segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Eu, Psicóloga | Brasil, um país que envelhece: estamos preparados?


Pensei em escrever este texto como muito mais uma reflexão do que um texto afirmativo. Segundo dados do IBGE, a população idosa no Brasil já somam 23,5 milhões de pessoas e estima-se que a nível global, em 2050 pela primeira vez, a população mundial chegue a atingir 2 bilhões de pessoas, sendo que haverá mais idosos do que crianças menores de 15 anos.

Refletindo sobre estes dados e aprofundando meu texto, será que estamos de fato preparados para lhe dar com esta população de idosos? Pois bem, acredito haver ai uma discordância, explico, cada vez mais as pessoas buscam a juventude, seja através de produtos de beleza como cosméticos para o rejuvenescimento, cirurgias plásticas, botox entre tantos outros procedimentos para “parecer” mais novo do que a idade que realmente tem, pois bem, mas esquecem que se preocupando somente com o de fora, com o corpo que cultivam e querer a todo custo ser e ter, esquecem muitas vezes da saúde, de atividades físicas tanto recomendada por médicos, da parte biológico e psicológica também, porque não? Ter uma velhice plena é o contrário de ter uma morte plena, onde a morte está não está a vida e onde a vida está, não está a morte, queremos tanto fazer, modificar, tirar, colocar e tanto repelir a velhice que queremos ser para sempre jovens, desta forma, esquecemos de viver a velhice pois ela também é uma fase da vida que precisa ser vivida com seus limites e ganhos bem como outras fases da vida como a infância, adolescência e a vida adulta.

Ficar idoso não é um ônus e sim um bônus, significa que o indivíduo viver até la, que possui histórias, experiências e amadurecimentos compatíveis com a idade, ficar idoso também pode significar para nos a proximidade com a morte, mas em qual situação ou respiro que não se vive esta proximidade enquanto adultos saudáveis? Somos levados a ser mais um número de pessoas querendo ser cada vez mais próxima do puer aeternus (eterno jovem) ou realmente vivemos o processo de envelhecimento? Envelhecer com qualidade de vida nos seus amplos sentidos detem um grande bônus,se preparar para a velhice e saber que vai se tornar limitado nisto ou naquilo não presupõe que você não seja mais útil para a sociedade, para seus familiares e acima de tudo e sob qualquer perspectiva, a você.

Para concluir, a idade sim é um imperativo, o tempo cronológico é um imperativo, porém saber quanto tempo eu tenho de vida ou algum outro indivíduo, nem a atual ciência tão moderna pode determinar, sabemos de inúmeros casos em que, por exemplo, o indivíduo foi diagnosticado com câncer e o médico lhe deu um mês de vida, mas o indivíduo não encerou aquilo como um final, mas sim como um recomeço e prolonga este imperativo médico há anos e anos afinal, não permanecendo “colado” a frase do médico. Mais um vez pergunto então, estamos realmente preparados para envelhecer e encarar o que a velhice vista como uma fase do desenvolvimento humano tem a nos oferecer ou somos, e mais uma vez insisto, o puer aeternus



Caio Estan
Psicólogo, Psicanalista e Membro do Departamento de Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae
E-mail para contato: caio.estan@gmail.com




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