Um estudo, em que
participa Catarina Siva, investigadora do Departamento de Ciências
da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade
de Coimbra (FCTUC), mostra que a genética do polvo Pareledone
turqueti
contém um grave alerta para o aumento do nível do mar: a camada de
gelo da Antártida Ocidental pode ter colapsado totalmente durante o
Último período Interglacial, há cerca de 120 mil anos, quando as
temperaturas globais eram semelhantes às atuais.
Este estudo,
acabado de publicar na revista
Science,
fornece a primeira evidência empírica de que o colapso desta camada
de gelo pode acontecer mesmo sob as metas do Acordo de Paris, de
limitar o aquecimento a 1,5-2 graus celsius (ºC).
De acordo com
Catarina Silva, co-autora do artigo científico, a investigação
ajuda a compreender se a camada de gelo da Antártida Ocidental
colapsou ou não num passado recente, quando as temperaturas globais
eram semelhantes às de hoje, aumentando a precisão das futuras
projeções globais de aumento do nível do mar. «Esta
questão é muito importante, porque um futuro colapso total da
camada de gelo da Antártida Ocidental pode levar ao aumento do nível
global do mar de 3 a 5 metros»,
alerta a investigadora do Centro de Ecologia Funcional (CFE) do DCV.
A análise
genética de polvo Pareledone
turqueti
«permitiu
identificar se e quando as populações estiveram em contacto e
trocaram material genético. Nós comparamos os perfis genéticos das
populações nos mares de Weddell, Amundsen e Ross e encontramos
conectividade genética que remonta ao Último Interglacial»,
finaliza.
Esta
conectividade genética só seria possível se ocorresse um colapso
completo da camada de gelo da Antártida Ocidental durante o Último
Interglacial, abrindo rotas marítimas ligando os atuais mares de
Weddell, Amundsen e Ross. Tal, teria permitido que o polvo
atravessasse o estreito aberto e trocasse material genético, que
podemos identificar no ADN das populações atuais.
As descobertas
deste estudo, liderado por investigadoras da Universidade James Cook,
Austrália, apoiarão a tomada de decisões em torno de medidas de
adaptação e mitigação nas regiões costeiras de todo o mundo.
O artigo
científico está disponível para consulta em:
https://www.science.org/doi/10.1126/science.ade0664.
*Sara
Machado
Assessora
de Imprensa
Universidade
de Coimbra• Faculdade de Ciências e Tecnologia
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