Nasceu em Lisboa há 27 anos, mas veio morar para Cantanhede, ainda bastante pequeno, por conta do trabalho do pai. Chama-se Gonçalo Magalhães, vive no Concelho de Cantanhede e é, certamente, um dos autarcas mais jovens do país.
Jornal Mira Online entrevistou-o no começo deste ano de 2018 em sua casa, perto de Febres e traz agora, um pouco da vida deste jovem que foi eleito pelas listas do PS de Cantanhede e é vereador na Câmara Municipal…

Arquietura: um sonho antigo tornado realidade
Gonçalo estudou primeiramente em Cantanhede, fez o secundário em Coimbra e, depois, voltou à terra natal para estudar arquitetura e aí  ficou até terminar o mestrado, quando defendeu a tese “Metodologias de Planeamento Urbano e boas práticas”… tendo obtido 18 valores, uma excelente referência para este jovem promissor que preferiu – como bom filho – retornar à casa…  como quem diz, à cidade marialvina.
“Nesta tese de mestrado” – conta – “procurei mostrar que vivemos numa sociedade onde todas as informações estão interligadas. O que procurei fazer foi uma mega-simulação de uma cidade com grandes quantidades de dados relacionados entre si, para demonstrar o que é possível fazermos no dia-a-dia”.
Toda esta base de estudos não nasceu do dia para a noite. Desengane-se quem pensa que Gonçalo Magalhães escolheu uma faculdade ou um curso ao acaso: “Se não fosse arquiteto?” – pergunta – “eu tinha mesmo de ser arquiteto! Desde os meus 10 anos de vida, decidi-me por esta área e jamais fiz menção de mudar… eu queria era fazer o que fiz, estudar exaustivamente até conseguir “desenhar” o modo de vida daquelas pessoas – é isso o que alguém ligado ao urbanismo faz: procurar melhorar a capacidade de vida das populações!”
Cantanhede
Trazer para a sua cidade de Cantanhede novas ideias nesta área, uma nova visão, mais adequada aos tempos que correm, foi o motivo que o fez aceitar a candidatura como número 2 do PS à Câmara.
Com a eleição de Helena Teodósio ao mais alto cargo municipal, Gonçalo assumiu um cargo de vereador sem pelouro… mas, isso em nada o beliscou: continua a querer o melhor para o Concelho e tenta dar ideias que ajudem na renovação e na busca de uma nova imagem para o território: “Este é um desafio aliciante… ajudar na preservação histórica do Concelho, nunca descurando o planeamento urbano que é tão necessário ser feito. A Câmara tem por obrigação, ajudar na preservação da vertente histórica deste espaço que não é tão pequeno quanto possa parecer”. Mais, Gonçalo Magalhães considera que “todo o Concelho está uma desgraça, na minha opinião, nesta parte tão sensível da vida de cada um: o que imagino para Cantanhede é uma zona urbana que possa ser conjugada com a zona rural, sendo que esta deve crescer com regras para que não perca a sua identidade. Imagino-a dentro de cinco décadas e, se não for feito um planeamento adequado do seu crescimento, ela continuará da mesma forma, somente com a diferença de estar mais envelhecida!”.
Avançando um pouco no assunto, este jovem sempre bem-disposto afirma, de uma forma bastante séria que “falta-nos, no final das contas, mais educação cívica e menos individualismos. Se percebermos bem as coisas, individualmente todos saímos a ganhar com o progresso coletivo… a valorização se faz com o progresso, com a mudança, com o planeamento e não com a estagnação ou ao querermos tudo para nós próprios!”
A candidatura
“Candidatei-me na perspectiva de que me sinto um cidadão ativo. Tenho uma forte ligação afetiva com Febres e, durante as primeiras reuniões que tivemos no sentido de se elaborar um trabalho programático, começou a falar-se na eventualidade de candidatar-me para um cargo na Câmara… aceitei, pois vi ali uma oportunidade maior de desenvolver e poder dar mais de mim, naquilo a que estou ligado. Este é um trabalho bastante interventivo e é assim que quero ser: quero poder sentir, todos os dias, que posso ser útil. Na Câmara Municipal, como vereador, sei que acabo por conseguir dar “algo mais” do que se estivesse na Junta de Freguesia”.
Na verdade, mesmo tendo feito parte da lista do PS, Gonçalo sempre se julgou – e, deixou isso sempre muito claro – um “independente”. Porquê? “Um independente consegue ser muito mais eficaz no trabalho que realiza, do que ao pertencer a uma cor partidária ou outra”. Confessando ter encontrado alguns “choques partidários, no início”, hoje Gonçalo Magalhães diz acreditar que esta fase já passou e que “estamos a ser todos mais cooperantes e agora conseguimos compreender melhor as ideias que cada um possa ter sobre as mais diversas situações”.
A Câmara não é um fim em si próprio…
Passados os “enormes obstáculos” dos primeiros tempos de vereação junto do partido pelo qual se candidatou, o vereador Gonçalo Magalhães tem sentido do actual executivo “uma boa abertura, sendo que a nossa relação é cordial, construtiva e positiva… na minha área específica – o urbanismo – percebo que eles têm ouvido as propostas, analisam-nas, mas também sei que acabarão por colocar algumas em prática, sem defender os valores ou timmings que defendo”.
Ainda é muito cedo para fazer alguma análise mais profunda do trabalho que será desenvolvido ao longo do tempo, mas “ser político não é uma prioridade” – diz, para rematar desta forma: “Como já disse, quero é poder ajudar, dar ideias, criar algo de bom para o meu Concelho. Não sei se daqui 12, 15 anos estarei a fazer isto na área municipal… na verdade, não quero crescer no mundo político… quero intervir na sociedade… isto é o que me move, verdadeiramente!”