quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Portugal. Catalunha. OE. PSD. E um problema chamado PT


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Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
É a nossa quinta vez consecutiva: Portugal venceu a Suíça e entrou já no Mundial de Futebol da Rússia. Foi um início triste com final feliz, conta o Tiago na crónica do jogo, que viu uma festa bonita no Estádio da Luz. Quem se salvou foi a Argentina, por obra e graça de Messi - agora será tempo de um playoff. Se quiser começar a fazer contas, estas são as selecções com lugar reservado no Mundial 2018.
Na Catalunha, instalou-se o caos. Carles Puigdemont anunciou a independência, mas suspende os efeitos da proclamação “por algumas semanas” para negociar com Madrid. Mas os seus aliados não aceitaram a decisão, decidiram sair do parlamento regional e exigiram que ela seja imediata. A síntese de um final de dia louco está aqui, a reportagem com lágrimas em Barcelona aqui. Hoje, a bola está do lado de Madrid: usará Rajoy a constituição como arma? Eu já voltarei a este tema, nas nossas leituras preferidas (mais abaixo).
Theresa May recusou-se a responder, repetidamente, a uma pergunta: se houvesse novo referendo, votaria Brexit? Numa entrevista a uma rádio britânica, a primeira-ministra tentou usar frases muito longas para evitar um sim ou um não. Mas não conseguiu evitar mais uma polémica, como se lê no The Guardian.
A mulher de Harvey Weinstein pediu o divórcio. Eis a história da polémica mais quente da América: um famoso produtor de cinema começou a ser acusado de assédio repetido por várias actrizes (incluindo Gwyneth Paltrow e Angelina Jolie). Weinstein já foi despedido - e duramente criticado por Obama e Hillary Clinton, de cuja campanha foi um dos maiores financiadores. Esta noite, perdeu também a mulher, que fez esta declaração à People"My Heart Breaks for All the Women Who Have Suffered". Um dia, esta história dará um filme.

No Público de hoje

Começo pela manchete, que se dispara num tiro (salvo seja): contornando a inspecção do trabalho, a PT diz a mais de 100 trabalhadores para irem para casa, a partir da próxima segunda-feira. O sindicato fala de mais uma pressão e a ACT já está a analisar. A Ana Brito conta-lhe o enésimo capítulo da novela.
Agora o PSD, onde Santana avança pela terceira vez: "Sou candidato à liderança", confirmou ele ontem na SIC-Notícias, adiantando que está disponível para acordos com a esquerda, mas não tendo "propensão para um Bloco Central". E é também isso que Rui Rio se prepara para fazer, no discurso de arranque da campanha.
Para nos enquadrar, a Maria João Lopes foi aos arquivos dos últimos meses e fez este texto: os pensamentos e conselhos de Santana, “passe a presunção”. Em registo de opinião, o Manuel Carvalho, parece pessimista: gente do passado não faz países de futuro. Enquanto Francisco Louçã ataca o PSD para defender o... PCP. Quanto a mim, escrevi isto para fixar metas aos candidatos: dia 13 não é sexta-feira. O PSD evita o azar?

Agora proponho-lhe um olhar às novidades do Orçamento. Começando pela notícia da Maria Lopes: o Governo cedeu mais um pouco ao PCP — no mínimo de existência e no IRS. E com isso, talvez tenhamos que rever uma vez mais estes cálculos que aqui temos: salários até perto de 670 euros beneficiam da isenção do IRS. Entretanto, a pressão do Bloco teve outro efeito: o Governo já admite aprovar regime dos recibos verdes este ano. O melhor é esperar para ver.
Hoje é apresentado um estudo que merece atençãoe se as nossas decisões hipotecarem os direitos das gerações futuras?
Assim como merece discussão um alerta da Igreja: os bispos estão preocupados com falta de "debate sério" sobre mudança de sexo aos 16 anos.
Por fim, um alerta sobre o Montepio (há tempos que não falávamos sobre isto): a Lusitânia retirou quase 80 milhões ao Montepio Gestão de Activos. A Cristina Ferreira explica: "Com os chineses da CEFC Energy à porta, para serem accionistas, a seguradora Lusitânia do grupo Montepio “desvia” quase 80 milhões da esfera do accionista. Assim já se entende melhor, certo?

As melhores leituras 

1. E agora Catalunha? Poucas horas depois da declaração de Carles Puigdemont, depois das primeiras reacções, o Jorge Almeida Fernandes escreveu-nos uma primeira análise sobre os próximos passos da luta independentista. Chamou-lhe "Da 'bomba atómica' à marcha atrás" e é um belo ponto de partida para percebermos os novos dados em cima da mesa. Também o Rui Tavares se atreveu a olhar para o dia seguinte, lembrando quando a nossa península já foi sábia. O Editorial não podia escapar ao tema: chama-se "travar a tempo".
2. Chegará a Xabregas um “centro de referência” para a arqueologia náutica? A situação das reservas da arqueologia náutica e subaquática instaladas há dez anos no Mercado Abastecedor da Região de Lisboa continua a opor arqueólogos de universidades, associações, museus e centros de investigação ao Ministério da Cultura. A Direcção-Geral do Património Cultural garante agora: não há bens em risco, o que há é uma mudança complicada. Mas a Lucinda Canelas constatou que há mais do que isso: muitas incógnitas na conservação de alguns materiais. Esta é a visita a um laboratório embrulhado. E estas as imagens de como ele se encontra.
3. Um fotógrafo em busca das vidas anónimas de um álbum esquecido. São mais de 10 mil fotografias tipo passe, a preto e branco, tiradas entre Março de 68 e Setembro de 69 no Porto. Pau Storch, fotógrafo, resgatou o álbum de uma feira de velharias. E agora anda À Sua Procura, nome do projecto que se propõe a voltar a fotografar essas pessoas e contar as suas histórias, 50 anos depois. No nº 93 da Rua de Cedofeita, a reportagem começa assim.
4. Os neandertais têm uma nova história (romântica) para contar e nós também entramos. Isto porque já foi sequenciado o segundo genoma de um neandertal com elevada qualidade (com 52 mil anos), bem como os de quatro humanos modernos (com 34 mil anos). E assim soube-se um pouco mais sobre as relações entre os neandertais e a nossa espécie - menos incestuosas do que a primeira versão. A Teresa Serafim conta-nos essa história.

Hoje vamos ter...

muitas notícias para acompanhar: a esta hora já começou a reunião do Governo espanhol, para decidir como responder a Puigdemont (e conheceremos essa resposta, mais tardar às 15h00, na sessão aberta no Parlamento espanhol). Por cá, a partir das 14h00, o Governo apresenta aos partidos o próximo Orçamento, numa velha tradição parlamentar - enquanto o Conselho das Finanças Públicas faz contas às contas públicas até ao final do 2.º trimestre de 2017. Mais tarde, às 18h30, Rui Rio apresenta a sua candidatura à liderança do PSD, numa espécie de tiro de partida para uma longa campanha.
Por este andar, acabamos como os americanos: 12 horas por dia agarrados aos media. Vá, certo, com aquele Presidente não é para menos.  
Nós estaremos sempre por aqui, prontos para o manter a par.
Tenha um dia produtivo e de sorriso aberto.
Até já! 

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