Enquanto dormia...
Que mais pode pedir um Presidente recém-eleito, que há escassos meses não tinha currículo nem partido? O novíssimo partido de Emmanuel Macron, República Em Marcha, venceu ontem com facilidade a primeira volta das legislativas. No próximo domingo será a segunda volta e as projeções indicam que vai controlar mais de 70% (sim: se-ten-ta por cento) do parlamento. O El Mundo chama-lhe a "hiperpresidência".
Bem, na realidade, há mais uma ou duas coisas que Macron podia pedir, porque não correu tudo bem, como lembra o João de Almeida Dias: foram as eleições a nível nacional com maior abstenção na V República; e foi a percentagem mais baixa obtida por um Presidente numas legislativas logo depois de ser eleito.
Para o PS francês, foi uma desgraça - o partido teve 13,81% (a contar com as coligações) e arrisca-se a ficar com apenas entre 15 a 25 deputados. Além de França, há a Grécia, Espanha, Holanda, Reino Unido e Hungria. O que é que isto quer dizer? Acabou o mar de rosas socialista na Europa?
O Bloco de Esquerda não gostou nada das escolhas do Governo para a TAP (que incluem Miguel Frasquilho, do PSD, para presidente, e Diogo Lacerda Machado, amigo pessoal do primeiro-ministro, para a administração). Para Catarina Martins, o Governo tem de acabar com “velhos hábitos”, que "condizem muito mal com o novo ciclo político”.
O PSD também criticou a atuação do Governo na TAP com uma expressão forte: "pouca vergonha". E, na volta do correio, o ministro da pasta, Pedro Marques, aproveitou a expressão: "Pouca vergonha é Passos Coelho nunca ter explicado aos portugueses porque é que privatizou a TAP pela calada da noite e já com o seu Governo demitido".
Há três outros nomes da nova administração da TAP que foram conhecidos ontem à noite (a revelação foi feita da forma habitual - no espaço de comentário de Marques Mendes). Trata-se de Bernardo Trindade, ex-secretário de Estado do Turismo, Esmeralda Dourado, administradora da SAG, e António Gomes de Menezes, antigo presidente da companhia aérea açoriana Sata.
A ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, quer negociar com os juízes uma reposição salarial e a progressão na carreira. A garantia foi dada numa entrevista ao Negócios e a ministra aproveitou para reagir à ameaça de greve: "Não se começa uma negociação apontando para a bomba atómica".
O Túnel do Marão já reabriu parcialmente ao trânsito, para já apenas no sentido Vila Real-Amarante. A circulação ficara cortada no domingo na sequência de um fogo num autocarro de passageiros que ardeu no sentido Amarante-Vila Real.
Afinal, vai ou não? O The Guardian escreveu ontem que Donald Trump cancelou a sua visita ao Reino Unido por temer que houvesse grandes manifestações. Mas fontes da Casa Branca desmentem a notícia. Em breve devemos saber quem tem razão.
No futebol, a polémica continua, continua, continua. Pedro Guerra falou pela primeira vez sobre a troca de emails com o ex-árbitro Adão Mendes que levou a acusações de “esquema de corrupção de árbitros” para favorecimento do Benfica feitas pelo diretor de comunicação do FC Porto. A frase-chave é esta: "Sinceramente, não me lembro de ter trocado estes emails, não me lembro mesmo. Não digo que não existiu. Mas não me lembro".
Além das polémicas, há transferências: André Silva deve deixar o FC Porto para assinar pelo Milan. Valor: 40 milhões.
Rafael Nadal ganhou Roland Garros pela décima vez. É um recorde impressionante, que deixou o tenista sem grandes palavras: “O que consigo dizer é obrigado”.
Ronaldo foi pai outra vez (desta vez, de gémeos); e recorreu outra vez a uma barriga de aluguer nos Estados Unidos. Será que o jogador podia ter feito o mesmo em Portugal? A gestação de substituição foi aprovada em julho passado no Parlamento, mas ainda não há regulamentação. De qualquer forma, a resposta seria sempre "não". A Rita Tavares lembra a história dessa discussão em Portugal.
A nossa Opinião
Alexandre Homem Cristo escreve "A ilusão do poder": "A CGTP está no terreno para libertar o PCP do PS. Os olhos dos comentadores estão sobre o PSD, mas a longevidade do governo, sobretudo no pós-eleições autárquicas, será ditada por este braço-de-ferro".
Vasco Pulido Valente escreve "O Ocidente e o Islão": "Por mais fina que seja a rede de segurança alguém escapará. O mal deve ser cortado pela raiz: retirar, nem que seja por fases, toda a interferência no islão (militar, económica e política); rejeitar o multiculturalismo tão querido à 'inteligência' da esquerda; diminuir drasticamente a imigração; e por muito que doa à sra. Merkel, não aceitar nem mais um único refugiado".
Alberto Gonçalves escreve sobre "Cinco dias inúteis": "Há pessoas de quem não se espera nada. E há aquelas de quem se espera tudo. O prof. Marcelo pertence às duas categorias. Nos Açores, resolveu explicar o segredo da nossa felicidade, ele próprio".
Gonçalo Portocarrero de Almada escreve "Pio XII, o Papa dos judeus": "Durante a perseguição nazi contra os judeus, o Padre Joaquim Carreira, então reitor do Pontifício Colégio Português, em Roma, tudo fez para os defender, seguindo o exemplo do Papa Pio XII".
Os nossos Especiais
“Eu era um betinho de Lisboa, foi a JS que me obrigou a conhecer Portugal”. Numa longa entrevista de vida, o deputado do PS Sérgio Sousa Pinto fala sobre política, claro, mas também sobre desenho (que é o seu escape), sobre a amizade inesperada com Mário Soares e sobre se terá nascido tarde demais.
Notícias surpreendentes
Ariana Grande deu ontem o seu primeiro concerto em Lisboa - depois do cancelamento do ano passado e, principalmente, depois do atentado em Manchester. O Alexandre Borges esteve lá e deu três estrelas ao espectáculo: "A verdade é que Ariana está em Lisboa como poderia estar em Estocolmo ou em Buenos Aires. Debita tema atrás de tema, com a perfeição do inegável talento vocal com que a criação a brindou e a irrepreensibilidade científica de um laboratório".
No Porto, foram dias de muitos concertos. O Observador seguiu o Primavera ao detalhe e publicou aqui as críticas aos principais concertos.
O novo livro de José Eduardo Agualusa, "A Sociedade dos Sonhadores Involuntários" não merece mais do que duas estrelas do nosso crítico Carlos Maria Bobone: o romance até pode ser sólido, mas não significa que tenha algum peso.
A cerimónia dos Tony Awards, os "Óscares do Teatro", começou na passadeira vermelha. Houve vestidos longos e cintados e detalhes brilhantes e sóbrios. Confirme os detalhes aqui.
No último dia da Wine Summit, em Cascais, o crítico de vinhos do The New York Times, Eric Asimov, falou com a Ana Cristina Marques e deixou um conselho: "A melhor forma de nos informarmos sobre vinho é bebendo muito".
Um cemitério de cabines telefónicas? Outro de táxis? Outro de carros de bombeiros? Outro de tanques de guerra? Sim, existem. E ainda há um cemitério de âncoras, em Portugal.
Seja então bem-vindo a mais uma semana cheia. Com ou sem feriados, estamos aqui, como sempre.
Até já!
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