Uma equipa de
investigadores do Departamento de Engenharia Informática (DEI) da
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
(FCTUC) desenvolveu vários modelos de inteligência artificial (IA)
para prever possíveis perdas auditivas e, consequentemente, apoiar
os profissionais de saúde a tomar decisões.
O projeto
Audiology for All (A4A), que visa democratizar o acesso aos cuidados
de saúde auditiva, decorreu em colaboração com a Escola Superior
de Saúde de Coimbra e o Departamento de Engenharia Eletrotécnica e
de Computadores (DEEC) da FCTUC, tendo sido liderado pela empresa
Sensing Evolution.
«Analisamos
diversas bases de dados existentes para identificar as áreas com
maior incidência de perda auditiva e os fatores de risco. Um dos
aspetos mais marcantes foi a ligação entre a proximidade a zonas
industriais e aeroportos e o aumento de casos de perda auditiva. O
estudo revelou ainda que o nível de escolaridade e a capacidade
económica influenciam significativamente a aquisição de aparelhos
auditivos, muitas vezes inacessíveis para famílias com menor
rendimento»,
começou por dizer Nuno Lourenço, docente do DEI e investigador do
Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra (CISUC).
Para além de
criar modelos de recomendação para os técnicos de saúde, «foram
integradas visualizações de dados que ajudaram a população a
compreender a importância dos rastreios auditivos regulares. A
ferramenta forneceu indicações claras sobre as áreas geográficas
mais propensas a problemas auditivos e motivou ações direcionadas,
como campanhas de rastreio em locais específicos»,
conta o coordenador do projeto na UC.
Apesar de
desafios iniciais, como a pandemia de COVID-19, que limitou a recolha
de amostras representativas, o projeto alcançou bastante sucesso ao
expandir a base de dados e gerar recomendações precisas. O impacto
positivo levou a empresa Sensing Evolution a considerar a expansão
da iniciativa para Espanha e Reino Unido.
«O
próximo passo é adaptar a metodologia desenvolvida para outros
tipos de rastreios, como os de diabetes e doenças cardiovasculares,
testando a aplicabilidade dos modelos noutras áreas da saúde
preventiva»,
revela Nuno Lourenço, realçando que, «embora
os algoritmos necessitem de ajustes, a base metodológica pode ser
amplamente aplicada, dependendo da qualidade dos dados disponíveis».
O projeto A4A
pretende continuar a impulsionar a inovação na saúde auditiva, bem
como noutros setores de rastreios de saúde em Portugal e, talvez, no
mundo.
*Sara
Machado
Assessora
de Imprensa
Universidade
de Coimbra• Faculdade de Ciências e Tecnologia
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