sexta-feira, 19 de maio de 2017

O Meu País é o que o mar não quer # Exílio(s) 61/74

Dia 20 de Maio_ 21h30
Casa das Artes de Miranda do Corvo
O Meu País é o que o mar não quer # Exílio (s) 61/74
No âmbito de “Outras vozes, outra gente – Mostra em rede de teatro documental
Projeto financiado pela DGArtes/Ministério da Cultura
Texto e Encenação Ricardo Correia
Produção Casa da Esquina – Associação Cultural
Faixa etária M/12
Duração 60 minutos
«Este espetáculo documental é um prolongamento do espetáculo O Meu País é o que Mar Não Quer # 2012-2015, construído a partir do meu relato pessoal incidindo nos testemunhos de emigrantes portugueses que conheci em Londres e que tiveram de sair do nosso País devido às medidas de austeridade da TROIKA e do Governo Português, ou que deixaram o País por vontade própria mas que agora não conseguem regressar por falta de perspetivas de futuro no país de origem. Há medida que íamos fazendo o espetáculo recolhemos mais de uma centena de novos testemunhos que, em grande parte, davam contam do fenómeno de emigração clandestina em 60/70. Decidimos investigar este fenómeno e criar um novo espetáculo.» Ricardo Correia
Sobre o Projeto:
Antes de falar deste novo projeto, dou dois passos atrás. Tudo começou com o espetáculo O Meu País é O Que o Mar Não Quer # 2012-2015 em que fizemos uma investigação sobre as razões da saída de Portugal da minha geração (tenho 39 anos). Foram os anos sombrios e austeros da Troika em Portugal.
Eu saí, como muitos outros (por pouco tempo). Mas não desisti de Portugal. Procurei compreender quais os mecanismos para lutar lá fora sem me desligar do meu país de origem.
Esse espetáculo foi baseado em testemunhos de quem estava de saída de Portugal. A geração entre os 20 e os 35 anos. Durante o espetáculo ficámos a saber que muitos deles tiveram casos de emigração na família – o avô que foi a Salto para França, o bisavô para o Brasil. Outros que optaram por não compactuar com a guerra e o fascismo e deixaram o país. A cada espetáculo fomos recolhendo mais testemunhos que nos levaram a querer ir um pouco mais atrás.
Hoje, em 2017, iniciamos a primeira parte do projeto Exílio (s) 61/74. Que, como uma boneca russa, procura desvendar o interior desse viver português, deste ciclo migratório que tem a sua origem vários séculos antes, em que o futuro era lá fora.
Para este novo espetáculo recolhemos testemunhos de quem tinha saído de Portugal entre 61/74 como Emigrante |Desertor| Refugiado| Refratário | Exilado. E deparámo-nos com um caminho que nos levou a investigar a fuga como um gesto de protesto contra a Guerra Colonial e o Fascismo, como um mecanismo de luta. Tal como os Horáricos e Curiácios de Bertold Brecht, a fuga como uma estratégia para ganhar fôlego e armas e cansar o inimigo.
O que leva a alguém sair do seu País? Como se luta lá fora quando não nos deixam viver no nosso País? Como se pode perdoar quem nos deixou sem outra saída?
Com este novo espetáculo a tentativa é de reconstruir essa memória e os seus mecanismos para compreender o presente. Porque é que hoje ainda não falamos abertamente da Guerra Colonial? Porque é que deixámos apagar a memória e construímos condomínios privados ou hotéis onde antes houve sedes da PIDE ou prisões como a de Peniche? Porque é que temos todos os dias de nos lembrar do passado para saber construir o futuro?
“A história é como um mito, como um espelho onde se pode ler aquilo que foi o passado e aquilo que nos espera” Eduardo Lourenço
Este espetáculo é um comentário sobre o passado. Feito com testemunhos de quem ousou um gesto contra o regime Fascista. Com saltos na memória. Registamo-la para lidar com ela. Para saber quem somos. Como chegámos até aqui e o que ainda poderemos ser. Ricardo Correia
Ficha Artística
Texto e Encenação Ricardo Correia
Assistência de encenação Sara Jobard
Interpretação Hugo Inácio, Celso Pedro, Marta Nogueira, Miguel Lança e Sara JobardInvestigação, Dramaturgia e Documentação Sara Jobard, Joana Brites, Hugo Inácio, Celso Pedro, Marta Nogueira, Miguel Lança, Emanuel Botelho, Rui Gaspar, Filipa Malva e Ricardo Correia
Espaço Cénico, Figurinos e Adereços Filipa Malva
Direção Técnica e Desenho de Luz Jonathan de Azevedo
Desenho de Som Emanuel Botelho
Vídeo Rui Gaspar
Apoio de Voz Cristina Faria
Responsável de Produção Cláudia Morais
Fotografia Carlos Gomes
Design Joana Corker
Produção Casa da Esquina – Associação Cultural
Coprodução TAGV | Estreia 13 de maio (Arganil), inserido no festival Outras vozes, outra gente da COOPERATIVA HERMES
Agradecimentos AEP61-74, Centro de Documentação 25 de Abril, Natércia Coimbra, Rui Bebiano, Rui Mota, José Torres, Hélder Costa, Eugénia Vasques, Fernando Cardeira, Miguel Cardina, Fernando Cardoso, Adelino Silva, Tila Cascais, Graça dos Santos, José Vieira, Partido Comunista Português, CES -Centro de Estudos Sociais, Tipografia Damasceno
Preçário: 4,00€
Calendário
Dia 13 de Maio, 21h30, Antiga Cerâmica Arganilense
Dia 20 de Maio, 21h30, Casa das Artes de Miranda do Corvo
Dia 10 de Junho, 21h30, Centro Cultural de Tábua
Outras vozes, outra gente – Mostra em rede de teatro documental” é um projeto de teatro documental ou testemunhal que pretende ser uma mostra de teatro em rede a acontecer no território da Região Centro. Do centro de Coimbra aos concelhos mais periféricos estabelece-se uma rede entre diversos grupos que, em diferentes pontos do país, se dedicam a fazer do documento e do testemunho o ponto de partida para a construção teatral.
O título, “Outras vozes, outra gente” sublinha o propósito de dar voz, através de espetáculos teatrais, a quem dela se vê frequentemente privado por diversas razões que se situam no campo político, económico e social. Este é o mote que une os diversos espetáculos de teatro a ocorrer em Mortágua, Tábua, Condeixa-a-Nova, Miranda do Corvo, Arganil e Coimbra, e as atividades paralelas a realizar, pensadas como uma forma de complementar esta Mostra, através de um projeto pedagógico que se pretende interventivo, elucidativo e formativo, e especialmente dirigido às camadas mais jovens da região.
Produzido pela Cooperativa Hermes e apoiado pela DGArtes – Ministério da Cultura, este é um projeto que conta com as parcerias das Câmaras Municipais de Mortágua, Arganil, Condeixa-a-Nova, Miranda do Corvo e Tábua, em conjunto com o Teatro Académico Gil Vicente e outras entidades que desenvolvem a sua atividade na vertente formativa e de investigação (Centro de Documentação 25 de AbrilCentro de História da Sociedade da Cultura, Centro de Formação Nova Ágora, Centro de Formação de Associação Escolas Coimbra Interior, Centro de Formação de Associação Escolas do Planalto Beirão), e que cumpre os objetivos traçados pela Cooperativa Hermes, nomeadamente a consolidação de uma rede de programação cultural e artística na região.
A inaugurar a Mostra apresenta-se o espetáculo Romance da Última Cruzada pela companhia de teatro portuense Visões Úteis e que faz uma representação inspirada pelas experiências da guerra e pelos processos da memória, identidade e biografia. EmDiz a Verdade ao Poder: Vozes do Outro Lado da Escuridão, a Cooperativa Bonifrates apresenta uma peça sobre a violação dos direitos humanos e formas de resiliência. O Trigo Limpo/Teatro Acert, em coprodução com Gambozinos e Peobardos, leva à cena Em Memória – ou a vida inteira dentro de mim, uma peça sobre o sofrimento de um pai que perde um filho. Portugal não é um país pequeno é o título do espetáculo a apresentar-se pela mão do Hotel Europa. Aqui, reflete-se sobre o fim do colonialismo e a transmissão da memória. A Casa da Esquina, sedeada em Coimbra, estreia O meu País – Exílio, um espetáculo que é um prolongamento deO Meu País é o que Mar Não Quer, construído a partir do relato pessoal do actor que dá corpo e voz à peça, e que incidiu sobre testemunhos de emigrantes portugueses. A concluir a Mostra de Teatro em Rede, apresenta-se Onde o Frio se Demora pela Narrativensaio – AC, um espetáculo construído em torno de entrevistas feitas pela jornalista Ana Cristina Pereira, sobre violência de género, solidão e rutura num Portugal marcado pela crise económica.

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