terça-feira, 1 de maio de 2018

A Noite do Trabalhador


Chicago: no dia 1 de Maio de 1886, milhares de trabalhadores saíram às ruas para protestar contra as condições de trabalho desumanas a que eram sujeitos e para exigir a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias. Nesse dia, manifestações, passeios, piquetes e discursos movimentaram a cidade. A repressão ao movimento foi dura: houve prisões, feridos e até mortos nos confrontos entre os operários e a polícia. E em memória dos mártires de Chicago e das suas reivindicações operárias e por tudo o que esse dia significou na luta dos trabalhadores pelos seus direitos, o que é que fez em 1889 um Congresso Socialista, realizado em Paris? Ao invés de criar algo em grande que enaltecesse e recordasse à grande e à francesa (seguindo precisamente os ideais da Revolução Francesa – ‘Liberté, Égalité e Fraternité’ e, acrescentaria eu: debocheté) os grandes obreiros dos direitos dos trabalhadores, tipo “Uma noite por ano inesquecível nos copos com os amigos a ver um show de ‘streptease’”… Não! O Congresso Socialista criou o Dia Mundial do Trabalhador com manifestações e mais manifestações por todo o mundo, onde temos que levar umas sandes de casa e isto se não quisermos passar fome a ouvir os discursos que os gajos do sindicato decoraram do Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels, antes mesmo de saberem ler e escrever.

Vejo, ano após ano, que são sempre os mesmos a comemorarem nas ruas e avenidas o Dia do Trabalhador e vejo também que são aqueles que mais assiduamente e entusiasticamente comemoram o Dia do Trabalhador que recebem os salários mais baixos e que continuam a ser os mais explorados a nível laboral. Ou seja, comemorar o Dia do Trabalhador dá azar! É caso para dizer que em 132 anos o que mudou apenas foi o facto de agora serem permitidas manifestações e desfiles avenida abaixo com cartazes e palavras de ordem exigindo melhores condições de trabalhado e melhores salários. Agora quanto à questão sobre o facto se essas exigências são ou não atendidas pelas supostas e aparentes democracias todas modernaças do século XXI, ditas progressistas, isso já é outra conversa.

Em Portugal tende a misturar-se o Dia do Trabalhador com as questões da Liberdade uma vez que a data do 25 de Abril lhe é tão próxima. Estou mesmo em crer que os grandiosos festejos do 1º de Maio de 1974 celebraram essencialmente a liberdade e não tanto o trabalhador. Afinal quem foram os anfitriões desses festejos? Mário Soares e Álvaro Cunhal, duas personalidades históricas que fizeram do 1º de Maio de 1974 uma espécie de segundo 25 de Abril em termos de direitos dos trabalhadores, criando assim uma espécie de pós-verdade: Mário Soares e Álvaro Cunhal, dois grandes trabalhadores! (ai que não consigo parar de rir!!!)

Aposto que nessa mesma noite, Soares e Cunhal, foram os dois para os copos comemorar o Dia do Trabalhador e devem ter pensado em uníssono: “E porque não criar também a Noite do Trabalhador?” Nisto virou-se Cunhal para Soares e disse-lhe “Já imaginaste? A reforma agrária aplicada aos clubes nocturnos? A VODKA A QUEM A BEBE! Lindo!”. “Desculpa, mas prefiro antes AS TETAS A QUEM AS APALPA!” – respondeu-lhe Soares.

De facto, não compreendo porque continua a noite a ser discriminada em termos de trabalho, em geral, e em termos de direitos laborais, em particular. Com efeito, se atentarmos bem, tendencialmente são os trabalhadores das profissões nocturnas que menos direitos possuem (embora algumas destas profissões o ponham bem direito): artistas, dominatrizes, barmans, prostitutas, operadores de call centers, gigolos, recepcionistas, strippers, dominadores, vampiros ao domicílio, entre outros ofícios nocturnos. Porque é que os sindicatos, que se dizem tão defensores do povo, dos trabalhadores e dos seus direitos laborais, nunca organizaram uma marcha em prol dos trabalhadores nocturnos? Estão com receio de quê? De apanhar um tau-tau no rabo? Ao fim e ao cabo, bem que mereciam um grande tau-tau, pelo esquecimento a quem têm condenado esta franja da população que trabalha desde que o Sol se põe até que ele nasce!

E, acreditem, uma marcha nocturna pelos direitos destes trabalhadores seria bem mais divertida e colorida do que as banais e corriqueiras marchas do 1º de Maio que por aí se fazem: imaginem o quão giro seria, por exemplo, ver o Arménio Carlos, da CGTP, a desfilar Avenida da Liberdade abaixo, agarrado a duas loiraças de mamas ao léu enquanto uma dominatriz lhe dava com uma chibata no rabo. Isso é que era defender os interesses dos trabalhadores: apanhar em nome dos operários e da classe trabalhadora, noite fora sem destino… ou melhor… com destino a um bordel, para inspecionar as condições de trabalho, pois claro!

E viva a Noite do Trabalhador!

Fonte:bomdia


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