quinta-feira, 21 de março de 2019

Há oito banqueiros a ganhar mais de um milhão em Portugal

O regulador da banca europeia assinala um crescimento no número de banqueiros que ganham mais de um milhão na União Europeia. Em Portugal, o total manteve-se nos oito.
Foram oito os banqueiros a receber mais de 1 milhão em Portugal, durante o ano de 2017 – o mesmo número do ano anterior. No conjunto da União Europeia, o número destes gestores com uma remuneração acima de 1 milhão de euros subiu.
A Autoridade Bancária Europeia (EBA) divulgou esta segunda-feira, 11 de março, que um conjunto de oito gestores da banca em Portugal auferiu de uma soma de 10,7 milhões de euros em 2017, um total que não inclui bónus e que traduz um aumento relativamente aos 6,9 milhões do ano anterior. Somando os prémios, que em 2016 foram de 4,2 milhões e em 2017 de 2,7 milhões, os salários dos banqueiros subiram de 11,1 milhões em 2016 para 13,3 milhões de em 2017.  No documento, não são revelados os nomes dos indivíduos em causa nem das instituições que os empregam.
Estes responsáveis dividem-se entre as áreas "banca de retalho", que inclui três gestores, e "administradores executivos", onde se inserem cinco. É neste último conjunto que está a remuneração mais elevada: há um banqueiro que auferiu uma remuneração fixa anual de 3,576 milhões de euros em 2017 – acima dos 2,4 milhões do "campeão" do ano anterior. Todos os salários restantes se concentram entre o mínimo de um milhão e o máximo de dois milhões. A banca a retalho terá concedido o total de 2,7 milhões extra em remuneração variável aos três indivíduos que cabem nesta categoria, enquanto a gestão executiva não foi remunerada desta forma, conforme os dados da EBA.
A EBA começou a divulgar estes dados em 2013 com referência a 2011. Nesse ano eram 11 os gestores da banca portuguesa que auferiam mais de 1 milhão de euros, um número que subiu para 14 em 2015 e ficou reduzido a oito em 2016 e 2017.
Em 2017, o mais bem pago da banca em Portugal era Fernando Ulrich, na altura CEO do BPI. Segundo os números recolhidos pelo Observador, há dois anos, este CEO auferiu de uma remuneração total de 1,2 milhões de euros, uma soma que não atinge os 3,5 milhões que a EBA atribuía ao "mais afortunado" em 2017. Seguia-se na lista António Vieira Monteiro, líder do Santander Totta, com 1,1 milhões de euros e Nuno Amado, já abaixo da fasquia de 1 milhão de euros.
Número de banqueiros com remuneração acima de 1 milhão de euros por estado membro. Valores referem-se a 2017 e escala é logarítmica:
Quase cinco mil na banca europeia ganham mais de 1 milhão
Em Portugal, a EBA contabiliza oito gestores na banca a ganhar mais de 1 milhões de euros, igualando o Chipre e ultrapassando apenas Liechtenstein (5), Hungria (4), Finlândia (3), Roménia (2) e Croácia (1). O "campeão" neste tipo de riqueza é o Reino Unido, que conta 3.567 em 2017. Os britânicos constituem assim 73,3% do conjunto de milionários, com o contributo de mais 38 indivíduos que em 2016. Entre as contribuições mais substanciais estão ainda a Alemanha, onde o número em 2017 atingiu os 390, em Itália 201, França 233 e finalmente Espanha, com 161.
No conjunto da União Europeia, foram 4.859 os banqueiros auferiram de mais de um milhão de euros em 2017, quando em 2016 eram 4.597.
Apesar de o Reino Unido estar de saída da União Europeia, o Brexit não deverá ser um grande travão ao número de milionários no setor: espera-se que na altura do divórcio muitos optem por passar a exercer noutras localizações do Velho Continente.
Depois de, há uma década, a Europa ter sido abalada pela crise, a EBA impôs um teto aos bónus atribuídos aos banqueiros: não poderiam exceder em uma vez o salário base ou duas, no caso de os acionistas darem o seu aval. O regulador diz que a legislação já está a ter algum efeito: o rácio entre a remuneração fixa e variável nesta atividade está agora nos 101,08%, quando no ano anterior era de 104% e em 2014 ascendia os 123%.
Na altura da aplicação da medida, o Reino Unido foi um dos grandes opositores, argumentando que os bancos optariam simplesmente por aumentar a componente fixa do salário, a qual seria mais difícil de cortar no caso de se verificar uma nova crise financeira.
Ana Batalha Oliveira / Jornal de Negócios

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