terça-feira, 8 de novembro de 2016

Passear por Albufeira num carro funerário vira animação turística

Numa noite de copos, Nelson Silva e José Gonçalves fizeram uma compra algo inusitada pela internet: uma carrinha funerária de 1990, de um "castanho tipo chocolate bolorento", que em breve descobririam não ir além dos 80 quilómetros por hora, descreve Nelson, com humor.
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Na manhã seguinte, os dois amigos, residentes em Albufeira, no Algarve, foram ao Alentejo buscar a sua aquisição, sem imaginar que em breve iriam pô-la ao serviço da comunidade numa vertente de animação turística. Desde maio que o velho carro fúnebre é usado para celebrar a vida, em festas de aniversário, despedidas de solteiro e mais.

A ideia surgiu quando Nelson, que se tinha divorciado, pensou ir dar uma volta na carrinha, para "celebrar". Hoje, a viatura circula pelas ruas de Albufeira despida de símbolos religiosos, que a ideia é divertir, e não ferir suscetibilidades. Mas conserva um caixão que é metade caixa de som, metade bar e, ao que se sabe, nunca foi usado para a sua função natural. Outras adaptações passaram pela inclusão de luzes e de um boneco da personagem Mr. T, da série "Esquadrão Classe A".
A intenção não é assustar, mas em regra os passeios no carro funerário adaptado são à noite, até porque Nelson e José têm empregos à margem desta brincadeira que se tornou séria. A sua fama é tal que foram contactados pelos primeiros donos da carrinha, que lhes ofereceram a maca original para transportar os defuntos, ao que sabem, nunca utilizada. Acharam graça ao projeto, tal como muitos amigos dos pais, embora também ouçam críticas. Certo é que tudo corre sobre rodas, e a maioria dos clientes até é de nacionalidade portuguesa.
Parar para comer bifanas
Cada serviço dura cerca de uma hora. Inclui viagem com bebidas e música e paragens em bares ou noutros locais do agrado dos passageiros - no máximo, seis de cada vez. "Até podemos parar para comer bifanas", diz Nelson.
Normalmente, os mentores da RipperTours, qual motoristas de limusina, vão buscar os clientes ao sítio combinado (a casa, a um restaurante...), puxam o caixão para fora e servem umas bebidas antes de começar o passeio. O programa é adaptado a cada cliente, sendo que a dupla admite a possibilidade de fazer serviços noutros pontos do Algarve, e até fora. Também acontece apanhar gente na rua, sem marcação (que pode ser feita através da página da RipperTours no Facebook).
Realizador a bordo
Uma cliente satisfeita é Alexandra Ribeiro, que procurou a RipperTours para fazer uma surpresa ao irmão, Luís Bruno Ribeiro, aniversariante com gosto por filmes de terror, ao ponto de ter como hobby a realização de curtas dentro do género. Desde miúdos que ambos gostavam de ver filmes de arrepiar, e já no aniversário anterior ela lhe oferecera um bolo com o cartaz do filme "A aldeia", realizado por ele e premiado.
No mês passado, Luís fez 42 anos e foi brindado com um passeio da RipperTours em que se faria "o enterro dos 41", com a irmã e amigos vestidos de viúvas e padre. (Na foto, Alexandra é a segunda a contar da esquerda, sem véu no rosto.)
A carrinha funerária surpreendeu-o à porta do restaurante onde fora jantar com a mulher e levou-o até perto de um cemitério, onde, por "brincadeira", foi convidado a enterrar uma pequena caixa, em forma de caixão, com um 41 dentro, lembra Alexandra, divertida. Depois, deram uma volta por Albufeira e seguiram para um bar onde os esperavam mais amigos. Não duvida: "Foi uma prenda diferente, que lhe vai ficar para sempre na memória."
JN
Foto: JN
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