sábado, 4 de abril de 2020

Google usa dados de localização para mostrar quem luta melhor no Brasil contra o COVID-19

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Por Natasha Romanzoti, em 3.04.2020

O Google está utilizando dados de localização recolhidos de smartphones para ajudar autoridades de saúde a entender como as pessoas estão se movimentando durante a pandemia global de COVID-19, ou seja, como elas estão se comportamento em resposta aos pedidos de isolamento, distanciamento físico e home-office.
Os relatórios, apelidados de “Community Mobility Reports”, mostram as tendências de movimentação em diversas categorias, incluindo varejo e recreação (o que abrange restaurantes, cafés, shopping centers, parques temáticos, museus, bibliotecas, cinemas e semelhantes); mercado e farmácia (incluindo mercearias, supermercados, armazéns, feiras, lojas de alimentos especializados e drogarias); parques (abrangendo praias públicas, marinas, parques para cães, praças e outros espaços públicos); estações de trânsito (pontos de metrô e estações de ônibus e trem); locais de trabalho (escritórios) e residências.
Qualquer um pode visualizar os dados, que abarcam 131 países. Em vários deles, é possível procurar por dados regionais, incluindo estados, províncias e condados.

Dados do Brasil

Para visualizar os relatórios, é só entrar neste link e escolher um país. Em seguida, o Google gera um PDF com os dados coletados. No momento, as informações só estão disponíveis em inglês. As mais recentes compreendem o período de 16 de fevereiro a 29 de março.
No caso do Brasil, os gráficos mostram que houve uma redução de 71% na mobilidade em varejo e recreação, 70% em parques, 62% em estações de trânsito, 35% em mercados e farmácias e 34% em locais de trabalho. Por outro lado, houve um aumento de mobilidade de 17% nas residências.
Alguns estados brasileiros parecem “ficar mais em casa” do que outros. Por exemplo, utilizando o índice de “varejo e recreação”, os maiores índices de redução de mobilidade pertencem à Santa Catarina (80%), Sergipe (78%) e Alagoas (77%), enquanto os menores pertencem ao Maranhão, Mato Grosso e Rondônia (63%) e Pará e Tocantins (61%). Regiões populosas com números grandes de casos ficam em algum lugar no meio: São Paulo e Rio de Janeiro (72%) e Minas Gerais (66%).
Você pode ver o PDF completo sobre o Brasil aqui.

Tecnologia a favor da saúde

Os relatórios utilizam dados de pessoas que optaram por armazenar seu histórico de localização com o Google para ajudar a ilustrar o grau em que estão seguindo as instruções do governo para ficar em casa.

Esse tipo de colaboração se tornou uma tendência entre empresas de tecnologia, uma vez que agências governamentais e autoridades de saúde têm solicitado que elas compartilhem cada vez mais dados para ajudar na resposta ao coronavírus.
Por exemplo, empresas de publicidade móvel estão compartilhando dados anônimos e agregados com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, além de governos estaduais e locais, para auxiliar na compreensão da propagação da doença, e o Facebook disponibilizou dados semelhantes para pesquisadores acadêmicos.
“À medida que as comunidades globais respondem à pandemia do COVID-19, tem havido uma ênfase crescente nas estratégias de saúde pública, como medidas de distanciamento social, para diminuir a taxa de transmissão”, disse o Google em seu blog. “No Google Maps, usamos dados agregados e anônimos, mostrando o quão cheios certos tipos de lugares estão – ajudando a identificar quando uma empresa local tende a ser a mais movimentada. Ouvimos das autoridades de saúde pública que esse mesmo tipo de dados poderia ser útil para tomar decisões críticas para combater o COVID-19”.

Como esses dados podem auxiliar as autoridades de saúde?

O Google informou que o programa “Community Mobility Reports” se destina a auxiliar as autoridades de saúde pública na priorização de suas respostas com base em áreas de maior necessidade.
Em outras palavras, os relatórios mostram se, em determinadas localidades, os parques permanecem lotados, ou se as estações de trânsito ainda possuem muito movimento, de forma que prefeituras, governos estaduais e federais possam direcionar suas mensagens para suas comunidades certas.
Dito isto, é provável que esse tipo de análise de mudança nos padrões de mobilidade tenha um valor limitado no gerenciamento da resposta à pandemia. Os países que tiveram mais sucesso no combate ao COVID-19 implementaram táticas mais agressivas, testando a população em massa, rastreando contatos e fazendo uso invasivo de dados de localização – por exemplo, no Taiwan, dados de localização foram utilizados para criar “cercas eletrônicas” em torno de cidadãos em quarentena, monitorando seus movimentos para garantir que permanecessem em casa.
Já os dados do Google não incluem informações pessoais, nem mostram o número de visitas a qualquer categoria.

O Google vai colaborar mais no futuro?

A empresa disse que considerou solicitações de autoridades de saúde pública para disponibilizar mais dados para rastreamento de contatos, incluindo a localização de um indivíduo para identificar quem possa ter entrado em contato com ele durante o tempo em que esteve infeccioso.
Infelizmente, os dados de localização do Google não são eficazes o suficiente para determinar quem está a menos de um metro e meio de uma pessoa, a distância atualmente considerada como risco de transmissão, além de poder conter erros.
A companhia deve atualizar seus relatórios no futuro, talvez incluindo dados de hospitais, o que ainda não fez porque é impossível separar o número de trabalhadores da saúde do número de pacientes e visitantes.
Separadamente, afirmou que colaboraria com os epidemiologistas para atualizar uma base de dados agregados e anônimos existente para prever o caminho da pandemia. 

hypescience

[The Verge]

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