quarta-feira, 7 de julho de 2021

Francisco Camacho e Sergi Fäustino no festival Citemor

Francisco Camacho, Diana Niepce e Sergi Fäustino são alguns dos artistas que participam na 43.ª edição do Citemor, que se reparte entre Coimbra e Montemor-o-Velho, de 22 de julho a 7 de agosto.

O festival, que conta com dez espetáculos, ainda é desenhado de forma "algo atípica" face às circunstâncias da pandemia, disse à agência Lusa Armando Valente, que dirige o Citemor juntamente com Vasco Neves.

Apesar disso, mantém-se o programa de residências artísticas, característica inerente ao festival que procura sempre "fomentar a criação e apoiar a produção de novas obras", afirmou, realçando, porém, que o Citemor, que esteve "quase uma legislatura" sem financiamento, ainda está numa fase de transição.

"Quase que ainda não recomeçámos a recuperação. Só em 2023 ou 2024 estaremos a iniciar uma recuperação consolidada, porque sabemos que este é um percurso lento, que não depende só de nós, mas queremos recuperar a capacidade de produção do festival", frisou.

O festival, que este ano pende mais para o território da dança, abre com "VelhAs", de Francisco Camacho, um espetáculo em que o coreógrafo e bailarino junta vários profissionais na casa dos 50 anos, desafiando "os cânones da dança ocidental aprisionada na ideia de juventude, pujança e superação físicas".

"Dar palco a uma idade habitualmente menos presente é também uma forma de reflexão sobre a história e a sua violência, que priva alguns sujeitos da sua existência plena, e apela a uma maior maturidade das comunidades", refere o festival Citemor.

Em 24 de julho, estreia-se no Castelo de Montemor-o-Velho a nova criação do artista catalão Sergi Fäustino, que já trabalhou com Martin Sonderkamp, La Fura dels Baus, Sol Picó ou Rosa Muñoz, num espetáculo que também aborda o corpo "como um arquivo vivo".

Pegando em duas bailarinas, Mercedes Recacha e Viviana Calvitti, que têm mais de 30 anos de experiência em palco, "30 Años de Éxitos" pretende refletir sobre "tudo o que pode transmitir um corpo em movimento, um corpo que acumula mais de três décadas a dançar".

Já o Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra, acolhe a 30 de julho o espetáculo "Anda, Diana", de Diana Niepce, em que a bailarina que ficou tetraplégica depois de uma queda retrata "a reconstrução do seu eu".

"Aqui, a deficiência, apesar de presente, não se posiciona no lugar de vítima do sistema. Antes, este corpo fora da norma posiciona-se como revolucionário", salienta o Citemor.

Por Montemor-o-Velho, vai também estar o coletivo Orquestina de Pigmeos, que continua o trabalho em torno do Mondego iniciado em 2019, explorando o movimento associado ao rio, desta feita com a colaboração do músico japonês Katsunori Nishimura, apresentando em 05 de agosto o resultado da residência artística.

O projeto estende-se para 2022, quando será apresentado o trabalho final da residência.

O Citemor acolhe também uma residência de escrita, com leituras públicas de excertos de textos em progresso, do projeto "LIVROs", em que vários autores trabalham na produção de peças inspiradas em episódios bíblicos.

O último espetáculo do festival será em 07 de agosto, com a estreia de "Outro Lado É Um Dia", de Carolina Campos e Márcia Lança, que depois estarão em residência.

De 5 a 7 de agosto, o festival exibe também a instalação de vídeo "Actus", da brasileira Kika Nicolela, numa parceria com a Loops.Expanded.

Pelo festival, passam ainda "Fecundação e Alívio neste chão irredutível onde com gozo me insurjo", de Hugo Calhim Cristovão e Joana Von Mayer Trindade, e "Yellow Puzzle Horse", da Dinis Machado, dois espetáculos que se apresentam em Coimbra, e "Arquivo Presente de Guimarães", de Rita Morais, no Castelo de Montemor-o-Velho.

Lusa

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