O novo emprego de Maria Luís Albuquerque continua na ordem do dia e o PS quer ouvir no Parlamento os novos patrões da ex-ministra das Finanças. Entretanto, socialistas e bloquistas aliam-se para mudar a Lei das Incompatibilidades em Cargos Públicos.
Maria Luís Albuquerque foi anunciada como a nova administradora não executiva da Arrow Global Group PLC, empresa que adquiriu a sociedade Whitestar Asset Solutions que fez diversos negócios com o Banif.
Ora, o PS apresentou na Comissão de Inquérito parlamentar ao caso Banif uma solicitação para que sejam ouvidos os gestores da Whitestar Asset, John Calvão e João Ferreira Marques.
No documento a que o Expresso teve acesso, o PS nota que a sociedade adquiriu, em 2014, “cerca de300 milhões de euros de crédito malparado” do Banif e que, mais recentemente, “foi contratada para avaliar a carteira de crédito em risco e imóveis da Oitante”, a empresa criada para gerir os activos tóxicos do Banco.
Os socialistas lembram ainda que, aquando da contratação da ex-ministra, “o próprio CEO da Arrow Global Group PLC salienta a importância do percurso político de Maria Luís Albuquerque para a referida contratação”.
Nesse sentido, o PS espera que os dois responsáveis da empresa apresentem justificações no Parlamento.
Maria Luís Albuquerque já se manifestou totalmente disponível para prestar esclarecimentos e pediu à subcomissão de Ética que avalie se há, ou não, incompatibilidades entre o novo emprego e o actual lugar de deputada e o antigo posto de ministra.
Passos fala em “chicana política” e defende ex-ministra
Passos Coelho não duvida que a sua ex-ministra “não infringiu a lei”, conforme disse aos jornalistas, notando que “não há nada na lei que impeça esta matéria, não há do ponto de vista ético nada que se lhe possa apontar”.
Frisando que Maria Luís Albuquerque é “uma pessoa não só com muito prestigio e capacidade como moralmente muito forte”, o líder do PSD ainda nota que o caso está a ser usado para fazer “chicana política”.
Certo é que PS e Bloco de Esquerda poderão aproveitar o momento para alterar o Regime Jurídico de Incompatibilidades e Impedimentos dos Titulares de Cargos Políticos e Altos Cargos Públicos.
O deputado João Galamba disse no Parlamento que o PS está disposto a debater o assunto, depois de o Bloco de Esquerda ter re-apresentado o projecto de lei, que foi chumbado há três anos por PSD e CDS, com a abstenção dos socialistas, para tornar o regime das incompatibilidades mais abrangente.
O PCP não tomou posição sobre a Lei em si, mas Jerónimo de Sousa manifestou-se contra a “escandalosa promiscuidade entre poder político e grupos económicos, particularmente a banca privada”, conforme cita o Diário de Notícias.
ZAP
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