sexta-feira, 9 de março de 2018

“Houve Momentos em Que Achei que ia Quebrar.” A Voz da Proteção Civil na Tragédia

A confissão é de Patrícia Gaspar. No Dia da Mulher, a TSF entrevista a mulher que deu a cara pela Proteção Civil durante a tragédia dos incêndios.

Patrícia Gaspar tem 44 anos e é natural de Lisboa, mas há muito que reside no Barreiro, município onde vai ser homenageada esta sexta-feira.

Passou pela Marinha e pelas Secretas, com múltiplas condecorações. Agora é a 2.ª comandante operacional da Autoridade Nacional da Proteção Civil.

Mas é por ter sido a cara e a voz da Proteção Civil, durante a tragédia dos incêndios que atingiu o país no último ano, que todos a conhecemos. Tempos “de grande esforço”, que recorda em entrevista à TSF.

“Vivemos dias muito complicados e tivemos a noção de que era preciso passar uma mensagem que permitisse informar, sem esconder nada do que estava a acontecer, mas sem pânicos”, explica, salientando que era preciso atender ao “dever de informar” da Proteção Civil, “mas também ao direito que os portugueses têm de saber o que se passa”.

Patrícia Gaspar lembra um período em que, ao mesmo tempo que monitorizava a situação do fogo em todo o país, respondia às constantes solicitações dos órgãos de comunicação social – em dias que começavam às 6h00 da manhã e se prolongavam até às 2h00 da madrugada seguinte.

“Houve dias em que achei que poderia não ser capaz”, admite. “Houve momentos em que achei que ia quebrar”.

Felizmente, isso não aconteceu. “Fomos todos resilientes”, diz.

Patrícia Gaspar considera que a tragédia dos incêndios foi uma grande lição para o país, que aprendeu que as catástrofes naturais não acontecem só nos outros sítios e que a segurança depende, em primeira instância, de cada um de nós.

“Sem retirar qualquer responsabilidade àquilo que são as missões e o papel que as autoridades governamentais têm de desempenhar, há um papel fundamental dos portugueses enquanto garante da sua segurança”, defende. “Temos de avaliar o risco, estar atentos ao que está à nossa volta, para garantir que assumimos sempre um comportamento defensivo”.

Em tempo de fogos, a então porta-voz da Proteção Civil começou a ser reconhecida pelas pessoas, mas garante que foi sempre abordada com simpatia – e até que foi isso que lhe deu algum alento durante os tempos mais duros.

“Eu não tenha formação específica na área da comunicação, mas gosto de comunicar. Sempre gostei. Terá sido a grande mais-valia”, confessa.

por Rita Carvalho Pereira em https://www.tsf.pt

Nenhum comentário:

Postar um comentário