terça-feira, 6 de março de 2018

Moçambique suspende importação de polony, salsichas e carnes frias de frango da África do Sul para prevenir surto de listeriose

As autoridades moçambicanas decidiram suspender esta segunda-feira (05) a importação de alimentos à base de frango processados pelas empresas sul-africanas Enterprise Foods e Rainbow Chicken. Foi igualmente suspensa a comercialização desses produtos no nosso país, na sequência de um surto de listeriose que afecta o país vizinho desde o início de 2017 e já causou pelo menos 176 mortos. Numa altura em que Moçambique está a ser assolado por diarreias e cólera, devido a época chuvosa, o Ministério da Saúde alerta que os sintomas desta doença assemelham-se a diarreia e também a gripe.
A África do Sul está à braços, desde Janeiro de 2017, com um surto de uma doença denominada listeriose que infectou 945 cidadãos e causou a morte de pelo menos 176 pessoas no país vizinho. Neste domingo (04) as autoridades locais identificaram, enfim, a fonte da doença numa fábrica de processamento de comida.
“Podemos agora concluir cientificamente que a fonte do surto actual é a fábrica de produção da Enterprise Foods, situada em Polokwane”, disse a jornalistas o ministro sul-africano de Saúde, Aaron Motsoaledi.
A fonte referiu ainda que a bactéria causadora da doença também foi encontrada numa outra instalação da Enterprise na cidade de Germiston num outro local de tratamento de frango da companhia Rainbow na província de Free State, ressalvando no entanto que eram necessárias mais provas para determinar a relação com o surto.
Na sequência destas notícias as autoridades veterinárias, responsáveis pela sanidade dos alimentos à base de carne importados para Moçambique, decidiram suspender a importação dos produtos processados à base de frango pelas duas empresas onde a bactéria foi detectada, vulgarmente identificados nomeadamente como polony, salsichas e fiambre de frango.
“O que estamos a fazer neste momento é trabalharmos com as empresas que importam para cessarem a importação. O apelo que se faz ao público é não consumir estes produtos, ainda que eles estejam nas prateleiras, evitem o consumo destes produtos e também referir que só a sua conservação ao lado de produtos que não careçam de cozimento antes do consumo a transmissão pode acontecer, aquilo a que se chama contaminação cruzada dentro das nossas geleiras em casa”, declarou Florência Massango, a chefe do departamento de epidemiologia na direcção nacional de veterinária.
“Sintomas desta doenças assemelham-se as diarreias e também a alguns aspectos relacionados com a gripe”
Falando em conferencia de imprensa na manhã desta segunda-feira (05), em Maputo, Florência Massango precisou que “(...) as pessoas que estão mais vulneráveis a contrair a doença ao consumir estes produtos são recém nascidos, crianças pequenas, grávidas, idosos e pessoas com problemas de imunidade deprimida (infectados pelo VIH, cancro ou com problemas de fígado e renais). Mas independentemente da idade o melhor é evitar o consumo destes produtos”.
Já a chefe do departamento de saúde ambiental na direcção nacional de saúde pública, Ana Paula Cardoso Tuzine, tranquilizou os moçambicanos garantindo que “não há registo de casos reportados desta doença em Moçambique”.
A médica explicou que os “sintomas desta doenças assemelham-se as diarreias e também a alguns aspectos relacionados com a gripe tais como febre, vómitos e as medidas básicas que devem ser implementadas ao nível da comunidade são as medidas básicas para qualquer diarreia: lavagem das mãos, conservação adequada dos alimentos”.
A doutora Ana Paula alertou a quem tenha adquirido estes produtos para que “sejam retirados e destruídos e é preciso limpar o local onde este produto estava acondicionado com água e sabão e também usar um desinfectante para evitar que haja a contaminação de outros produtos”.
Embora a fonte médica tenha assegurado que o “Ministério da Saúde está alerta e está preparado” apelou aos cidadão que apresentem os sintomas de listeriose que devem referi-lo ao dirigir-se à unidade sanitária para que a doença possa ser confirmada através de testes laboratoriais.
No entanto o @Verdade sabe que a maioria das unidades sanitárias existentes em Moçambique não está habilitada a realizar essa confirmação. Um simples teste de confirmação da cólera, doença endémica e que esta assolar algumas províncias do Norte de Moçambique, ainda só é realizado na cidade de Maputo.
África do Sul sofre o maior surto de listeriose registado no mundo
Como forma de prevenir uma eventual entrada do surto em Moçambique, para além da suspensão das importações a Inspecção Nacional de Actividades Económicas iniciou “a retirada destes produtos das prateleiras”.

“A INAE vai trabalhar com os quiosques, tascas, restaurantes, hotéis, todos os que comercializam produtos alimentares. Pedimos aos agentes económicos que comercializam estes produtos começassem desde já a retirarem das prateleiras e que também as pessoas não os adquiram”, reiterou a inspetora Angela da INAE central.
A listeriose é uma infecção causada pela bactéria "listeria monocytogenes", que pode provocar abortos em mulheres grávidas e a morte de recém-nascidos. A bactéria pode ser encontrada, especialmente, em produtos lácteo não pasteurizados, em alguns alimentos processados e, porque pode sobreviver refrigeração e até mesmo o congelamento, os seres humanos devem evitar comer certos alimentos com maior probabilidade de conter a "listeria monocytogenes".
Fonte médica esclareceu ao @Verdade que a bactéria causadora da listeriose pode ser encontrada no solo, na água e em alguns animais, incluindo aves e bovinos. Ao contrário de muitos micro-organismos, a "listeria monocytogenes" pode crescer em temperaturas muito frias, mesmo num congelador, embora não sobreviva a altas temperaturas, como cozimento ou pasteurização.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a África do Sul sofre o maior surto de listeriose registado no mundo.

Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique

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