quinta-feira, 23 de março de 2017

Londres: manter a calma e seguir em frente (& mais um problema para Carlos Costa)

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Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
 
"Durante dias, vamos perguntar-nos sobre as motivações do atacante", o terrorista que fez parar o coração de Londres, que fez isto na ponte de Westminster, que gerou o caos mesmo à porta da casa da democracia. Vamos perguntar-nos se queria celebrar os ataques a Bruxelas, se visava a primeira-ministra, se tinha alguma coisa a ver com o Brexit. A sua identidade também vai estar em causa: onde nasceu, onde vivia, a cor da pele, a religião, a família, as fidelidades ideológicas. São detalhes importantes para a investigação (e isto é o que já sabemos, mas também o que não sabemos). Mas curtos para a análise do essencial: este foi um ataque à sociedade aberta que defendemos e faz parte da linha repetitiva que se arrasta desde o onze de Setembro, que já tinha passado por Londres, sempre apoiada na bandeira do fundamentalismo islâmico.
Como diz o Editorial de hoje do Público, assinado pelo Diogo, "este ataque é ao mesmo tempo causa e consequência da discussão que redundou no Brexit – é a cultura do medo que se alimenta a si mesma e inspira mais terror. Mas é também a resposta errada a uma pergunta incorrecta". Sei que vou longo, mas vai perdoar-me que chegue ao ponto:
1. "Não é o fecho de fronteiras que dá mais segurança, nem é uma cultura que se fecha que fica mais protegida";
2. "Londres foi a casa de uma civilização que sabe o que é resistir, viver normalmente e manter os princípios face ao terror";
3. "Londres, com todos os seus defeitos, é o exemplo de uma sociedade aberta. Foi exemplo para uma Europa que ainda tem muito a aprender sobre tolerância. Agora, cabe-nos ajudar a que continue a ser essa referência".

Assim será: em Londres, vai manter-se a calma e seguir em frente. Inspirados pelo exemplo de um deputado especial e de um polícia recordado por todos, também daquelas testemunhas que sobreviveram e destas imagens bonitas de apoio a Londres. E com a ajuda da informação livre, que vai correndo mundo e mostrando como a democracia é forte, mesmo quando tem o terror à porta. Também por isso, o nosso minuto a minuto continua por aqui, já com notícia de buscas em Birmingham e de sete detenções.

As notícias do dia 

Vai ouvir falar da nossa manchete (de novo da Cristina Ferreira). É sobre o dia em que Carlos Costa manteve a idoneidade de Ricardo Salgado, opondo-se aos técnicos do Banco de Portugal. Vai ouvir falar da história porque e hoje que o governador vai ao Parlamento explicar a sua versão do que aconteceu (e porque não actuou mais cedo) no caso do BES. Imagino que se lembre da entrevista que lhe fizemos. Agora a Cristina acrescenta um capítulo - deixo-lhe só o início, para abrir o apetite: "De todas as reuniões internas do BdP realizadas para discutir a permanência de Ricardo Salgado à frente do BES, a que teve lugar em Dezembro de 2013 pode ser considerada como uma das mais tensas. E que conseguiu o improvável feito de arrancar uma 'briga' entre administradores e directores sobre a idoneidade do banqueiro". Para ler, é entrar por aqui. Para não se perder nos corredores, deixo-lhe também uma cronologia do que se sabe da polémica.
Da banca, anote ainda esta: o Governo aliviou para metade os custos da banca com o Fundo de Resolução. Como? Assim.
E outras duas, vindas do Negócios: a perspectiva de uma factura alta para a CGD no processo de recapitalização (com avisos da DBRS); e um novo choque entre Carlos Costa e Centeno, sobre que produtos deve fiscalizar o BdP.
Já que falei da Caixa, tente ler isto sem sorrir: Armando Vara diz que nunca falou com ninguém do Governo Sócrates sobre os temas da Caixa. E diz que salvou a Sonae de um problema.

Mais notícias a reter esta manhã (faço em síntese, prometo):
Costa quer as secretas a espiar as comunicações de suspeitos. O problema é que Passos já o tinha tentado, mas a lei não passou no TC. Daí que o Governo tente limitar o âmbito a operações anti-terrorismo. Passará? - questiona o DN.
A reforma antecipada vai ser diferente consoante o tempo de trabalho. O Governo decidiu que os trabalhadores com 48 anos de descontos vão aceder à reforma sem qualquer penalização. A Raquel Martins explica, como sempre, muito bem a medida. E ainda nos deixou umas perguntas e respostas sobre o assunto.
A seguir vêm mexidas nas leis laborais. Para já, Viera da Silva fez 500 páginas com um ponto de situação (aqui e ali, com surpresas). As mudanças são para discutir a seguir.
Um caso estranho: o caso da lista VIP foi arquivado sem ouvir os dirigentes envolvidos. O Pedro Crisóstomo ainda está a tentar perceber porquê.
E outro inexplicável: nos Comandos, um oficial ignorou a recomendação médica para parar e continuou a prova fatal. O caso já tem 10 arguidos.
Uma experiência na Educação: vamos ter temas em vez de disciplinasmas só em algumas escolas no próximo ano.
Rapaz ou rapariga? O Conselho de Ética abriu a porta ao “terceiro género”A Ana Cristina Pereira explica.
Copos e mulheres? O sr Dijsselbloem tem o futuro mais incerto (para além de precisar de aulas sobre consumo de vinho - e já agora, umas de cidadania).
Assim como é incerto o futuro do Viaduto de Alcântara - aquele que está a dar cabo do trânsito em Lisboa.

Hoje na agenda
  • O governador do Banco de Portugal é ouvido no Parlamento, em duas audições relacionadas com o caso do Banco Espírito Santo e a sua resolução. É só a partir das 17h00 (e promete seguir noite dentro).
  • O Conselho Nacional do PSD reúne-se à noite, com o processo autárquico no partido quase concluído. Ao PÚBLICO e Renascença, o coordenador Carlos Carreiras diz que não vale tudo para ganhar, mas...
  • A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia entrega, na Assembleia, uma petição para exigir a atribuição do subsídio de risco aos polícias, reivindicado há mais de 25 anos.

Só mais um minuto  

... para ter três pretextos para sorrir:
Uma menina de três anos tirou o chapéu ao Papa. E o que é que aconteceu a seguir?
Um pai quis ajudar o filho a ultrapassar o bullying que sofreu na escola. E deu-nos uma lição sobre a diferença.
E se alguém estiver a trocar as voltas aos provérbios? Se estiver preparado para outra moral, é só entrar. 

Ia dizer que o deixo por aqui, mas não o faço sem lhe abrir outra porta, a do site do PÚBLICO. A nossa equipa está pronta a contar-lhe tudo o que se passa, com outros pretextos para sorrir aqui e ali. Não esqueça: seguir em frente.
Dia bom! Até já!

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