quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Eu, Psicóloga | Chantagem emocional: como identificar uma pessoa manipuladora




Você já se sentiu pressionado a fazer algo que não queria? Já se sentiu coagido a dizer sim quando, na verdade, quis dizer não? Quando agimos sob a influência de um outro e nos deixamos levar por suas opiniões, não estamos com o foco em nosso poder pessoal. Para que não nos manipulem, devemos ter claro onde e quando colocar limites. Devemos nos atrever a dizer não, sem medo do julgamento dos outros, do fracasso ou da rejeição. Enquanto tivermos medo de sermos rejeitados, seremos manipulados. Porque esta é precisamente uma das armas do manipulador: “Se não agir da maneira que eu quero, não vou falar mais com você.” O manipulador depende do manipulado e vice-versa. É uma relação de perda de liberdade.

Um ser livre se atreve a dizer não e age baseando-se em suas convicções, sem medo de ficar sozinho ou de ser rejeitado. O sistema não está interessado em seres livres, com força de vontade desenvolvida, que pensem conscientemente, atuem e assumam a responsabilidade por si mesmos. Por isso, somos manipulados em muitos níveis, social, político, midiático, publicitário, nas relações interpessoais.


Como é a personalidade do manipulador?

Embora não exista um perfil próprio dessas pessoas, podemos detectar atitudes próprias das pessoas com tendência a manipular. Isabelle Nazare-Aga define algumas características:

- Muda de opinião, de comportamento e de sentimentos em função das pessoas e das situações.
- Culpa os outros, transferindo a eles a responsabilidade que corresponde a ele ou ela.
- Critica sem ser notado, desvaloriza e julga. Joga com a ignorância dos outros para demonstrar sua superioridade.
- Sabe se fazer de vítima para que tenham pena dele.
- Divide para governar melhor. Mente. É egocêntrico. Quando pode, tenta deixar bilhetes, ligar ou mandar mensagens em vez de se mostrar.
- Não leva em conta os direitos, necessidades ou desejos dos outros.
- Espera até o último minuto para pedir, dar ordens ou fazer com que os outros trabalhem para ele.
- Usa a bajulação, dá presentes ou alguns mimos, de repent para te “agradar”.

Entre as formas mais comuns de manipulação está a chantagem emocional, na qual, por exemplo, uma ameaça com terminar um relacionamento se o outro não fizer o que ele quiser; se seus desejos não forem concedidos, chama o outro de egoísta, interesseiro ou insensível. Em vez disso, diz Susan Forward, “eles se desfazem em elogios quando cedem a seus desejos mas esquecem quando o outro permanece firme”.

Dúvidas e medo

“Ninguém pode machucá-lo sem o seu consentimento” (Eleanor Roosevelt)

A pessoa vulnerável a ser manipulada ou aceitar a chantagem emocional costuma ter baixa autoestima, vive sem rumo, perdeu o sentido de sua vida, é muito ingênua, não possui bom senso, depende do outro, teme a solidão. Forward considera essas características: um alto nível de dúvidas sobre si mesmo, um profundo medo do conflito, a necessidade de paz a qualquer preço, uma necessidade exagerada de aprovação, a tendência a assumir muitas responsabilidades em relação à vida de outros.

O caminho para a autonomia emocional começa no momento em que percebemos que estamos sendo manipulados. Devemos ouvir a nossa intuição e estarmos consciente do que sentimos. Às vezes é preciso colocar alguma distância para observar de longe o que estamos vivendo e perceber o que queremos e que é preciso definir limites. É importante reconhecer que sua responsabilidade em qualquer situação de manipulação na qual estiver envolvido é sua contribuição à mesma. O processo de responder a qualquer pessoa ou situação é algo que acontece em você. Ninguém pode fazer com que sinta nada sem sua permissão.

Recuperar nosso poder

“Podemos mudar o comportamento e conseguir que outros mudem os deles” (Josep Redorta)

Para alcançar e manter um estado de plenitude, é preciso saber o que o aproxima da plena realização e aquilo que o afasta dela. Você deve se arriscar positivamente ao se conceder poder, liberar-se de qualquer aspecto que faça sombra e permitir que seu ser se manifeste com todo seu potencial. Para conseguir isso, deve ter a soberania sobre seu mundo interior e assegurar de não deixar portas abertas à submissão. Quer dizer, é preciso definir limites, não ficar preocupado desnecessariamente e não se alegrar na dor nem na sensação de estar sendo vítima. Porque se por um lado se fortalece e por outro se enfraquece, não vai conseguir manter o foco no poder interior que precisa para viver livre de dependências emocionais.

Para recuperar a soberania pessoal, revise suas crenças, para entender o que inconscientemente sustenta essa manipulação . Você acha que para ser amado precisa sempre agradar o outro? Você pensa nas necessidades do outro sempre em primeiro lugar? Você se anula ou anula o que gosta de fazer ou acredita pelo outro ? Você se beneficia de agradar o outro renunciando ao que é melhor para você? 

Se pergunte o porquê de você manter esse comportamento. Caso não consiga achar as respostas sozinho, procure um psicólogo para te ajudar.




Estabeleça limites e expresse suas necessidades: 

Para evitar o conflito, costumamos ceder aos pedidos do outro contra nosso bem-estar interior. A necessidade de paz a qualquer preço nos deixa doentes, pois não colocamos limites, não declaramos nossas necessidades e nos tornamos dependentes das decisões e atitudes do outro. É importante não ter medo de irritar o outro. O medo diminui nossa capacidade de responder assertivamente sem ser manipulado. Quando estamos na defensiva, mostramos ao manipulador que estamos sob sua influência, e ele ou ela vai se regozijar com o poder que tem sobre nós. Assim o alimentamos. 

Podemos ser assertivos, comunicar sem atacar e sem ficar na defensiva. Se o seu relacionamento com o outro estiver baseado em uma necessidade , na constante busca de gratificação, vai tentar que a pessoa satisfaça suas carências. Ao se relacionar a partir da necessidade, é inevitável que existam expectativas, conflitos, frustração. Enquanto nos relacionarmos com o outro a partir de nossas necessidades dependentes, as relações continuarão sendo ninhos de conflitos, de mal-entendidos e de manipulação. Ao contrário, relacionar-se com o outro a partir da plenitude do nosso ser nos oferece um vínculo criativo e complementar.

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