terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Banco de Moçambique evoca “riscos e incertezas” para interromper redução das suas taxas de referência

Foto de Adérito Caldeira
O Banco de Moçambique (BM) decidiu nesta segunda-feira (11) que não existem condições para continuar a relaxar a sua Política Monetária “tendo em conta que os riscos e incertezas subjacentes às projecções da inflação tornaram-se mais proeminentes”. Contudo o @Verdade entende que Rogério Zandamela e os seus pares estão na expectativa do desfecho do caso Manuel Chang, da Paz, da consolidação fiscal que o Governo não está a fazer... e quiçá do Comité Central no próximo mês.
Após reunir antecipadamente o Comité de Política Monetária (CPMO), cujo encontro estava agendado para o próximo dia 21, “decidiu manter a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 14,25 por cento.”
“Decidiu, igualmente, manter as taxas da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD) e da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) em 11,25 por cento e 17,25 por cento, respectivamente, bem como os coeficientes de Reservas Obrigatórias (RO) para os passivos em moeda nacional e em moeda estrangeira em 14,00 por cento e 27,00 por cento, respectivamente” indica um comunicado do BM que substituiu a conferência de imprensa no passado dirigida pelo Governador.
No documento o banco central fundamenta a interrupção da descida da taxa MIMO, o único factor que tem contribuído para a descida das taxas de juro a retalho, “tendo em conta que os riscos e incertezas subjacentes às projecções da inflação tornaram-se mais proeminentes, o CPMO considera oportuno manter uma postura de política monetária prudente.”
Relativamente a depreciação do metical, que nesta segunda-feira (11) foi transaccionado a 62,95 por dólar norte-americano, depois de 61,43 no fecho de Dezembro de 2018, o BM avalia como “ligeira depreciação, em linha com a sazonalidade do período”.
Para além dos riscos externos, que o banco central considerou nesta primeira sua reunião sobre Política Monetária que “agravaram-se”, o comunicado recebido pelo @Verdade do refere que “o CPMO considera que subsistem riscos associados à sustentabilidade da dívida pública, às calamidades naturais, bem como às incertezas quanto à evolução dos preços dos bens administrados.”
Incertezas quanto ao rigor das medidas de consolidação fiscal do Governo
Diante da nova postura do Banco de Moçambique de evitar que o seu Governador fale com a imprensa, claramente porque estamos em ano eleitoral, é importante recordar que em Junho de 2018 Rogério Zandamela manifestou as desconfiançasda instituição que dirige sobre “as incertezas quanto ao rigor das medidas de consolidação fiscal necessárias para mitigar o risco associado à sustentabilidade da dívida pública no contexto do ciclo eleitoral de 2018, que são as eleições municipais, e em 2019, as eleições presidenciais e dos governadores”.
Ultrapassadas as eleições Autárquicas salta à vista que o Governo não tem realizado a consolidação fiscal necessária para a inverter o rumo da economia nacional. “Limita-se a divulgar medida paliativas e aparentemente visando uma consolidação fiscal, mas o que tal consolidação fiscal significa na prática é restringir ao mínimo a alocação de recursos aos sectores social prioritários, para paralelamente manter ou mesmo ampliar a alocação para sectores securitários, encargos da dívida e reforço da máquina burocrática de apoio ao partido no poder”, explicou ao @Verdade o Professor de Economia e investigador do IESE, António Francisco.
foto do Banco de Moçambique
Relativamente às incertezas quanto à evolução dos preços dos bens administrados que o BM assinala também há pouco mais de 6 meses Rogério Zandamela havia mostrado preocupação relativamente aos preços dos combustíveis líquidos, da água potável, da energia eléctrica, dos transportes de passageiros, das portagem e até mesmo das taxa municipais.

Em Outubro o Governador do banco central também alertou para o impacto das negociações para a Paz, o pacote de descentralização e da desmilitarização nas decisões do Comité de Política Monetária.
Um outro economista entrevistado pelo @Verdade indicou como causas do enfraquecimento da moeda moçambicana os vários compromissos que o Estado tem de pagar em divisas, os calotes que Moçambique está a dar aos investidores das dívidas ilegais assim como ao Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social do Brasil e a detenção de Manuel Chang.
Entretanto outras fontes ouvidas pelo @Verdade revelaram que a detenção do antigo ministro das Finanças de Armando Guebuza, e colega de Executivo de Filipe Nyusi, estará a colocar em xeque a unanimidade e torno da indicação do actual do presidente do partido Frelimo como o candidato para as eleições Presidências de Outubro próximo, criando mais uma incerteza para Moçambique, pelo menos até a reunião do Comité Central prevista para Março.

Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique

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