sexta-feira, 23 de setembro de 2016

360º - Como são os políticos em câmara lenta? E ainda os novos avisos do FMI

360º

Por Miguel Pinheiro, Diretor Executivo
Bom dia!
Enquanto dormia
Rúben Cavaco, o jovem de 16 anos agredido pelos dois filhos do embaixador do Iraque em Lisboa, falou ontem à noite pela primeira vez às televisões: "Nem os quero ver. Não aceito as desculpas".

Isaltino Morais assegurou ontem à noite que foi mesmo convidado para se candidatar pelo PSD nas autárquicas.O coordenador autárquico do partido tinha desmentido o convite, mas o ex-presidente da câmara de Oeiras garante: "Se fui convidado para integrar as listas do PSD, a resposta é: fui, sim!".

A cidade de Charlotte, nos Estados Unidos, está sujeita a um recolher obrigatório. Depois dos distúrbios que se seguiram à morte de um afro-americano baleado pela polícia foi decretado o estado de emergência, que levou agora a esta medida. O objetivo é acabar com os protestos violentos.


Informação relevante
Na política, acontece tudo muito rápido. Por isso, às vezes é preciso diminuir a velocidade. Se vir os líderes políticos a falar em câmara lenta, todos os detalhes se tornam claros: a expressão da cara, das mãos, do corpo. O Observador pôs António Costa, Pedro Passos Coelho, Assunção Cristas, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa em slow motion para que se perceba melhor como comunicam - e foi procurar os segredos da forma (e do conteúdo) dos seus discursos. Veja o resultado aqui.

Tome uma aspirina antes de ler isto, porque a sua cabeça vai andar às voltas. Em apenas 24 horas, PSD e PS andaram para-a-frente-para-trás-para-a-frente-para-trás por causa dos cortes ao financiamento dos partidos.O contexto é simples de perceber: se nada for feito, a 31 de dezembro expira a diminuição temporária ao financiamento partidário, que foi imposta durante a troika. CDS, PCP e BE acham que esses limites devem passar a ser permanentes. Já o PS e o PSD acham que não, que sim e que talvez. Primeiro, os socialistas achavam que os cortes deviam acabar, mas ao longo do dia de ontem foram achando que era melhor pensar no assunto.Já os social-democratas começaram a achar que os cortes deviam acabar, passaram a achar que devia haver um debate e acabaram a defender que os cortes deveriam ser permanentes. A Rita Tavares e a Rita Dinis reconstituem hora a hora estas demonstrações de grande convicção.

No debate quinzenal de ontem, António Costa quis desfazer três "mitos" sobre o crescimento, as exportações e o investimento. E levou números para contrariar o pessimismo sobre a economia. Mas, afinal, os "mitos" são mesmo mitos? Onde está a realidade? Este fact check "três-em-um" explica.
Outra dúvida que surgiu ontem: em 2014, Passos Coelho disse uma frase que dá argumentos ao "imposto Mortágua" sobre o imobiliário? Veja aqui se é mesmo assim.
Última dúvida: Passos Coelho tinha razão ao afirmar que as empresas que lucram mais também pagam mais imposto?

Ao fim do dia de ontem, começaram a ser divulgadas algumas das medidas que o Governo colocou nasGrandes Opções do Plano. É uma enorme lista de intenções (como é tradicional), que vão do emprego às Lojas do Cidadão.

O PCP começa a perder a cabeça com o Bloco. E já nem consegue disfarçar. Na última edição do jornal Avante!, o líder parlamentar dos comunistas, João Oliveira, acusa os bloquistas de terem prejudicado as negociações sobre o novo imposto imobiliário ao anteciparem-se no seu anúncio para procurarem protagonismo. E deixa uma frase colorida: "Andam uns a juntar com o bico e outros a espalhar com as patas…".

Foi mais um aviso do FMI. Aliás, não foi só um - foram vários. O Fundo Monetário Internacional pediu ao Governo mais medidas de consolidação orçamental em 2017, num total de 900 milhões de euros. Áreas prioritárias: salários, pensões e saúde. Se nada for feito, corremos o risco de entrar numa espiral negativa provocada pela banca, pela economia e pelo défice. O FMI também fez uma avaliação ao programa de Portugal e ainda alertou para o risco de o envelhecimento da população portuguesaser uma "ameaça séria" para a despesa pública.
Já hoje de manhã, em entrevista ao Público, Subir Lall, chefe de missão do FMI em Portugal, afirma que já é demasiado tarde para corrigir o défice de 2016 e que agora nos devemos concentrar em 2017. E insiste: não é pelo aumento dos impostos indiretos que se vai lá, mas sim por mexidas nos salários da função pública e nas pensões.

A candidatura de António Guterres a secretário geral da ONU não é uma unanimidade. O influente Wall Street Journal escreveu um editorial a apoiar o sérvio Vuk Jeremic e a acusar o português de ser "um socialista de longa data que administrou mal uma organização humanitária mundial", referindo-se a um relatório de abril que critica a gestão da ACNUR, agência da ONU para os refugiados.

Esta manhã há muita (e boa) opinião para ler no Observador:

  • Rui Ramos, em "O regresso de Sócrates": "Porque é que Ana Gomes parece ser a única socialista à vontade para dizer em público o que deve ser dito, isto é, que José Sócrates, pelo que admitiu, não deveria ter lugar na vida do regime?"
  • Maria de Fátima Bonifácio, em "Ódio de classe!": "Mariana não sabe, não tem mundo para saber como são os verdadeiros ricos. Mas sabe uma coisa: 'Não se pode ser rico inocentemente.' Todos roubaram, exploraram, ou são réus de qualquer crime semelhante".
  • João Moreira Rato, em "O risco de perder a credibilidade": "Já ouvi compradores de imobiliário em Lisboa a queixarem-se de que foram ao engano. Se Portugal quer atrair investimento, não pode alterar as regras do jogo quando este já vai a meio."
  • Miguel Tamen, em "O Monopólio": "No jogo do Monopólio, as coisas mudaram para pior, mas talvez por uma boa razão: porque as pessoas deixaram de sentir necessidade de serem lembradas de como a vida pode ser melhor".
Um dos colegas de curso de Hugo Abreu, que morreu durante o treino dos Comandos no início deste mês na sequência de um golpe de calor, falou ao programa Sexta às 9, da RTP, e afirmou que o militar terá sido forçado a comer terra já depois de estar “próximo da inconsciência”. A reportagem é emitida esta noite.
Conversas à Quinta desta semana discute precisamente as nossas tropas especiais. Para Jaime Gama e Jaime Nogueira Pinto, que estiveram a conversar com José Manuel Fernandes, elas são essenciais à nossa política externa.

Esta sexta-feira, o Porto vai discutir tecnologia. Porto Tech Hub Conference junta empresários, investigadores e alunos no Hard Club.

Hoje é o sorteio do playoff de apuramento para a fase final do Europeu 2017 de futebol feminino. Se Portugal conseguisse passar, seria inédito. Por isso, o Tiago Palma foi falar com o nosso selecionador, que explica como se chegou até aqui - e até onde podemos ir.

Outra entrevista, de outro selecionador: Fernando Santos falou à revista FPF360 (da Federação Portuguesa de Futebol) e explicou a derrota contra a Suíça: "Ainda estávamos um bocadinho em modo campeão europeu".

Já há uma data para o início do Brexit: Boris Johnson, ministro dos Negócios Estrangeiros, afirmou que o país planeia accionar o artigo 50.º no começo de 2017. Marque no calendário.


Os nossos Especiais
O estádio do Restelo faz 60 anos e continua "formosíssimo". O Bruno Vieira Amaral foi investigar a históriada construção e conta, entre muitas outras coisas, que na inauguração esteve um subsecretário de Estado chamado Baltazar Rebelo de Sousa, cujo filho vai andar nos próximos anos por Belém.


Notícias surpreendentes

V.S. Naipaul fechou ontem a primeira noite do FOLIO, o festival literário de Óbidos. O Nobel da Literatura falou sobre a sua vida, a sua carreira e a forma como vê o mundo. "A idade empurra-nos em direção ao silêncio. As pessoas querem que não faças nada. Tento evitar isso continuando em frente. A necessidade de escrever mais e mais é uma preocupação constante. Outra vez, outra vez e outra vez. Mas é horrível dizer isto desta forma. Está bem assim para ti?"

É um livro sobre uma piscina que é uma obra de arte. Piscina na Praia de Leça – A Pool On The Beach conta a história de uma das criações mais emblemáticas do arquitecto Siza Vieira.

Consegue imaginar o cinema sem efeitos especiais? Pois, nós também não. A ideia é não quebrar a magia, mas aqui abrimos uma excepção: estas 25 fotos mostram os filmes antes e depois dos efeitos especiais. Veja a diferença.

Lamento informar, mas já começou o Outono. Quer dizer, deixem-me recomeçar a frase. Tenho uma boa notícia: já chegou o Outono. Por isso, leia estes três textos:
E não há espaço para mais. Se quer mais informação além da que cabe nesta newsletter, já sabe que só precisa de passar pelo Observador.
Até já!
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