quarta-feira, 6 de setembro de 2017

OS NOVOS PAPEIS DA IMPRENSA ESCRITA

Tiago Simões, director de marketing do ContinenteA imprensa escrita é uma das indústrias onde o processo de transformação digital mais cedo foi identificado. Há décadas que percebemos que a digitalização dos suportes de distribuição dos conteúdos vai afectar, de forma profunda, a imprensa em papel.
O consumo dos conteúdos de imprensa nos suportes digitais, tal como se previa, explodiu e hoje é a forma mais usual de consumo desses conteúdos. Não faço ideia onde está a ler este texto: No telemóvel? No tablet? No PC? Na edição impressa? Via Facebook? Twitter? Impossível prever…, mas o que me interessa, na realidade, é que este texto e a minha opinião chegam ao leitor.
Isto porque, apesar de há muito sabermos que esta transformação iria ter lugar, e que o modelo tradicional de distribuição de conteúdos escritos estava ameaçado, a imprensa escrita em geral e as revistas em particular apresentam uma vantagem grande versus outras indústrias – na imprensa o core da actividade não muda. A razão porque os leitores lêem revistas, e porque as marcas escolhem as revistas para comunicar não muda – redacções credíveis, opiniões fundamentadas, conteúdos especializados, análises profundas, audiências segmentadas – todas estas características se mantêm intactas no mundo digital.
Assim, marcas como a Visão, a Sábado, a Lux, a Turbo, o Blitz, a Time 0ut etc…, continuam a ser muito relevantes para os leitores e para os anunciantes, independentemente da forma como chegam à sua audiência.
Esta mudança do papel para o digital implica também uma mudança no modelo de negócio que sustenta os títulos, e apresenta, tal como noutras indústrias, muitos riscos e incertezas. No entanto, apresenta também muitas oportunidades e é sustentável, como prova a existência de títulos reconhecidos de imprensa ‘digital native’ como o Huffington Post, o Business Insider e o Observador.
Mas, para além do contributo de sempre, a imprensa no mundo digital traz novas vantagens para os anunciantes. Dois exemplos – storytelling e confiança.
Hoje as marcas precisam de contar histórias. De chegar ao seu target de forma relevante, com conteúdo que tenha valor para o cliente – com emoção, com informação útil, com interesse -. Quem melhor que a imprensa escrita para apoiar neste processo, para ajudar a contar histórias, para integrar as marcas anunciantes em conteúdos com interesse para os leitores?
No mundo digital os investimentos em publicidade são vistos pelos anunciantes ainda com muitas dúvidas… É dominado por media gigantes que se auditam a si próprios (!) e pelo programático que, como sabemos, tem índices elevadíssimos e desconhecidos (!) de fraude. A imprensa escrita, e as suas ‘marcas de confiança’, podem proteger e dar garantias adicionais aos anunciantes no digital.
O mundo não pára, muda a uma velocidade cada vez maior. Todos nós, enquanto meios, anunciantes ou clientes, somos alvos dessa mudança… É muito difícil prever o futuro de todas as indústrias, mas sabemos que vai ser tudo muito diferente…
Tal como a música em vinyl ou em CD, os filmes em DVD ou Blu-ray, por muita nostalgia que nos provoque, a imprensa em papel está seriamente ameaçada enquanto solução de mass market. Mas o digital funciona e chega a ainda mais gente, tem outras vantagens e oportunidades e vai permitir-nos a todos fazer mais, melhor e diferente… Pelo menos enquanto os nossos clientes não consumirem exclusivamente conteúdo de youtubers ;-)
Por Tiago Simões, director de Marketing Continente
Por  a 6 de Setembro de 2017

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