Ordem alerta que 10% dos enfermeiros do hospital de
Portimão têm tuberculose
O presidente do Conselho Nacional de
Enfermagem da Ordem dos Enfermeiros (OE), José Carlos Gomes, denunciou hoje à
agência Lusa que 10% dos enfermeiros do serviço de urgência do hospital de
Portimão têm tuberculose.
"Da informação que recolhi e é
segura, embora careça de confirmação, estamos a falar de 10% dos enfermeiros do
serviço de urgência" que contraíram tuberculose devido à "falta de
uma unidade de isolamento".
Segundo o enfermeiro, esta é uma
situação preocupante, pelo que sublinha "a necessidade de algum
investimento no sentido de criar unidades de isolamento, que pudessem proteger
não só os profissionais de saúde, mas também os outros utentes".
José Carlos Gomes, que visitou hoje o
hospital de Santo André, em Leiria, reconhece que a profissão de enfermeiro é
de "risco" - apesar de este "não ser reconhecido" -, mas
entende que "neste caso, tal como noutros no país, este risco existe por
falta de recursos, nomeadamente estruturas de isolamento para estes doentes [com
tuberculose]", sublinhou.
Para o presidente do Conselho Nacional
de Enfermagem da OE e também candidato a bastonário, trata-se de uma
"tuberculose multirresistente, que está associada à
toxicodependência".
Já em agosto, o Sindicato de Enfermeiros
tinha denunciado à Lusa a existência de casos de tuberculose no hospital de
Portimão e acusou o Centro Hospitalar do Algarve (CHA) de não cumprir
totalmente as regras de segurança no trabalho, apontando como um "problema"
a inexistência de um quarto de isolamento, designado por quarto de pressão
negativa, que permita conter possíveis surtos contagiosos, procedendo-se
atualmente o isolamento de doentes com tuberculose ou outras doenças
contagiosas no serviço de urgência com uma cortina.
Na altura, o CHA explicou que "por
absoluta falta de condições, nomeadamente perigoso afastamento do núcleo
central do Serviço de Urgência, nunca ou muito raramente este espaço terá
servido para internamento de doentes, funcionando, na prática, como armazém de
material clínico".
Hoje, após a visita ao hospital de
Leiria, José Carlos Gomes revelou que "foram relatados problemas um pouco
à semelhança do que se passa por esse país fora", tais como o "não
reconhecimento das competências, nomeadamente a especialidade que não é
valorizada e acaba por ter impacto na qualidade assistencial dos cuidados de
saúde".
Outro problema detetado pelo candidato a
bastonário é a dotação que "está a ser agravada com a transferência de
enfermeiros do hospital de Leiria para os cuidados de saúde primários".
"Estão a ser retirados os
enfermeiros mais competentes, mais especializados e mais experientes, o que não
é mau para os centros de saúde, mas pode, a prazo, colocar em causa a
capacidade assistencial do hospital em algumas áreas", alertou.
.diariOnline RS com Lusa
19:39 quinta-feira, 12 novembro 2015
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