terça-feira, 21 de novembro de 2017

Nutricionistas alertam: Portugueses estão a morrer devido aos erros na alimentação

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Bastonária diz que "Portugal não tem sabido utilizar" os seus recursos "a bem da alimentação dos portugueses".

A bastonária da Ordem dos Nutricionistas afirmou que o cenário alimentar em Portugal "é catastrófico" e que os seus efeitos estão a pôr em perigo a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde.
Para a bastonária Alexandra Bento, "Portugal não tem sabido utilizar" os seus recursos "a bem da alimentação dos portugueses".
"Nós temos uma prodigiosa tradição alimentar, a alimentação mediterrânica, temos profissionais de saúde de excelência", nomeadamente os nutricionistas, "mas temos um cenário alimentar que é catastrófico e que está a perigar a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde", afirmou Alexandra Bento, que falava à agência Lusa a propósito do primeiro congresso da Ordem dos Nutricionistas, que decorre na terça e na quarta-feira, em Lisboa.
A bastonária explicou que os portugueses estão a morrer devido aos erros na alimentação: "as doenças crónicas não transmissíveis são o cenário das doenças na atualidade, morremos de doenças cardiovasculares, morremos de diabetes, de cancro e todas elas muito relacionadas com os maus hábitos alimentares".
Alexandra Bento observou ainda que, apesar de nunca se ter ouvido tanto falar da importância da alimentação para a saúde, "crescem os mitos e os falsos conceitos à volta da alimentação saudável e equilibrada".
Por outro lado, apontou, estão acentuar-se as desigualdades sociais nesta matéria. "Quem tem mais escolaridade tem mais literacia alimentar e nutricional, alimenta-se melhor, logo tem melhor saúde". E, pelo contrário, quem tem "menor escolaridade, menor nível sociocultural e económico, tem mais dificuldade de organizar a sua alimentação, logo vai ter uma saúde mais penosa", disse.
Sobre o congresso, com o tema "Um Compromisso para a Saúde", a bastonária considerou que "é um grande momento" para os nutricionistas e para os profissionais de saúde.
"A alimentação é uma temática incontornável se queremos mais saúde no nosso país e por isso formatámos este congresso com temas que consideramos que são fortíssimos", abrindo com um "grande painel" sobre "políticas públicas de saúde na área da alimentação".
Dinheiro sobre o sal deve ser aplicado na saúde
Segundo a proposta de OE2018, o Governo quer criar um novo imposto de 0,80 euros por quilo sobre as bolachas, biscoitos, batatas fritas e desidratadas e flocos de cereais, quando estes alimentos tiverem mais de um grama de sal por cada 100 gramas de produto, mas o PCP já disse que ia votar contra, ao lado de PSD e do CDS-PP.
"Lamento que esta medida porventura não venha a ser aprovada na Assembleia da República", mas no caso de ser homologada "a verba arrecadada" com a nova taxa deve ser aplicada em "medidas de promoção de hábitos alimentares saudáveis", defendeu Alexandra Bento.
O Governo espera arrecadar com a taxa do sal 30 milhões de euros, uma verba que, segundo Alexandra Bento, teria "uma grande importância para um grande programa de promoção da saúde, para uma grande campanha de educação alimentar", que envolvesse nutricionistas.
"Não nos podemos esquecer que temos escassez de nutricionistas no Serviço Nacional de Saúde e que temos ausência de nutricionistas num palco importantíssimo que são as escolas", vincou.
Neste sentido - defendeu - não se deve perder "esta oportunidade de taxar alimentos" prejudiciais à saúde, que além de fazer decrescer o seu consumo, a verba angariada pode ser utilizada na promoção da saúde da população.
"Se de facto nós estamos a morrer dos maus hábitos alimentares é necessário criar medidas que sejam bem fundamentadas, que sejam estruturadas e que se saiba qual é o seu verdadeiro impacto", sublinhou.
Com congresso sem patrocinadores
O palco do evento é o Centro Cultural de Belém, onde são esperados mais de 500 participantes, entre especialistas nacionais e internacionais que irão debater questões como a moderna saúde pública, os conflitos entre a nutrição, a saúde e o setor alimentar, as atualidades em nutrição clínica, as reformas no SNS ou os caminhos da empregabilidade e a valorização da profissão de nutricionista.
O congresso não terá patrocínios, segundo a Ordem dos Nutricionistas, que pretende assim manter "a imparcialidade junto dos decisores políticos, dos organismos públicos e privados e da população em geral, dada a sua intervenção na definição de políticas na área da alimentação e nutrição".
"É óbvio que a colaboração entre nutricionistas e indústria leva a grandes progressos, tanto ao nível da inovação alimentar, como na promoção de uma melhor saúde. Mas é fundamental que esta relação esteja sempre patente e sujeita a total independência e isenção", sublinhou Alexandra Bento.
Fonte: Renascença

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