Quando
o leitor visitar o excelente Museu Nacional Machado de Castro, em
Coimbra, sugiro que esteja atento a um azulejo particularmente
enigmático.
Nele verá representada uma figura com um esquema e
umas letras como um “X” e um “Z”. Mas afinal o que
significam?
Para respondermos a esta pergunta temos de recuar ao
século XVII. Essa época ficou marcada na história da ciência
pelas observações de Galileu Galilei, as leis de Johannes Kepler e
as notáveis publicações do gigante Isaac Newton das quais se
destaca a obra “Princípios Matemáticos de Filosofia Natural”.
Publicado em 1687 é um livro que marcou a ciência . Nele se explica
com linguagem matemática leis universais do cosmos. Em Portugal os
jesuítas foram os principais responsáveis pelo ensino e divulgação
destes novos conceitos e instrumentos científicos, como o
telescópio. Ainda que, reconheçamos, tenham existido algumas forças
resistentes à mudança, muitos sacerdotes da Ordem fundada por S.
Inácio de Loyola desempenharam um papel central na ciência. E não
só em terras lusas mas por todo o globo, incluindo China e
Japão.
Voltemos ao nosso azulejo. Um olhar atento interpretará
as letras e esquemas representados como sendo a demonstração de um
dos teoremas de Euclides. De facto, este e outros azulejos
matemáticos estavam numa parede num colégio jesuítico em Coimbra.
Como sabemos, a fúria pombalina determinou o encerramento de todos
os locais de ensino e expulsão da Ordem. Felizmente chegaram até
nós esses exemplares equivalentes a um qualquer diapositivo
contemporâneo. Assim podemos observar como a matemática e a razão
resistem ao tempo e nos permitem descobrir o funcionamento das leis
que regem o universo.
Luís Monteiro (Médico)
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