia sem vontade de olhar para trás.
Dito isto, hoje despeço-me como a Assunção, 
com um beijinho ou um abraço. E um até já :) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário