José Sócrates afirma que liberdade de expressão “também tem limites”
O antigo
primeiro-ministro José Sócrates afirmou hoje que a liberdade de expressão
também “tem os seus limites, como todas as liberdades”, e que a democracia tem
que estar fundada na defesa dos direitos individuais.
“A liberdade
de expressão tem também os seus limites, como todas as liberdades, e não deixa
de espantar que os espíritos mais liberais achem que podem pôr de lado aquilo
que são os direitos individuais que figuram na nossa constituição num lugar
nobre”, afirmou Sócrates, que falava numa sessão pública em Vila Real.
Na sua
opinião, “não há hoje uma democracia que se possa afirmar como democracia sem
estar fundada num sólido pilar, a defesa dos direitos individuais”.
José
Sócrates falava a propósito do debate público que se gerou no país depois da
providência cautelar interposta pela sua defesa que proíbe os órgãos de
comunicação social do Grupo Cofina de publicar notícias sobre a “Operação
Marques”.
O antigo
primeiro-ministro disse que assistiu na última semana a “pessoas distintas
defenderem que a liberdade deve ser também a liberdade para cometer crimes”.
“O que mais
me impressiona é o cinismo dos argumentos”, frisou.
Sócrates
considerou que a liberdade de expressão está ao serviço do público, mas
“verdadeiramente aquilo que se está falar não é nenhuma liberdade de expressão
de um ponto de vista” mas “de campanhas organizadas de denegrimento”.
“Não estamos
a falar de nenhum interesse público, é do interesse venal, comercial, porque o
que se pretende quando se fazem essas notícias, além de se cometerem crimes, é
vasculhar-se a vida das pessoas com o intuito de ter mais audiência e vender
mais jornais e, portanto, ter mais lucro. Esse é o verdadeiro interesse, não
outro”, salientou.
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